Panorama dos acidentes causados por escorpiões no Brasil em dez anos

De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, os escorpiões são os animais que mais geram registros de envenenamento no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) desde 2004. Nos últimos 10 anos, houve aumento de 149,3% nas notificações de acidentes por escorpiões

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De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, os escorpiões são os animais que mais geram registros de envenenamento no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) desde 2004. Nos últimos 10 anos, houve aumento de 149,3% nas notificações de acidentes por escorpiões.

Em 2021, o escorpionismo – nome que se dá para os casos de envenenamento por picada de escorpiões – foi responsável por 62,2% do total de notificações de acidentes por animais peçonhentos, o que correspondeu a 159.934 registros.

Mais de 80% das notificações de escorpionismo concentraram-se nas Regiões Nordeste e Sudeste neste mesmo ano. A taxa de incidência no Brasil foi de 74,97/100.000 habitantes. Entre os estados, as maiores taxas foram observadas em Alagoas, com 331,53/100.000 habitantes; Pernambuco, com 156,95/100.000 habitantes; e Minas Gerais, com 156,82/100.000 habitantes.

Bahia, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Espírito Santo e Ceará foram os estados que mais notificaram acidentes. E Maceió, Fortaleza e João Pessoa se destacaram entre as capitais.

Em relação aos óbitos, foram notificados 133 por escorpionismo em 2021. A Região Nordeste notificou mais, seguida do Sudeste.

A gravidade da picada de escorpiões depende da espécie envolvida, do seu tamanho, da idade, da nutrição, das condições climáticas do habitat, da quantidade de peçonha injetada e do atraso na busca por tratamento.

A maioria dos acidentes causa dor, parestesia (formigamento) e sudorese local. Nos casos mais graves, mais comuns em crianças e idosos, a peçonha do escorpião pode causar efeitos sistêmicos, como náuseas, taquicardia, bradicardia, hipertensão e hipotensão.

Acidentes escorpiônicos costumam ocorrer com maior frequência à noite, durante o verão e no interior das residências.


Espécies

Os escorpiões são invertebrados pertencentes ao Filo Arthropoda (Sub-Filo Chelicerata), Classe Arachnida e Ordem Scorpiones. Há em torno de 2.200 espécies descritas, até o momento, das quais menos de 50 possuem peçonha capaz de matar um ser humano.

No Brasil, são quatro espécies de importância em saúde pública, todas do gênero Tityus6:

  • T. serrulatus (escorpião-amarelo): com ampla distribuição em todas as macrorregiões do País (na Região Norte, apenas no Tocantins). Representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no País, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao meio urbano;
  • T. bahiensis (escorpião-marrom): encontrado na Bahia e nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil;
  • T. stigmurus (escorpião-amarelo-do-nordeste): espécie mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina;
  • T. obscurus (escorpião-preto-da-amazônia): encontrado na Região Norte e no Mato Grosso.