A Espanha foi o tema da terceira edição do Programa Harmonização: Vinho & Comida, realizada na última quinta-feira (10), pela Associação Paulista de Medicina, em parceria com a Casa Flora. O projeto, iniciado em setembro deste ano, já teve encontros sobre vinhos argentinos e italianos. Outras duas edições – sobre bebidas do Chile e de Portugal – estão previstas para 2023, encerrando este primeiro ciclo (saiba mais e inscreva-se neste link).
A Espanha é o segundo país vinicultor mais antigo da Europa Ocidental e seus vinhos estão entre os mais modernos do mundo, iniciando pelos mais simples até os mais complexos e longevos. É também a terceira maior produtora e a sétima maior consumidora mundial, dispondo ainda de uma gastronomia rica e variada – muitos pratos típicos são feitos com frutos do mar e com o tradicional presunto serrano, o jámon.
Antes do início do jantar, preparado pelo chef Josemar Sant’Anna, os convidados passaram pela Pinacoteca e tiveram a oportunidade de conhecer algumas obras do acervo modernista da APM. Além disso, visitaram a exposição “Diálogo Construtivo”, em cartaz até o fim de novembro. O superintendente de Estratégia e Marketing da APM, Jorge Assumpção, representou a Diretoria e agradeceu a presença de todos. “Este é um evento configurado para aproximar as pessoas e estamos contentes com a iniciativa e a parceria com a Casa Flora.”
Há 13 anos nesse mercado, com passagens em diferentes vinícolas da Argentina, Chile, Espanha e Portugal, o sommelier da importadora Casa Flora, Renato Lutgens, explicou que os vinhos espanhóis começaram a ser feitos na Andaluzia entre 1100 e 500 a.C., inicialmente por mercadores fenícios e depois pelos gregos.
O primeiro vinho degustado foi o Don Román Demi-Sec, que acompanha muito bem pratos com frutos do mar, saladas, peixes leves, aves e culinária japonesa. Pata Negra Verdejo foi o segundo vinho da noite, apresentando aromas de frutas cítricas – combina com pescados, mariscos, sashimi, saladas e queijos moles. Para acompanhar o prato principal, foi servido o Pata Negra Reserva Tempranillo e, na sequência, foi a vez de experimentar o Cava Don Román Rosé Brut, com aromas de frutas vermelhas.
Segundo o sommelier, a Espanha é o país com a maior área de vinhedos do mundo, com aproximadamente 1,3 milhão de hectares. Conta com mais de 50 regiões vinícolas, como Rioja, Rias Baixas, Ribera del Duero, Penedes, Priorato e Jerez, entre outras, além de mais de 600 variedades de uvas nativas, 20 das quais são responsáveis por 80% da produção. “Os vinhos espanhóis são os mais robustos e elegantes”, acrescenta.
Variedades Brancas e Tintas
Airén – A uva mais plantada em todo o país. É muito resistente ao clima árido e às enfermidades. Dá um vinho simples, sobretudo, em Castilla-La Mancha.
Palomino – Principal uva de Jerez e Montilla-Morilles.
Pedro Ximénez (Jimenez) – Também conhecida como PX, é a uva de Jerez de la Frontera, onde produz os fortificados doces de Jerez.
Torrontés – Uva de Galícia, noroeste da Espanha. É atualmente uma especialidade na Argentina.
Viura – Faz vinhos brancos de paladar frutado. Tem capacidade para envelhecer em tonéis de carvalho.
Verdejo – Típica da região de Rueda, dá vinhos frutados, agradáveis e leves.
Macabeo, Xarel-lo e Parellada – Utilizadas na produção das cavas (espumantes nobres da Catalunha). Não produzem varietais.
Chardonnay e Sauvignon Blanc – Cultivadas em pequenas proporções.
Albariño – Originária da Galícia. Faz vinhos frescos de ótima acidez.
Tempranillo – Considerada a melhor uva tinta espanhola. Com ela, são elaborados os ótimos vinhos da Rioja e Ribera del Duero. Dá vinhos finos e aromáticos.
Garnacha – Também conhecida como Tinta Aragonesa, é utilizada nos vinhos Rioja e do Priorato, quase sempre em cortes com Tempranillo, Graciano e Mazuela.
Graciano – Entra em pequenas proporções em cortes de vinhos da Rioja, dando boa cor, acidez e classe aos vinhos.
Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Petit Verdot – Também são cultivadas.
Principais regiões vinícolas
Rueda – Atualmente, produz vinhos brancos elaborados com a uva Verdejo, frutados e ligeiros, além de Viúra e alguns com Sauvignon Blanc.
Penedès – Situada próximo de Barcelona e do mar Mediterrâneo, é a maior DO (Denominação de Origem) da Cataluña e uma das maiores regiões da Espanha. É também uma região que abriga as cidades de Vilafranca del Penedés e Sant Sadurni d´Anoya. Cerca de 60% é destinada à produção de cavas.
Marquês de Tomares – É uma empresa familiar que há três gerações se dedica ao cultivo e à produção de vinhos na região de Fuen Mayor na Rioja Alta. O pioneiro é o avô Román Montaña, que iniciou o seu trabalho em 1910. Nessa empresa, o avanço tecnológico está em perfeita harmonia com as tradições no cultivo das vinhas.
Castilla-La Mancha – É a maior DO da Espanha. Região quente e seca, com baixa pluviosidade. A maioria da produção é de vinhos simples, feitos com a uva Airén, mas começa a mostrar bons resultados em tintos. Alguns tintos estão sendo produzidos com a Tempranillo, conhecida como Cencibel.
Valdepeñas – Dedicada à produção de vinhos das principais denominações de origem espanholas, Pata Negra é uma das marcas do Grupo Garcia Carrión. Fundada em 1890, na cidade de Jumilla, na região de Múrcia, o objetivo inicial dessa empresa familiar era exportar para a França. Mais de um século depois, consolidou-se como uma das principais vinícolas não somente em seu país, com produtos distribuídos em cerca de 130 países em todo o mundo.
Texto: Alessandra Sales
Fotos: BBustos Fotografia