Ministério da Saúde publica dados sobre poliomielite entre 2018 e 2022

A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infectocontagiosa viral aguda caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito causada pelo poliovírus que possui três sorotipos imunologicamente distintos, PV1, PV2 e PV3

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A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infectocontagiosa viral aguda caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito causada pelo poliovírus que possui três sorotipos imunologicamente distintos, PV1, PV2 e PV3.

O poliovírus selvagem (WPV) é a forma mais comumente conhecida do poliovírus. No entanto, existe outra forma de poliomielite que pode se espalhar dentro das comunidades: o poliovírus derivado da vacina, ou VDPV. Embora os VDPVs sejam raros, eles têm aumentado nos últimos anos devido às baixas taxas de imunização nas comunidades. O VDPV tipo 2 (VDPV2) são os mais prevalentes.

A doença pode ser assintomática ou com manifestações clínicas que variam de sintomas leves à progressão com comprometimento neurológico (síndrome meníngea ou plégica – paralítica), que normalmente lesa os membros inferiores com a paralisia flácida aguda (PFA).

A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal oral, por objetos, alimento e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, via oral ou por meio de gotículas de secreções da orofaringe.

Notificações

No período entre 2018 e 2022, foram notificados 1.738 casos de PFA (Paralisia Flácida Aguda) em menores de 15 anos no Brasil, segundo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.  Em 2018, houve o maior registro de casos (501), e em 2020 (248), o menor.

Com a pandemia de Covid-19, houve queda nas notificações entre 2020 e 2021, alcançando 46,8% e 42,5% de redução, respectivamente. Em 2022, foram notificados 258 casos de PFA até a Semana Epidemiológica 31, que compreende o período entre 02/01 e 06/08.

Quanto à taxa de notificação por unidade da Federação (UF), observa-se redução progressiva, passando de 1,1 caso/100.000 menores de 15 anos em 2018 para 0,9 caso/100.000 em 2022. No ano de 2018, 52% das unidades da Federação alcançaram a meta proposta (1/100.000 menores de 15 anos), já em 2019 esse número caiu para 41%. Em 2020, o percentual foi de 30%, em 2021 passou para 26% e, em 2022 até a SE 31, esse índice foi de 26%.

Histórico

Com o início em 1988, o programa global de erradicação da poliomielite alcançou progressos importantes, como a inexistência de casos pelo poliovírus selvagem tipo 2 desde 1999, sendo declarada a sua erradicação no mundo em setembro de 2015; e pelo poliovírus selvagem tipo 3 desde novembro de 2012, sendo esta cepa declarada como erradicada em outubro de 2019.

Atualmente, o poliovírus selvagem (PVS) se mantém endêmico apenas em dois países, Afeganistão e Paquistão. Porém, em 2021 houve a confirmação de um caso de poliomielite pelo vírus selvagem no Malawi e, em 2022, até a SE 31 ocorreram quatro casos em Moçambique.

A eliminação da doença resulta de um processo contínuo de qualificação das ações de imunizações, de vigilância epidemiológica e laboratorial. Desta forma, o Brasil iniciou as ações de combate à pólio em 1961 e, em 1968 o Ministério da Saúde iniciou as primeiras atividades de vigilância epidemiológica da poliomielite.

Devido à ocorrência de repetidos surtos da doença em vários pontos do País, em 1971 foi instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite e, em 1975, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica com o estabelecimento de normas de investigação dos casos e a implantação de uma rede de laboratórios de saúde pública para fortalecer o diagnóstico da infecção pelo poliovírus.

No final de 1979, se iniciaram as campanhas nacionais de vacinação em resposta a uma importante epidemia de poliomielite no Sul do País. Como resultado, o último caso por poliovírus selvagem ocorreu em 1989 e, em 1994, juntamente dos demais países das Américas, o Brasil recebeu a certificação de área livre da circulação do poliovírus.

Prevenção

A poliomielite continua sendo uma doença de grande importância em saúde pública. A vacinação é a única forma de prevenção contra a doença. Todas as crianças menores de 5 anos de idade devem ser protegidas, tanto nas ações de rotina como em campanhas nacionais.

Atualmente, o esquema vacinal preconizado para a poliomielite na rotina dos serviços de vacinação é de três doses da Vacina Inativada Poliomielite (VIP), aos 2, 4 e 6 meses de vida e dois reforços com a Vacina Oral Poliomielite (VOP), aos 15 meses e 4 anos de idade.

A meta de vacinação é de 95%. O alcance das metas definidas para cada indicador torna-se fundamental para manter o País livre da circulação do poliovírus selvagem e derivado vacinal.