Tertúlia Acadêmica recebe palestra de Giovanni Cerri

Na última quarta-feira (9), a Academia de Medicina de São Paulo (AMSP) e a Associação Paulista de Medicina (APM) debateram o tema “Papel do point of care na prática clínica” na Tertúlia Acadêmica

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Na última quarta-feira (9), a Academia de Medicina de São Paulo (AMSP) e a Associação Paulista de Medicina (APM) debateram o tema “Papel do point of care na prática clínica” na Tertúlia Acadêmica, que teve como palestrante Giovanni Guido Cerri, ex-secretário estadual da Saúde de São Paulo, professor livre docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, membro emérito e Conselheiro Científico da AMSP.

De acordo com ele, o point of care representa qualquer teste ou exame médico possível de ser realizado no próprio local e hora em que o paciente está sendo atendido. Os equipamentos para este atendimento são sistemas de fácil utilização para a realização de testes junto ao paciente. Atualmente, existe uma grande necessidade de apresentar resultados de testes com maior rapidez e alta precisão, especialmente em ambientes de cuidados críticos.

“É um tema muito atual, pois durante a pandemia vimos a importância do ultrassom point of care no atendimento de pacientes de terapia intensiva”, introduziu o palestrante. Segundo Cerri, o equipamento também revolucionou as condutas em situações de urgência e em alguns procedimentos de enfermaria. “Pode ser manuseado por médicos de diferentes especialidades, entre clínicos, cirurgiões e anestesistas. É um ultrassom focado, normalmente são aparelhos transportáveis que podem ir com muita facilidade à beira do leito ou próximo ao paciente que está na emergência.”

O especialista ainda ressaltou que se trata de um ultrassom direcionado a um determinado objetivo, que deve ser rápido, responder à pergunta do clínico: “Nas condições agudas graves, essa detecção à beira do leito é muitas vezes decisiva, já que pulmão, coração, órgãos abdominais e sistema vascular podem ser avaliados. Também é usado em outras especialidades para orientar em procedimentos invasivos como biopsias, acessos e drenagens, além de ajudar a monitorar o paciente”.

Para Giovanni Cerri, as vantagens do ultrassom point of care são as respostas imediatas ao clínico e definição da anatomia em tempo real, permitindo o diagnóstico imediato. “Todas essas funções implicam em aprendizagem e treinamento, é uma questão fundamental. Existe uma ampla disponibilidade de equipamentos no Brasil e no mundo. É o aparelho de imagem mais acessível, não usa radiação ionizante e pode ser manuseado em qualquer lugar, com custo menor que tomografia e ressonância magnética. É necessário que o operador tenha o treinamento mínimo e habilidade para conduzi-lo.”

Em casos de Covid-19, a capacidade de respiração e o pulmão do paciente ficam comprometidos, sendo necessária a realização do procedimento de intubação, muitas vezes em unidades de terapia intensiva (UTI). Nestes casos, o palestrante explicou que o ultrassom point of care foi fundamental, já que não era possível fazer exames mais detalhados devido à falta de mobilidade e agravamento do quadro do paciente.

“Nós utilizamos muito em pacientes diagnosticados com Covid-19, internados em terapia intensiva e muitas vezes com respirador. O controle do dia a dia era feito através do ultrassom, o que pode mostrar a consolidação pulmonar, exame conveniente para acompanhar a evolução do paciente, saber se o pulmão está tendo uma evolução ou se o quadro piorou”, descreveu o acadêmico.

Próximos passos

Finalizando a palestra, o especialista ainda explicou sobre o estudo, regulamentação da prática e suas vantagens no mundo da saúde digital, tendo em vista a necessidade da tecnologia e da telemedicina em meio à pandemia.

“É um mundo novo para a maior parte dos médicos formados antes dos anos 1990. A prática clínica do point of care se abre, é um universo cheio de detalhes e que nos mostra uma dinâmica absolutamente impensável há alguns anos. Imagino que uma das áreas que mais se beneficiará disso é a Telemedicina, pois permite que possamos realizar exames a distâncias ilimitadas”, ressaltou o presidente da APM e da AMSP, José Luiz Gomes do Amaral.

“A saúde digital será uma linha divisória entre a Medicina atual e a do futuro. Inclusive, temos a confiança de que possa impactar em redução de custos da Saúde, pois vimos nas últimas décadas a tecnologia aumentando o custo da Medicina e a tornando menos acessível e viável. A saúde digital pode melhorar o acesso, reduzir a desigualdade e ser um excelente recurso para treinar médicos e profissionais de Saúde a distância”, complementou o palestrante.

Cerri ainda respondeu perguntas dos participantes da Tertúlia em relação à introdução do ensino point of care para médicos conseguirem manusear os equipamentos de forma adequada, exames a distância, redução de custos e o uso desses equipamentos em hospitais e unidades básicas de saúde.

“A tecnologia nos surge à frente, precisamos conhecê-la o mais detalhadamente possível e construir formas de utilizá-la com segurança e propriedade. Se não buscarmos esse conhecimento e método de utilização seguro e eficaz, teremos um domínio incompleto, que é um convite ao desastre”, finalizou Amaral.