Palestra do GS APM destaca o desafio médico na interoperabilidade da Saúde Digital

O palestrante afirmou que as pessoas ainda têm um conhecimento superficial sobre o significado de interoperabilidade

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Na última terça-feira, 21 de novembro, o tópico “O desafio médico na interoperabilidade da Saúde Digital” foi explorado no segundo dia do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM 2023 – evento promovido pela Associação Paulista de Medicina entre os dias 20 e 22 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca.

Para analisar e explicar o assunto, foi convidado o CEO da Tuinda Care, Fábio Mattoso, em apresentação moderada pelo diretor eleito de Tecnologia de Informação da APM, Julio Barbosa Pereira. Ao iniciar a conferência, o palestrante afirmou que as pessoas ainda têm um conhecimento superficial sobre o significado de interoperabilidade, sendo necessários cuidados ao tratar do tema.

De acordo com ele, o termo se refere à capacidade de um produto ou sistema trabalhar com outro sem ações específicas, ou seja, os sistemas mantêm conexões entre si, mas não necessariamente têm controle sobre o outro. “A interoperabilidade das informações clínicas é atualmente um dos pilares pelos quais a continuidade dos cuidados deve estar baseada. Não há um único tipo ou aspecto de interoperabilidade, pois ela deve estar presente em diversos âmbitos do processo clínico. E quando me refiro a clínico, quero dizer técnicos, semânticos e organizacionais. A semântica, por exemplo, está se mostrando mais difícil de ser implementada em ambientes clínicos do que em outros”, salientou Mattoso.

Conforme explicou, existem alguns pontos que sustentam a interoperabilidade, como as informações clínicas, as estratégias, a criação de arquétipos, a terminologia clínica, a padronização de processos, a interoperabilidade organizacional (apoiada pela norma ISO 13.940) e a norma ISO 13.606 (baseada em um sistema de registro eletrônico de Saúde).

As novas tecnologias trazem como proposta a mudança na estratégia e padronização deste campo, com foco em um modelo duplo para lidar separadamente com a informação e o conhecimento. Segundo o palestrante, neste caso, a informação se refere a fatos ou opiniões recolhidas ou referidas a entidades específicas; já o conhecimento são fatos acumulados ao longo do tempo, que são verídicos para todas as instâncias de entidades de domínio.

Problemas e soluções

“Quando surgiu a necessidade [de interoperabilidade], os sistemas de gestão das organizações de Saúde não estavam preparados para lidar com isso. Neste sentido, as organizações funcionavam como ‘bonecas russas’, contendo outros grupos de menor nível e estando, por sua vez, contidas em organizações maiores. Mas, cada contexto e complexidade podem impor uma estratégia de comunicação específica dentro de seu campo de definição”, explicou o CEO.

Partindo do âmbito das organizações para a complexidade do campo de Saúde, o palestrante salientou que há dois aspectos que dificultam a interoperabilidade: a grande quantidade de termos de definição e a velocidade com que eles mudam. Além disso, ele afirmou que faltam informações formalizadas sobre o assunto, pois cada profissional registra de acordo com as suas próprias experiências, o que dificulta o compartilhamento desses dados.

“A codificação é o primeiro passo; com a transmissão desses códigos, o receptor pode ter uma ideia do assunto da nota, entretanto, para que as informações sejam totalmente interpretáveis, é necessário conhecer uma série de dados que dependem do conceito específico em questão. Caso o profissional não possua tal embasamento científico, é evidente a necessidade de mudança de estratégia”, orientou.

Segundo Fábio Mattoso, outras ações efetivas para ultrapassar as barreiras impostas pelo modo de operar incluem desenvolver um conjunto de termos próprios do exercício da Medicina, esses, por sua vez, estruturados e normalizados. Para além disso, são relevantes as terminologias controladas: normalizar o significado das variáveis e fornecer ajuda eficaz para representar informações.

“Para finalizar, gostaria de destacar os objetivos mais importantes do sistema interoperante, que são: melhoria do acesso à informação para cada paciente, presente atendimento para a recuperação seletiva das informações e avaliação da otimização da prevenção e promoção da Saúde”, concluiu.

Confira os principais destaques do segundo dia do GS APM 2023 neste link e as fotos aqui

Texto: Ryan Felix (sob supervisão de Giovanna Rodrigues) 
Fotos: Marcos Mesquita Fotografia