Com o objetivo de estreitar laços e conhecer experiências em gestão hospitalar brasileira, a vice-ministra da Saúde de Moçambique, Luísa Panguene, e o diretor do Hospital Central de Maputo (HCM), Mouzinho Saíde, visitaram a sede da Associação Paulista de Medicina no dia 16 de novembro, sendo recepcionados pelo presidente da entidade, José Luiz Gomes do Amaral, e pelo coordenador do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), Milton Massayuki Osaki.
A reunião foi organizada pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), que esteve representada pelo diretor Chiaki Kobayashi. “Gostaríamos de agradecer a oportunidade de estarmos aqui e dizer que já tivemos algumas experiências anteriores, com o apoio da Jica, nesta triangulação entre Moçambique, Brasil e Japão. Tivemos um projeto similar de apoio e fortalecimento da comunidade pedagógica, que sob o nosso ponto de vista foi um sucesso”, afirmou Luísa Panguene.
A vice-ministra falou brevemente sobre as necessidades na área de recursos humanos de Saúde em Moçambique. Nessa perspectiva, o país busca abrir várias frentes para melhorias estruturais. A gestão hospitalar nas especialidades médicas é uma dessas necessidades. “Tive a oportunidade de falar com o coordenador da formação de saúde pública antes de vir para o Brasil e considerei um ponto de contato: temos de fazer com que o conhecimento de gestão agregue as sociedades de especialidades médicas. Queremos de fato ter a oportunidade de capacitar nossos colegas na área de gestão hospitalar, não somente gestão administrativa, mas, principalmente, clínica, dos serviços e departamentos”, enfatiza a gestora.
Programa CQH
O presidente da APM relembrou o apoio da entidade ao Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar desde o seu surgimento, em 1991. Haino Burmester, um dos idealizadores do CQH, esteve à frente da coordenação do programa por 27 anos. Ele foi transformador e inovador ao propor a melhoria da qualidade dos serviços de Saúde, com enfoque educativo, no princípio ético e no voluntariado, seus valores fundamentais.
Amaral também compartilhou a experiência profissional que teve em 2010, no Haiti, após o terremoto catastrófico com seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 quilômetros da capital haitiana, Porto Príncipe. “Logo de início, percebi que para ter efetividade em termos de segurança na atenção à Saúde, era fundamental conhecer a cultura local. Fomos bem recebidos e conseguimos trabalhar bem.”
Ele ainda sugeriu aos representantes de Moçambique a integração em grupo de cooperação para desastre. “Estamos muito focados em problemas pontuais, e não em projetos de enfrentamento de desastres na Saúde. Alguns países se motivaram para cooperar, como Israel e Japão”, reitera o presidente da APM, ao exemplificar também o terremoto, tsunami e acidente nuclear ocorridos em Fukushima, em 2011, e a própria crise sanitária mundial de Covid-19.
A vice-ministra da Saúde de Moçambique e o Panguene e o diretor do Hospital Central de Maputo vão permanecer em São Paulo até 25 de novembro. O cronograma de atividades prevê visita à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, ao Instituto do Coração (Incor), ao Instituto de Radiologia (Inrad), ao Instituto da Criança (ICr), ao Centro Formador de Pessoal para a Saúde (Cefor), ao NGA Várzea do Carmo, ao Hospital Santa Cruz, ao Hospital Infantil Darcy Vargas, ao Conjunto Hospitalar do Mandaqui, ao Instituto Butantan, à Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, ao Hospital da Força Aérea de São Paulo e à Jica Brasil.