Na última quarta-feira, 17 de novembro, o Hospital Municipal do Campo Limpo foi escolhido para receber o nono concerto da 14ª temporada do projeto Música nos Hospitais em suas instalações. Quem esteve no setor de Pediatria da instituição pôde assistir à apresentação da Orquestra do Limiar, transmitida virtualmente pelo canal do YouTube da Associação Paulista de Medicina.
A modalidade híbrida – uma adaptação às imposições sanitárias por conta da pandemia de Covid-19 – tem sido aplicada desde que o programa foi retomado, no ano passado. Para o médico Samir Rahme, maestro da orquestra, a novidade dá a possibilidade de mais pessoas apreciarem o concerto.
Antes da música soar, José Alberto Nassif, diretor técnico do Hospital Municipal do Campo Limpo, agradeceu a APM e a Orquestra do Limiar pela oportunidade, felicitando também todos os médicos e profissionais da Saúde que, há dois anos, estão na linha de frente contra as consequências do coronavírus.
“Foram lutas e batalhas em que passamos por perdas e tristezas, mas estamos com a sensação de dever cumprido, pois fizemos o melhor para a população. A vida é uma batalha, mas temos que ter períodos de paz. A música transmite histórias, dramas, alegrias e felicidades. Isso traz paz de espírito e relaxamento, fazendo bem para a nossa mente”, disse.
Os comentários de Nassif estão, de fato, amparados pela Ciência. Estudos indicam que a música, além de entretenimento, pode trazer diversos benefícios para a saúde, aliviando dores, melhorando a memória e gerando estímulo para a prática de atividade física. Desde o início do Música nos Hospitais, em 2004, o projeto busca cumprir o seu papel sociocultural de levar alegria e humanização ao ambiente hospitalar, por meio de grandes nomes da música clássica e instrumental.
Apresentação
A Orquestra iniciou com composições dos barrocos alemães Johann Sebastian Bach e George Frideric Handel. “Ambos nasceram na mesma cidade, mas Handel foi para a Inglaterra, onde se tornou compositor oficial dos reis. Quando as pessoas passeavam de barco no Rio Tâmisa, provavelmente as orquestras tocavam suas composições. Por isso, sintam-se verdadeiros reis e rainhas ao escutar essa peça”, contou Rahme antes da execução da suíte “Música Aquática”.
Depois disso, a Orquestra do Limiar fez uma viagem no tempo, tocando peças clássicas e românticas de Wolfgang Amadeus Mozart, Edvard Grieg, Jean Sibelius e Gabriel Fauré até chegar à contemporaneidade. “Agora, chegamos a um conjunto importantíssimo dentro do programa. São peças que foram comissionadas para compositores brasileiros vivos e que viraram amigos da orquestra. É importante que eles sejam acionados para mostrar sua arte”, antecipou o maestro.
Os músicos, então, tocaram as composições exclusivas para o projeto: “Suplicante e malemolente” da suíte “Lírica”, do compositor carioca Ronaldo Miranda, e “Meditationen 3”, do paulista Felipe Senna.
Por fim, a Orquestra do Limiar fechou o programa com “Oblivion”, de Astor Piazzola, “Can’t Buy Me Love”, dos Beatles (composição de John Lennon e Paul McCartney), e “Tico Tico no Fubá”, composta por Zequinha de Abreu e arranjada por Marcos Scheffel. O bis foi “Viva La Vida”, do grupo inglês Coldplay.
Fazem parte da Orquestra do Limiar: Marcos Scheffel (spalla); Mariya Mihaylova Krastanova, Gabriel Gorun, Nikolay Iliev Iliev e Marcela Sarudiansky (violino I); Kleberson Buzo, Leticia Andrade, Jair Guarnieri e Tiago Paganini (violino II); Camila Ribeiro Rodrigues e Luan Costa (viola); Mayara Alencar e Fabio Petrucelli (violoncelo); e Thiago Hessel (contrabaixo).
Desde 2004, o Música nos Hospitais realizou quase 200 concertos, em 58 hospitais da capital e outros munícipios paulistas, além de 10 localizados em outros estados, atingindo mais de 70 mil espectadores. Através da Lei de Incentivo à Cultura e com apoio do Laboratório Aché, a Associação Paulista de Medicina é a responsável pela contratação da Orquestra da Limiar, os fornecedores, a montagem da apresentação e serviços operacionais utilizados no evento.
Visita especial
Além dos espectadores virtuais e do Hospital Municipal do Campo Limpo, o concerto contou com uma audiência diferente nesta edição: as crianças da Escola Estadual Paulo Machado de Carvalho, que fica a 300 metros da sede social da APM.
Os pequenos foram recebidos às 9h para um café da manhã e, antes de curtirem a apresentação da Orquestra do Limiar, visitaram as instalações da Associação e conheceram a Pinacoteca da APM e o Museu De História da Medicina – Sala Jorge Michalany.