A mais recente edição do webinar da Associação Paulista de Medicina – transmitido no dia 19 de junho, via YouTube – abordou o tema “Câncer e Doenças Infecciosas”. Antonio José Gonçalves, presidente da APM; Marianne Yumi Nakai, diretora Científica adjunta da instituição; e Márcia Rodrigues Garcia Tamosauskas, diretora Científica da Regional de São Bernardo do Campo foram os moderadores e, juntos, receberam o infectologista David Uip como palestrante.
“O tema é extremamente importante e cada vez mais está tomando corpo sobre o que é importante no tratamento do câncer, não só no diagnóstico”, disse o presidente da APM antes de apresentar o vasto currículo de Uip, que atualmente é reitor do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC e já atuou como secretário de Estado de Saúde de São Paulo.
O médico infectologista iniciou a apresentação relembrando que a pauta principal representa novidades importantes para o campo de vista da Ciência, relembrando que, atualmente, o câncer perde apenas para as doenças vasculares como as principais causas de mortes ao redor do mundo, algo que, para ele, será revertido em pouco tempo. Ele também evidenciou que a humanidade vive em um mundo completamente endêmico e que, ao conectar histórias, é possível identificar o nexo entre elas.
“Hoje, nós temos uma associação claríssima entre câncer e doenças infecciosas e há uma evidência muito importante disso. Estimamos que 18% dos casos de câncer se devam a agentes infecciosos e o que estou falando está comprovado cientificamente. A evolução depende do tempo que o microrganismo coloniza o hospedeiro e a propensão deste ao desenvolvimento do câncer. Cada um de nós temos um rótulo genético discutível que, associado ao comportamento e aos hábitos, se interliga à probabilidade maior ou menor de ter câncer”, explicou.
Casos
Segundo Uip, 26% dos diagnósticos de câncer poderiam ser evitáveis por meio de medidas de prevenção. “Isso se aplica fundamentalmente na área de doenças infecciosas, com as vacinas. Atitude, política e ações públicas podem evitar ¼ dos casos de câncer que conhecemos.”
O médico chamou a atenção para comportamentos ambientais, como por exemplo, o consumo de tabaco, responsável não apenas pelo câncer de pulmão, mas por uma série de outras doenças associadas ao uso do cigarro. No entanto, relembrou que também existem fatores genéticos, como câncer de mama, cólon, endométrio e ovário.
“Cada um de nós que exerce no dia a dia a prática clínica vê isso com frequência, a pessoa que vem e associamos o diagnóstico à hereditariedade. Nós evoluímos muito no perfil de diagnóstico genético, tanto do ponto de vista de prevenção até em termos de prevenção e de genética, de qualquer forma, existe essa associação”, manifestou.
Uip também reforçou a importância de serem feitas analogias a casos passados, já que isso contribui para possibilidade de prevenção por meio de um diagnóstico precoce. “Quando me refiro às doenças infecciosas, tema desta exposição, eu falo de doenças causadas por vírus, bactérias, parasitas e fungos. Temos situações indiscutíveis de agentes infecciosos versus o câncer de uma forma irredutível, totalmente provado.”
Para comprovar de que forma ocorrem tais manifestações, o infectologista expôs de que maneira se manifestam determinadas infecções, como o papilomavírus (HPV), vírus de hepatite B e C, vírus Epstein-Barr, herpes vírus humano tipo 8, células T humanas tipo 1, carcinoma de Merkel, câncer de próstata associado a infecções bacterianas, câncer colorretal e o próprio HIV. “Tem um mundo de investigação aí pela frente, o que é extremamente interessante”, concluiu.