Webinar APM debate a pandemia da obesidade

Na última quarta-feira, dia 5 de maio, o webinar da Associação Paulista de Medicina debateu o tema “Obesidade: uma pandemia sem fim?”, que contou com a presença de especialistas para debater o tema de extrema relevância

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Na última quarta-feira, dia 5 de maio, o webinar da Associação Paulista de Medicina debateu o tema “Obesidade: uma pandemia sem fim?”, que contou com a presença de especialistas para debater o tema de extrema relevância.

Para entender e debater o assunto, o webinar teve apresentação de José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, e Paulo Manuel Pêgo Fernandes e Álvaro Atallah, como mediadores. Carlos Vicente Serrano Jr., Diretor da Unidade Clínica de Aterosclerose do Instituto do Coração HCFMMUSP e Marco Aúrelio Santo, Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foram os palestrantes convidados do evento.

De acordo com pesquisas, parece haver uma relação entre a infecção pelo coronavírus e outra doença pandêmica, de alta relevância na maioria dos países: a obesidade. A doença atinge cerca de 600 milhões de adultos e 100 milhões de crianças ao redor do mundo, causando 4 milhões de mortes por ano.

“O tema é muito relevante, a obesidade é uma doença que aumenta há muito tempo no mundo ocidental, se falava muito do americano obeso, mas o fato é que no Brasil hoje a obesidade é uma epidemia. Temos milhões de pessoas obesas e muitas vezes elas não se dão a atenção necessária, a obesidade anda com várias outras doenças, a pandemia de covid-19 é um exemplo disso”, introduziu Fernandes.

Risco cardiovascular e obesidade

A obesidade é um fator de risco para vários problemas de saúde, além do acúmulo excessivo de gordura corporal, pode comprometer a qualidade de vida e desenvolver doenças como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, osteoartrite, apneia do sono, alguns tipos de câncer, entre outras.

Em sua apresentação, Carlos Serrano abordou os seguintes tópicos: dados epidemiológicos em relação à obesidade, fisiologia da aterosclerose, obesidade e risco cardiovascular residual, reversão da aterosclerose, obesidade e covid-19.

Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. No Brasil, essa doença crônica aumentou 67,8% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018.

“Tanto para mulheres quanto para homens a medida em que o IMC aumenta, os casos de diabetes, hipertensão e doença coronária também crescem, criando situações potencialmente fatais”, explica Serrano.

Dentre as consequências que a obesidade pode ocasionar, a aterosclerose é umas das complicações comuns. “Algumas medidas sociais para controlar a pandemia de covid- 19 têm efeito deletério sobre o estado emocional e pode acarretar piora da obesidade. O lockdown e o isolamento podem agravar situações financeiras e gerar stress crônico como consequência, trazendo assim, hábitos alimentares ruins para o cotidiano das pessoas”, destaca o especialista.

“Certamente a pandemia agravou a situação de obesidade, por tabela, temos aumento de riscos cardiovasculares, resistência à insulina, deposito ectópico de gordura e comorbidades relacionadas a doenças cardiovasculares”, completa.

O especialista ainda explica que a obesidade é um fator determinante (central) para o risco cardiovascular residual, excesso de peso é um biomarcador de desfechos graves na infecção por Covid-19 e o foco na prevenção precoce é essencial para atingir a carga de aterosclerose de nível populacional.

Obesidade e sobrepeso

A obesidade é definida como acúmulo de gordura corporal em tal proporção que possa comprometer a saúde, é uma doença grave, crônica-progressiva e multifatorial. No Brasil, já acomete um em cada cinco habitantes, sendo que mais da metade da população está acima do peso normal Com isso, as cirurgias bariátricas cresceram 84,73% entre 2011 e 2018.

Marco Aurélio trouxe uma série de pesquisas, avanços e tecnologias que levaram a especialidade a se tornar uma alternativa segura e eficiente não só contra a obesidade grave, mas também contra doenças agravadas pelo excesso de peso.

“O que chama atenção nos últimos anos, sem dúvida, é o aumento vertiginoso da obesidade infanto juvenil, isso realmente tem caráter muito importante, pois neste contexto, podemos definir a atual forma de prevenção”, afirma o especialista.

“Hoje, mais da metade da população do Brasil está acima do peso, e se falarmos em obesidade, mais de 20% da população se encaixa neste critério”, completa.

Obesidade mórbida, caracterização da gravidade de morbidez da obesidade, comorbidades, preparo pré-operatório, procedimentos cirúrgicos, melhores tipos de procedimentos, fatores de risco e complicações também foram temas debatidos pelo especialista.

O especialista explica que nos âmbitos psicossociais, a obesidade grave pode desencadear uma série de consequências, nos relacionamentos sociais, problemas profissionais e transtornos emocionais.

Ainda destaca que os princípios da indicação cirúrgica se baseiam em insucesso do tratamento, perda de peso insuficiente e não sustentada e comorbidades, diminuição das reservas clínicas da qualidade e expectativa de vida.

“Falando em resultados da cirurgia, situamos a ideia de sucesso e insucesso em várias vertentes: importância da perda de peso suficiente e sustentada, qualidade de vida, satisfação do paciente, controle das comorbidades e surgimento de novas doenças”, ressalta.

Ao final do evento, os palestrantes convidados responderam perguntas dos mediadores e dos participantes, conduzidas por Álvaro Atallah. O presidente da APM fez o encerramento da reunião divulgando o próximo webinar APM, que acontece na próxima quarta-feira (12), abordando o tema “apneia do sono: um mal subestimado?” às 19h30, no canal da APM no YouTube.