A Academia de Medicina de São Paulo realizou, na última quinta-feira, 9 de novembro, cerimônia de posse de seus novos acadêmicos. O evento, que foi realizado no auditório da Associação Paulista de Medicina, empossou membros titulares e honorários, além de receber o arquiteto Luiz Pereira Barreto, tataraneto do fundador, de mesmo nome, da Academia.
Para o presidente da AMSP, Helio Begliomini, o momento de posse corresponde a um dos mais marcantes da instituição. “É quando os membros mais antigos trazem ao recinto os membros mais novos que foram eleitos.”
O presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, que é acadêmico e ex-presidente da AMSP, destacou a relevância da cerimônia. “É uma satisfação estar compartilhando convosco um momento interessantíssimo da vida da Medicina paulista, a satisfação de ver a evolução da Academia e de conhecer o tataraneto do nosso fundador. Nós temos muitas razões para celebrar.”
Antonio José Gonçalves, presidente eleito da APM e secretário geral da Associação Médica Brasileira, também compareceu à solenidade, salientando que, para ele, é uma honra contar com a sede da Academia no prédio da APM. “A nossa gestão é de continuidade ao trabalho do José Luiz, então vamos manter essa parceria com a Academia. Vocês são e continuarão sendo muito bem-vindos durante a minha gestão para que possamos crescer juntos e fazer bem pela Saúde, pelos médicos e pelos acadêmicos.”
Luiz Pereira Barreto, tataraneto do fundador da AMSP, fomentou que a existência da Academia é um estímulo à lembrança da ancestralidade. “É muito reconfortante saber que ainda se valoriza a nossa história e que o meu ilustre antepassado é ainda lembrado. Luiz Pereira Barreto é um homem que merece residir na memória bandeirante. Em meu nome e da minha família, agradeço por reconhecerem o legado que o meu tataravô deixou na comunidade médica e na vida daqueles que ele tocou. Que este gesto da Academia de Medicina inspire futuras gerações a seguirem o caminho da excelência e da humanidade na Medicina.”
Membros Titulares
Edmund Chada Baracat foi o responsável pela apresentação dos currículos dos recipiendários e o primeiro empossamento foi iniciado por Gaspar de Jesus Lopes Filho, segundo ocupante da cadeira nº 14, que tem Victor Spina como patrono. Lopes agradeceu aos colegas que o indicaram para a vaga e aos membros que avaliaram a sua história, concordando com que ele pudesse, assim, compartilhar um convívio tão estimulante como o que é realizado nas dependências da Academia. “Esta cerimônia mexe muito com os meus sentimentos. Posso prometer apenas tentar honrar e dignificar a cadeira de número 14.”
Em seguida, Carlos Alberto Longui foi quem recebeu as condecorações, passando a ser o quarto ocupante da cadeira nº 37, que conta com Manoel Dias de Abreu como patrono. Longui relembrou a trajetória profissional de Abreu, que entrou na faculdade de Medicina com apenas 15 anos e chegou a receber cinco indicações ao prêmio Nobel, além de recordar a atuação dos demais ocupantes da cadeira, Jair Xavier Guimarães, Jacques Crespin e Luis Garcia Alonso. “Tendo como predecessores notáveis médicos e professores, é uma honra participar das tradições e do convívio de seus eminentes acadêmicos. Compreendo a responsabilidade que eu assumo neste momento e me comprometo a dignificar esta Academia com respeito, trabalho e dedicação.”
Na sequência, Ricardo Luiz Smith tomou posse. Segundo ocupante da cadeira de número 42, tem Renato Locchi como patrono. “Tenho o privilégio de ter convivido há 60 anos com o patrono desta cadeira, Renato Locchi, e o seu primeiro ocupante, José Carlos Prates, meus professores de Anatomia ao adentrar o curso médico na Escola Paulista de Medicina, em 1963. No sentido de estarem aqui presentes hoje e nos registros, confere aos acadêmicos a condição de imortalidade. Os professores, na sua grandeza, aliada à humildade, simplicidade e sabedoria, promoveram marcas em todos que os conheceram. Eles contribuíram para a valorização da Medicina, tanto como educadores quanto como cientistas.”
Por sua vez, a cadeira de número 68, que tem Osório Thaumaturgo César como patrono, passou a ser ocupada pelo acadêmico empossado Bruno Zilberstein. De acordo com o novo membro, os seus objetivos se dividem entre honrar e dignificar a memória do patrono e do antecessor, Vladimir Bernik, dedicando todo o seu esforço ao engrandecimento da Medicina, ajudando em todos os sentidos os pacientes, que são o maior foco da atuação médica. “A Academia foi e é fruto da evolução histórica da dedicação de um punhado de médicos visionários e determinados, tendo como uma de suas prerrogativas a genealogia de seus membros e a perpetuação de sua memória.”
Finalizando a apresentação dos titulares, o médico Elias David Neto tomou posse na cadeira de número 82, trazendo Eurico da Silva Bastos como patrono. Neto relembrou que sua vida é repleta de coincidências e a ocupação da cadeira em questão é uma delas, uma vez que iniciou a sua vida científica ao lado do primeiro ocupante, Nelson Fontana Margarido. “Creio ser um sonho de qualquer médico que se dedique à vida acadêmica pertencer a esta Academia, conviver e sofrer a influência de suas mentes privilegiadas. Ser membro deste sodalício não pode ser uma meta da vida acadêmica, mas pode sempre ser um sonho.”
Eméritos e honorários
Na cerimônia, foram reconhecidos quatro membros titulares que galgaram a posição de membros eméritos. De acordo com o estatuto da Academia, para se tornar emérito, é preciso ser eleito como titular, primeiramente, ocupando por, no mínimo, 20 anos esta posição na entidade. Foram eles, Adil Muhib Samara (Cadeira 91, patrono Plínio Freire de Mattos Barretto); Caio Roberto Chimenti Auriemo (Cadeira 56, patrono Emílio Marcondes Ribas); Cid Célio Jayme Carvalhaes (Cadeia 85, patrono Paulino Watt Longo); e Marcos Túlio Martino Menicomi (Cadeira 95, patrono Antônio Caetano de Campos).
Jurandir Marcondes Ribas Filho, presidente da Academia Paranaense de Medicina e 2º vice-presidente da Associação Médica Brasileira, e William Eduardo Nogueira Soares, presidente da Academia Sergipana de Medicina, foram empossados como membros honorários da AMSP. O reconhecimento se dá por conta de sua forte atuação em prol da Medicina nacional.
“Ao receber esta significativa honraria, gostaria de manifestar a cada um dos presentes a minha grande emoção e dizer que eu a faço com muita humildade. Estou ao lado dos ilustres membros desta Academia, pessoas de invejável perfil humano e profissional, o que me faz pensar na responsabilidade de tal distinção. À luz de exemplos tão edificantes de confrades e confreiras, pretendo fazer jus a esta distinção e me colocar nesta Academia ainda mais a serviço da pessoa humana”, disse Ribas durante seu agradecimento.
Emocionado, Soares, que é sergipano de nascença, complementou o discurso, relembrando que considera São Paulo como um lar. “Carreguei comigo o ensinamento de grandes mestres. Aqui estou neste sagrado templo da Medicina paulista a receber uma honraria imensurável, tornar-me membro da Academia de Medicina de São Paulo, para a qual eu entro com muita alegria e esperança”.
Texto: Julia Rohrer
Fotos: Alexandre Diniz