Tertúlia acadêmica aborda a história da Casa da Mão

A Casa da Mão, considerada um Centro Cirúrgico Ambulatorial Livre, foi fundada em maio de 1993. Para falar sobre essa trajetória e os serviços realizados no âmbito acadêmico e de atendimento social, na última quarta-feira (14)

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A Casa da Mão, considerada um Centro Cirúrgico Ambulatorial Livre, foi fundada em maio de 1993. Para falar sobre essa trajetória e os serviços realizados no âmbito acadêmico e de atendimento social, na última quarta-feira (14), foi realizada a edição de outubro da Tertúlia da Academia de Medicina de São Paulo, em conjunto com a Associação Paulista de Medicina. As apresentações foram conduzidas pelos acadêmicos Walter Wanna Albertoni e Flávio Faloppa, por meio da plataforma virtual Zoom.

“As especialidades se modificam a partir do desenvolvimento ou da convergência das áreas médicas. É óbvio que elas vão amadurecendo e ensejando novas possibilidades de ampliação de conhecimento”, fez a abertura José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM e da AMSP e moderador da Tertúlia.

O idealizador da Casa da Mão, Walter Manna Albertoni, traçou uma linha do tempo do surgimento da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão, que culminou mais tarde na especialidade médica, reconhecida em nível mundial. Em 17 de junho de 1959, foi inaugurada no Rio de Janeiro a SBCM, cujo primeiro presidente foi o médico Danilo Gonçalves.

“A cada dois anos, havia eleição para secretário da sociedade. Sempre passávamos a mala de documentos para o seguinte, porque não tínhamos um local fixo. Quando assumi o mandato, sugeri a minha clínica como sede da sociedade até o dia que tivéssemos um local próprio. Então, todos assumiram o compromisso de comprar um imóvel”, relembra Albertoni.

Em 1986, a sociedade adquiriu sua primeira sede na Vila Nova Conceição, perto do Hospital São Luiz. Em 2002, com mais recursos, conseguiu dois conjuntos mais estruturados, ao lado do Shopping Ibirapuera. Hoje, com 61 anos, a SBCM tem 791 sócios titulares, seis regionais, 35 serviços credenciados para treinamento de residentes e 39 congressos brasileiros realizados.

No exterior, a Federação Internacional de Sociedades de Cirurgia da Mão surgiu em 1966, sendo o Brasil, na época, um dos oito países signatários. Na década de 1990, o Brasil e a Argentina se reúnem para refundar a Federação Sulamericana de Cirurgia da Mão.

Especialidade

“Na Medicina, demorou para que a mão adquirisse maior importância, pois suas lesões não representam risco vital. As complicações de lesões dos tendões, nervos, musculocutânea, osteoarticulares e congênitas despertaram consciência da incapacidade que traz a disfunção da mão. Kanavel, Bunnell e Raul Tubiana foram pioneiros em arregimentar cirurgiões gerais, ortopedistas e cirurgiões plásticos, considerando a cirurgia da mão como uma unidade”, explica Albertoni.

No Brasil, em 1982, o Conselho Federal de Medicina reconheceu a Cirurgia da Mão como Especialidade Médica. O treinamento na especialização em serviços credenciados é de dois anos, tendo como pré-requisito a formação prévia em Ortopedia e Traumatologia ou Cirurgia Plástica. O título de especialista aos aprovados em concurso para Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão é conferido pela Associação Médica Brasileira.

“A especialização é o resultado legítimo de um avanço tecnológico permanente, com o acúmulo de informações de uma determinada área. São médicos que conhecem profundamente aspectos particulares do segmento, com alta capacitação técnica e científica. Todavia, devem sempre se manter atentos à Medicina geral, resultando em uma só unidade biológica, o ser humano”, acrescenta o pesquisador.

Segundo dados, a mão está envolvida em um terço dos traumatismos do aparelho locomotor. As suas sequelas por acidentes do trabalho respondem por 50% das invalidezes permanente. Diversas áreas da Medicina se inter-relacionam com a Cirurgia da Mão. São elas: Cirurgia Geral, Ortopedia e Traumatologia, Cirurgia Plástica, Neurologia, Cirurgia Vascular e Reumatologia.

Casa da Mão

Em 1938, surge a disciplina de Ortopedia na Escola Paulista de Medicina, ministrada pelos professores Domingos Define e Marino Lazzareschi. Em 1972, é fundado o Setor de Cirurgia da Mão, com Walter Manna Albertoni e Vilnei Mattioli Leite. E em 1991, surge o Departamento de Ortopedia, organizado pelo professor José Laredo, e a disciplina de Cirurgia da Mão e Membro superior, ministrada pelos professores Walter Albertoni, Vilnei Mattioli e Flávio Faloppa.

Já em 1993, foi fundada a Casa da Mão, idealizado por Walter Albertoni. “Quinze anos depois, conseguimos mostrar a necessidade de formar pessoal na área de Cirurgia da Mão.  Para tanto, construímos um prédio para a ampliar a infraestrutura, não só para realizar a parte assistencial, como promover um ensino acadêmico adequado para a formação de profissionais. Inauguramos o Instituto de Cirurgia da Mão Walter Albertoni, em reconhecimento ao trabalho do professor que desenvolveu a formação médica, ajudando politicamente a instituição. Hoje, sem dúvida, é considerada a maior da América Latina”, informa o chefe da Residência Médica em Cirurgia da Mão e Microcirurgia da Casa da Mão, Flavio Faloppa, apresentou os 27 anos de fundação da instituição.

De 2005 a 2020, mais de 1.700 alunos já passaram pela Casa. Na pós-graduação, contabiliza 72 teses de doutorado, 89 de mestrado e 10 ex-presidentes da sociedade foram titulados por ela. Na assistência, são mais de 42 mil cirurgias realizadas, sendo 1.500 por mês.

São oferecidos ensino de graduação na Escola Paulista de Medicina/Unifesp, residência médica em Cirurgia da Mão, curso de especialização em Ombro e Cotovelo, curso de Microcirurgia, especialização para Cirurgia Plástica, curso eletivo e atividades de extensão para profissionais de saúde e população em geral, com campanhas de prevenção de acidente no trabalho.

“A Casa da Mão também serve de modelo. Temos vários pedidos e realizamos apresentações em secretarias estaduais e municipais que se interessaram pelo projeto”, acrescenta o especialista.

“É uma satisfação a Academia de Medicina de São Paulo acolher na tarde de hoje um pouco da história desta ainda nova especialidade, que tanto tem feito pelo progresso da Medicina e da saúde de 42 mil brasileiros, é absolutamente impressionante. Para que uma grande obra seja feita, é necessário que alguém sonhe com ela. Walter Albertoni acreditou naquilo que sonhou e foi capaz de convencer as pessoas a sonharem com ele, conseguiu reunir pessoas notáveis em torno de si”, conclui Amaral.