Oeste Paulista: Planos de saúde criam problemas graves para assistência aos pacientes 

Pressão para reduzir solicitação de exames imprescindíveis para o diagnóstico de doenças, para evitar internações e o não pagamento de exames laboratoriais ou de imagem, remédios e outros serviços essenciais, as chamas glosas, são queixas comuns dos médicos

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Pressão para reduzir solicitação de exames imprescindíveis para o diagnóstico de doenças, para evitar internações e o não pagamento de exames laboratoriais ou de imagem, remédios e outros serviços essenciais, as chamas glosas, são queixas comuns dos médicos

A grande maioria dos médicos de São José do Rio Preto e Região não dispõe de autonomia profissional para a prática da melhor Medicina, por pressões das empresas de planos de saúde. São abusos que interferem na assistência, comprometendo a qualidade da assistência e serviços à população.

Isso é o que revela pesquisa com os médicos de Rio Preto e Região realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM). Os resultados foram apresentados na manhã desta quarta-feira, 18 de agosto, por Leandro Freitas Colturato, presidente da APM – São José do Rio Preto, e Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da APM Estadual.

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A amostragem do levantamento da APM é bastante expressiva. Dos cerca de 2.500 médicos da cidade e microrregião, 354 responderam, o que representa 14% do total de profissionais.

Mais da metade dos médicos (53,39%) afirma que enfrenta restrição por parte dos planos de saúde à solicitação de exames, imprescindíveis para o diagnóstico de doenças de seus pacientes. E 63% dos profissionais relatam conviver com a chamada “glosa médica”, ou seja, a operadora nega-se a pagar atendimento, internação, exame laboratorial ou de imagem, remédios e outros serviços essenciais já realizados no paciente.

A pesquisa constatou também uma grave afronta à ética: 29% dos médicos sofreram interferência em sua conduta profissional por parte dos planos de saúde. Dificuldades para internar os pacientes e ameaças de descredenciamento são outros problemas relatados pelos participantes do levantamento.

As condições para o exercício pleno da Medicina, com ética, eficiência e resolutividade, são precárias nas operadoras de saúde da região. Para 30% dos 354 médicos, nenhuma das empresas oferece condições para que oferecerem Medicina de qualidade à população.

“A pesquisa evidencia os grandes obstáculos que as operadoras impõem aos médicos para que possamos oferecer aos nossos pacientes as melhores possibilidades clínicas e terapêuticas. Muitas vezes, quadros clínicos simples podem ser agravados e até vidas perdidas pela não utilização de recursos necessários e disponíveis, vetados em nome de cortes em ‘despesas’ e de mais lucro”, afirma Leandro Colturato.

As operadoras de saúde de São José do Rio Preto atendem mais de 450 mil usuários da cidade e da região. Marun Cury, no entanto, destaca que o cenário revelado nesta pesquisa se reproduz por todo o País. “Com este levantamento, a Associação Paulista de Medicina quer, mais uma vez, chamar a atenção da sociedade para o descaso com que as empresas de saúde suplementar tratam o médico, com graves prejuízos à saúde da população.” 

Os planos de saúde médico-hospitalares registraram, entre abril de 2020 e abril de 2021, um incremento de 1 milhão de usuários no País, aumento de 2,2% no período. Com esse crescimento, o Brasil possui 48,1 milhões de usuários. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), é o maior número registrado desde julho de 2016. Atualmente, 737 operadoras estão em atividade e cerca de 19 mil planos estão ativos.

Uma Carta aberta à população será divulgada amanhã, 19 de agosto, às 18h30, na abertura do XXIII Congresso Médico do Oeste Paulista.

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