Em São Paulo, no início da década de 1990, 70% da população era considerada sedentária. A condição foi considerada um fator de risco pela Organização Mundial da Saúde em 1992 e, atualmente, o sedentarismo é a segunda principal causa de mortes, ficando atrás apenas da hipertensão.
“Ele mata mais do que diabetes, colesterol, tabagismo e obesidade. É um problema que invadiu as nossas famílias, tomou conta das nossas casas e a gente não se deu conta. Isso aconteceu porque a gente acha que não há diferença entre fazer ou não exercícios e é um fator que não sensibiliza as pessoas, por elas acharem que estar nesta situação é natural, que faz parte da vida, mas não é bem assim”, explicou o coordenador geral do Programa Agita São Paulo, Victor Matsudo, na tertúlia de outubro da Academia de Medicina de São Paulo.
O evento, realizado na última quarta-feira (9), na sede da Associação Paulista de Medicina, teve como tema central “Atividade física: Passaporte para a Saúde”. Matsudo salientou que grande parte da população não sabe o impacto geral que a atividade física traz ao corpo.
“Se um homem faz um pouco de atividade física, reduz em 34% o risco de infarto do miocárdio. Se faz regularmente, em 54%. Para as mulheres, reduz em 76% os riscos se praticarem um pouco de atividades físicas e 84% se fizerem regularmente. Não precisa fazer muito para obter tantos benefícios, é simplesmente começar a se mexer um pouquinho.”
Além disso, a prática de exercícios contribui para diminuir doenças respiratórias, isquemias cerebrais e reduz o risco de cerca de 13 tipos diferentes de câncer. De acordo com o especialista, a prática é também fundamental para reduzir riscos de doenças mentais, como Alzheimer (em 41%).
Victor Matsudo aponta ainda que outro fator de risco a ser considerado é o tempo que se gasta sentado: “Aqueles que passam a maior parte do tempo sentados têm uma sobrevida bem menor do que os que passam pouco tempo sentados, porque há aumento do triglicérides e da pressão arterial, o sangue não circula bem”.
De acordo com ele, o papel do médico é prescrever a atividade física e também a diminuição do tempo sentado. “Nós não queremos levar ninguém para a academia e não estamos falando para as pessoas dedicarem horas seguidas a exercícios. Queremos, simplesmente, que elas se convençam que vida ativa é vida mais feliz.”
Para isso, o coordenador do Agita São Paulo recomenda a prática de atividades prazerosas e efetivas – que as pessoas se sintam bem ao realizá-las e que suscitem efeitos positivos em seus corpos e mentes -, como dançar, pedalar e praticar algum esporte.
Sobre o Agita São Paulo
O Agita São Paulo realiza uma série de projetos que visam a promoção de uma vida mais saudável. De acordo com pesquisa do Banco Mundial, através do impacto da intervenção do projeto, são menos pessoas marcando consultas, usando remédios, internação hospitalar e sendo operadas.
Esse fator mostra que o Agita representa uma economia de US$ 310 milhões por ano ao setor de Saúde no estado de São Paulo.
No ambiente escolar, por exemplo, o Agita Galera alcançou 6 mil escolas do estado de São Paulo e permitiu observar que crianças da rede pública são 37% mais ativas que as de escolas privadas.
Além disso, em parceria com prefeituras, como a de Sorocaba, por exemplo, o Agita São Paulo contribui para a construção de ciclovias e pistas de corrida, auxiliando a população a adotar hábitos de vida sadios.
Texto: Julia Rohrer (Sob supervisão de Giovanna Rodrigues)
Fotos: Marina Bustos