Para abordar experiências e cases em Telemedicina e Saúde Digital para o enfrentamento da Covid-19, no dia 18 de junho, a Associação Paulista de Medicina e o Transamerica Expo Center reuniram representantes de algumas empresas do segmento em mais um warm up on-line (evento de aquecimento ao Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020, que ocorre de 13 a 16 de outubro).
Na ocasião, o gerente médico de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Cordioli, apresentou as diversas ações adotadas pela instituição. O telemonitoramento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus e acompanhados via tratamento domiciliar no Pará, região Norte do Brasil, é uma delas.
“Ao recebermos uma lista dos casos, a enfermeira entra em contato telefônico para explicar o programa e diariamente segue o paciente com um questionário segmentado para avaliar o grau de risco. Em seguida, a videoconsulta médica diz se deve ou não haver um atendimento presencial”, explica Cordioli. O início do monitoramento aconteceu em 16 de abril, com a tentativa de contato de 4.757 pessoas. Destas, segundo o especialista, 57% receberam alta; 41% tiveram acompanhamento; e apenas 2% precisaram ser acompanhados presencialmente.
No estado de São Paulo, o Einstein realizou uma parceria semelhante com a Prodesp e a Secretaria de Saúde, para o desenvolvimento da Telepa Virtual. Os pacientes atendidos pelo SUS e diagnosticados com Covid-19 recebem um link para fazer a autoavaliação duas vezes ao dia por um aplicativo e, dependendo da resposta no app, são recomendados ou não à teleconsulta. “De 1º de abril a 11 de junho, o médico só foi acionado 142 vezes, em 30 cidades do estado; 62% conseguiram resolver o problema e 38% tiveram de ser encaminhados para o atendimento presencial”, informa o gerente médico.
A teleconsultoria no Hospital de Campanha do Pacaembu, com suporte especializado em Urgências e Emergências – com cardiologista e pneumologista remotos de plantão, orientando os profissionais no espaço -, foi outra parceira entre público e privado. “Também estamos desenvolvendo um trabalho científico sobre o monitoramento da fração da injeção e a condição cardíaca de ecocardiograma orientada a distância”, acrescenta Cordioli.
O projeto Tele-UTI, já desenvolvido pelo Einstein antes da crise sanitária, gerou 5.255 visitas remotas; neste ano, já foram 7.865, totalizando 13.120 atendimentos. Por último, o TeleSUS disponibiliza treinamento digital em Telemedicina para 20 mil médicos do programa de Saúde da Família.
Em iniciativa conjunta com o Ministério da Saúde, a plataforma com o nome de “Enfrentamento do Novo Coronavírus”, é uma interface que possibilita o agendamento de consultas por web; videoconferência; prescrições eletrônicas certificadas digitalmente; pesquisa de satisfação para médicos, enfermeiros, equipe multidisciplinar e paciente; e dashboard para controle do gestor em cada unidade básica de saúde (composto por métricas de atendimento atualizadas em tempo real).
“Isso é importante porque a Telemedicina coloca o paciente certo no lugar certo, fazendo o correto direcionamento dos recursos de Saúde, ou seja, só usa o atendimento médico físico quem realmente necessita. É uma forma de estarmos ao lado do nosso paciente, como, onde e quando ele quiser”, reitera o gerente.
Conexa Saúde
O médico e CEO da Conexa Saúde e fundador da Jaleko Acadêmicos, Guilherme Weigert, informa que a Conexa Saúde – plataforma integrada a uma clínica de Atenção Primária no Rio de Janeiro – permitiu que 95,5% das 24 mil teleconsultas realizadas de 13 de fevereiro a 26 de abril, fossem solucionadas no atendimento remoto e apenas 4,48% tivessem desfecho no pronto-socorro.
Três meses antes da Covid-19, foram registradas 1.968 teleconsultas, com 190 prescrições. No cenário de pandemia, em dois meses, chegou-se a 536.129 teleconsultas, com 182.927 prescrições.
De 11 a 17 de junho, conforme pontua Weigert, mais de 71,9% dos pacientes remotos receberam alta; 13,6% foram encaminhados a atendimento ambulatorial; 6,2% tiveram o tratamento interrompido, principalmente pelo paciente; 4,3% foram encaminhados ao pronto-socorro; e 4% fizeram follow up em Telemedicina. “Estamos vendo com muito bons olhos essa curva de adoção da Telemedicina. O paciente, principalmente, tem gostado muito”, avalia.
O empreendedor levanta algumas hipóteses pós-coronavírus, como a substituição dos atendimentos agudos por especialidades. “Mesmo com o cenário pandêmico crescente, observamos que, no início, 40% dos atendimentos eram urgentes. Hoje, 20% são destinados à Dermatologia, Psiquiatria, Cardiologia e Ortopedia”, exemplifica.
Docway Co
A Docway Co, com foco em inovação ao sistema de Saúde e aliado às novas tecnologias e ao resgate do atendimento humanizado, surgiu há cinco anos, para solucionar problemas hoje intensificados com o novo coronavírus. “Como a lotação de prontos-socorros e a falta de opções por recursos adequados, versus sinistralidades, perda da humanização, falta de acompanhamentos e gestão de crônicos, obstáculos de locomoção (atualmente em movimento contrário, afinal, as pessoas não podem sair de casa) e perda de comodidade e qualidade”, elenca o CEO e fundador da empresa, Fabio Tiepolo.
A partir de 2019, a empresa lançou a ferramenta de teleaudio, televideo e teletriagem, com as adequações da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Já percebíamos a conexão entre médico e paciente via vídeo com uma utilidade extremamente positiva. Só o fato de esclarecer dúvidas num ambiente muito mais tranquilo, sem nenhuma gravidade obviamente, o paciente já subentendia o cuidado correto a ser tomado. Grande parte do desperdício da Saúde hoje está muito mais por falta de conhecimento do assistido”, analisa Tiepolo.
Telefone, painel web, aplicativo Docway (com download gratuito), API – integração direta com os canais de relacionamento das empresas – são as experiências integradas oferecidas pela companhia, presente nas principais capitais brasileiras, em mais de 260 cidades. Médico em Casa e Médico na Tela – SulAmérica, Unimed Fesp contra o Coronavírus e Amil Médico da Família são alguns cases de parcerias. Houve 1 milhão de consultas; destas, segundo o CEO, 91% recomendariam o serviço para outras pessoas, nos canais de avaliação.
NexoData
Por fim, o diretor de Tecnologia da Informação da APM e presidente do Comitê Organizador do Global Summit, Antonio Carlos Endrigo, apresentou a plataforma tecnológica NexoData, ambiente no qual o médico pode prescrever medicamentos e solicitar exames, evitando erros como escrever nomes errados ou utilizar concentrações não existentes. E fez uma breve síntese das legislações relacionadas às prescrições eletrônicas atuais.
“Há uma medida provisória que permite a venda de medicamentos controlados, desde que a prescrição esteja assinada com o certificado digital. Entretanto, é muito amplo, a MP precisa especificar melhor”, conclui o CEO e fundador da NexoData.
Os seminários foram mediados pelo presidente do Conselho Curador do GS, Jefferson Gomes Fernandes.