Novembro Azul: Webinar APM foca na saúde do homem

Na última quarta-feira, 25 de novembro, a Associação Paulista de Medicina transmitiu, via YouTube, mais uma edição de seu Webinar, desta vez focando na campanha Novembro Azul e abordando a saúde do homem

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Na última quarta-feira, 25 de novembro, a Associação Paulista de Medicina transmitiu, via YouTube, mais uma edição de seu Webinar, desta vez focando na campanha Novembro Azul e abordando a saúde do homem. O convidado da noite foi Miguel Srougi, professor Titular de Urologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

O foco da discussão – o câncer de proposta – é a principal neoplasia sólida em seres humanos, atingindo um em cada nove homens, segundo o especialista. “Quando diagnosticado em fase inicial, é altamente curável. Mas, quando identificado em fase mais avançada, saindo da próstata, mesmo sem disseminar muito, tem taxa de cura de 30% a 40%, contra 90% dos identificados previamente.”

Conforme explicou Srougi, existem cálculos que mostram que o homem, em média, perde até seis anos de vida se o câncer de próstata é diagnosticado depois do momento ideal – quando o tumor ainda está dentro da próstata. Fato que reforça a importância de motivá-los a realizarem exames de próstata.

No geral, a incidência da doença tem diminuído, mas uma decisão da U.S. Task Force – agência estadunidense de Saúde – contribuiu para que, nos últimos anos, tenham surgidos casos mais graves. “Em 2011, a Task Force emitiu norma para que homens não fizessem mais o exame Antígeno Prostático Específico (PSA), pois pode dar positivo mesmo sem a presença de câncer, gerando apreensão e sofrimento. Os urologistas não gostaram da ideia por saberem a importância do diagnóstico precoce. E o que prevíamos realmente aconteceu: de 2011 para cá, nos Estados Unidos principalmente, os homens pararam de fazer PSA e agora estão descobrindo a doença muito avançada”, relatou.

Srougi mostrou que a chance de existir um diagnóstico de câncer metastático, entre 2011 e 2020, aumentou em 30%. Depois, a US Task Force moderou a sua posição, emitindo novas normas indicando que o PSA não deve ser deixado de lado, mas aplicado com discussões caso a caso e acompanhamento de acordo com os pacientes.

Diagnóstico
Miguel Srougi lembrou que o diagnóstico de câncer de próstata é feito por toque ou por PSA. E alertou: os exames de toque dão normal em 60% dos casos e o PSA em 15%. Por isso, o ideal é a combinação das duas práticas, diminuindo as chances de que casos da doença não sejam identificados.

“Muitas vezes, o PSA se eleva sem que exista câncer e muitos médicos atribuem isso à presença de prostatite. Por conta disso, fornecem antibióticos para os doentes. E quando o PSA cai, eles deixam de avaliar adequadamente os casos. É uma ideia imperfeita, que prevalece até entre urologistas”, apontou o docente da FMUSP.

Isso porque, como explicou o convidado, se o indivíduo tem PSA alto e não tem sintoma de infecção de próstata, não adianta dar antibiótico. “Já foi provado que se os der e o PSA cair, o indivíduo tem 25% de chances de ter câncer de próstata.”

O especialista também mostrou formas de acompanhar melhor os pacientes. Se o PSA subir, indicou, é importante olhar a velocidade de progressão. Se crescer de 40% a 50%, há alto risco de ser portador de câncer de próstata. Em casos benignos, o PSA sobe lentamente, não mais que 15%.

E se o PSA cresce, mas o exame dá normal, bem como o exame de toque, e a biópsia dá negativa? Srougi indica que há dois estudos que dão uma indicação mais precisa se há ou não câncer: a ressonância magnética e o exame prostate health index (PHI). “A depender dos resultados, podemos ficar mais tranquilos. Ou solicitarmos uma nova biópsia, que em até 15% das vezes pode falhar, por não alcançar uma lesão que pode ser pequena.”

Discussão
Após a palestra do convidado, houve tempo para perguntas e discussões no Webinar APM. Álvaro Atallah, professor Titular da Escola Paulista de Medicina (EPM) e diretor de Economia Médica e Saúde Baseada em Evidências da APM, que moderou o encontro, questionou o especialista sobre as formas de prevenção que temos para o câncer de próstata.

“Nos anos 1990, administrávamos aos doentes licopeno, selênio e vitamina E – pois havia indícios que poderiam reduzir riscos de câncer de próstata. Depois, os estudos mostraram que o selênio não preveniu a doença e facilitou o desenvolvimento de diabetes e que a vitamina E aumentou os perigos cardiovasculares. Voltamos à estaca zero naquele momento”, relembrou Srougi.

Atualmente, explicou ele, existe uma droga que diminui a chance de câncer de próstata: a finasterida, que reduz em até 25% as probabilidades. “A questão é que se o homem, mesmo tomando o remédio, desenvolve a doença, ela vem muito mais grave. Esse é mais um motivo pelo qual a melhor forma de proteger os homens é realizando exames periódicos de toque e PSA.”

O presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, apresentador do encontro, ressaltou a preocupação da Associação, ao longo de sua história, com a saúde dos médicos e da população. E questionou os colegas de que forma uma entidade pode auxiliar a promover a saúde dos profissionais de Medicina e como estes podem multiplicar noções saudáveis a seus pacientes.

Srougi recorreu ao filósofo Aristóteles. Ele dizia que a virtude só pode ser transmitida de um jeito: por ações, sendo o exemplo a melhor forma de impregná-la. “Quero dizer que os médicos só conseguem transmitir aquilo que eles mesmo fazem e/ou acreditam.”

Ao fim do encontro, Amaral agradeceu a presença do convidado e de todos os espectadores, reforçando que todas as edições do Webinar APM permanecem disponíveis no YouTube da Associação. Acesse a playlist completa aqui.