O crescimento exponencial da Telessaúde, principalmente neste período de pandemia, trouxe enormes benefícios para pacientes, profissionais, serviços e sistemas de Saúde. E para discutir os avanços e limitações da área, na manhã da última quinta-feira (14), o webinar do Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina discutiu o tema com especialistas.
O evento foi moderado pelo coordenador do Programa de Educação em Telemedicina e Saúde Digital da APM, Jefferson Gomes Fernandes. “Neste webinar, trazemos conhecimentos e experiências na prática de Telessaúde para diferentes profissionais. É importante frisar que o crescimento exponencial nas diversas modalidades virtuais também tem trazido desafios de como cuidar dos nossos pacientes através de uma plataforma virtual”, destacou Fernandes.
Ainda de acordo com ele, é fundamental usar esses métodos de forma cautelosa, e para isso os profissionais precisam ser capacitados. “É esse o propósito do nosso encontro, mostrar o curso on-line oferecido pelo IESAPM, que aperfeiçoa os profissionais da Saúde.” Os palestrantes do webinar eram os professores do curso, que expuseram os avanços e limitações nas respectivas áreas. De forma unânime, defendem o uso de plataformas seguras e conhecimento legislativo brasileiro.
Telenfermagem
A enfermeira Paula Regina Tavares Vieira atua há 17 anos na profissão, sendo dez anos dedicados à Telessaúde, especificamente na área da Telenfermagem. Ela disse que na pandemia, o setor como um todo precisou se reinventar para o cuidado a distância. “Estamos ainda nos modernizando em termos de Legislação, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e os seus respectivos Conselhos Regionais (Corens) têm atuado bastante nesse sentido.”
Paula informa que o módulo Telessaúde na Enfermagem, do Curso Modular de Telessaúde (CMTS) do IESAPM, aborda a evolução histórica da área no atendimento a distância. “Há muitas plataformas para a área médica e suas especialidades, mas poucas ainda para outras áreas da Saúde, como Enfermagem e Nutrição. Somos carentes de plataformas que se adequam ao nosso processo de trabalho e a nossa sistematização fica um pouco a desejar nesse tipo de software.”
A palestrante, que é mestra em Enfermagem pela Universidade Federal de São Carlos, acrescenta que faz parte do trabalho do enfermeiro opinar sobre o desenvolvimento de softwares e hardwares que possam atender as necessidades pontuais para facilitar o atendimento do paciente. Além da teleconsulta, o enfermeiro pode atuar nas áreas de telemonitoramento e administrativo virtual.
No entanto, acrescenta a palestrante: “Não é qualquer profissional que se adapta ao contato virtual. É um perfil que deve ser levado em consideração. Perdemos muito o toque, uma discussão inclusive da classe médica. Mas, como enfermeira baseada nas experiências, tive de adaptar a forma de olhar para o paciente e como vou extrair informações dele. É uma nova forma de anamnese que podemos desenvolver”.
Como critério, o telenfermeiro também precisa conhecer a legislação. “Não podemos cair na lógica de prestar um atendimento virtual sem segurança, não é simplesmente uma conversa por vídeo. Temos de usar os softwares dos sistemas de Saúde homologados em plataformas seguras, resguardados pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), com assinaturas e registros eletrônicos.”
Para isso, reforça a especialista, os profissionais precisam estar preparados para essa forma de atendimento – que integra desde os recursos tecnológicos a boa postura, ética, estrutura e organização do ambiente de trabalho.
Telenutrição
No módulo Telessaúde na Nutrição do CMTS, a nutricionista Liliana Paula Bricarello conta que a aula oferece tudo o que o profissional precisa saber em termos de atendimento remoto, mostrando os benefícios, limitações, aplicações e possibilidades na Telenutrição. Também aborda as experiências internacionais em termos de aplicabilidade e publicações.
“Finalizamos o módulo trazendo sugestões de atendimento de sucesso, alguns desafios e perspectivas futuras, possibilidades em teleatendimento ambulatorial na saúde suplementar e pública, grupos de atendimento, oficinas culinárias, visitas guiadas nas casas dos pacientes e clientes, palestras e uso de aplicativos dentro da Telessaúde e Nutrição. Há um leque de possibilidades para se trabalhar, mas precisamos de profissionais capacitados para isso”, enfatiza.
Telefonoaudiologia
“Existe a Telefonaudiologia, teleatendimento, telemonitoramento, telessaúde, enfim, diversas formas de atuar. O nosso objetivo é orientar, sempre pautados nas leis, o que é viável ou não de se fazer dentro da nossa área”, diz a fonoaudióloga Patrícia Faro sobre o módulo Telessaúde na Fonoaudiologia do CMTS.
Além dos avanços, limitações e possibilidades de atuação abordados no curso, ela explica quais os valores de serviço podem ser cobrados nos segmentos remotos. Com relação à segurança de dados pessoais, acrescenta: “Não dá para sair atendendo sem os cuidados necessários, afinal de contas é a simulação de você atendendo em seu consultório físico. Da mesma forma, deve haver sigilo para que possamos resguardar todas as informações do nosso paciente”.
Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Em Telessaúde na Fisioterapia e Terapia Ocupacional do CMTS, o especialista Dângelo Alexandre explica que o módulo foi dividido em cinco partes, que explicam os conceitos, legislações/regulações (com destaque para a Resolução 516/2020), benefícios e limitações do Teleatendimento.
“Entendemos que o atendimento presencial é importante e insubstituível, e as ferramentas tecnológicas não suprem a proximidade e o contato físico. Para uma avaliação mais detalhada, é necessário o correto manejo e conduta clínica presencial. Entretanto, devemos ter ciência para informar nossos usuários (pacientes e profissionais) sobre os benefícios do atendimento remoto, que é uma alternativa para aumentar a acessibilidade e complementar os serviços. Ele é tão insubstituível quanto o presencial”, defende Alexandre.
Para mais informações sobre o curso, clique aqui.