Ministério da Saúde divulga novos dados da dengue e demais arboviroses

Boletim Epidemiológico demonstra que impactos do El Niño contribuíram para alta no número de casos

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A nova publicação do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – órgão parte do Ministério da Saúde – traz informações sobre os casos de dengue, Chikungunya e Zika registrados entre 2023 e 2024. Segundo o documento, os impactos climáticos ocasionados pelo El Niño contribuíram para o aumento no número de casos suspeitos, principalmente nas Américas – região responsável por mais de 90% das notificações.

Neste sentido, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que, até abril de 2024, foram contabilizados mais de 7,6 milhões de casos suspeitos de dengue ao redor do mundo e mais de 3 mil óbitos. Além do Brasil, que normalmente possui a maior proporção de casos no continente americano, México, Paraguai e sub-região do Caribe também tiveram aumento significativo nas notificações. No País, a variação de casos passou de 63%, em 2020, para 84%, em 2022.

Em 2024, entre a primeira e 26ª semana epidemiológica, houve 6.215.201 notificações de dengue no Brasil, com coeficiente de incidência de 3.060,7 casos por 100 mil habitantes. Comparando com o mesmo período em 2023, os números representam um aumento de 344,5% nos casos registrados.

O Sudeste foi a região com o maior coeficiente de incidência, registrando 4.739,8 casos por 100 mil habitantes. Em seguida está o Sul, com 3.949,0 casos/100 mil habitantes; Centro-Oeste, com 3.894,1 casos/100 mil habitantes; Nordeste, com 600,1 casos/100 mil habitantes; e Norte, com 284,2 casos/100 mil habitantes. Há três anos, Sudeste, Sul e Centro-Oeste registram os maiores coeficientes, de modo que os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal, juntos, congregam 87,5% dos casos prováveis de dengue no Brasil em 2024.

Durante o período de análise, foram confirmados 82.908 casos de dengue com sinais de alarme e de dengue grave – um aumento de 307,8% em relação à mesma época, no ano passado, em que se registrou 20.332 casos. Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal e Goiás são os estados com o maior número de notificações.

Os registros de dengue grave e dengue com sinais de alarme foram predominantes em pacientes do sexo feminino, totalizando 56,2%. Em relação à faixa etária, maiores de 60 anos e menores de um ano representaram o maior percentual de agravamento da arbovirose.

Até a 26ª semana epidemiológica, o País teve 4.269 mortes por dengue registradas. Outros 2.737 óbitos notificados estão sendo investigados, podendo ser confirmados ou descartados no decorrer das próximas semanas. O Sudeste concentra o maior número de falecimentos por dengue em 2024, com 2.247 mortes, sendo 29,7% delas no estado de São Paulo.

Assim como o percentual para casos de dengue grave, a maior taxa de letalidade foi registrada em menores de um ano, com incremento gradativo para indivíduos acima dos 50 anos de idade, sendo levemente maior em mulheres (50,9%). Em relação às comorbidades, dos óbitos registrados, 56% deles demonstraram possuir pelo menos uma delas, sendo hipertensão arterial e diabetes as mais prevalentes, com 46% e 25% cada uma, respectivamente.

Chikungunya

Sobre as notificações de Chikungunya no País, a estimativa é de 233.225 casos prováveis, com taxa de incidência de 114,9 casos por 100 mil habitantes, número que representa aumento de 78,8% em relação ao último ano, quando, no mesmo período, os registros eram de 130.458 casos. Em 2024, a incidência de Chikungunya no Brasil ultrapassou os limites esperados, fazendo com que a arbovirose retornasse ao nível endêmico.

Apesar de os casos prováveis estarem em queda em todas as regiões, o Sudeste apresenta o maior coeficiente de incidência, com 200,2 casos por 100 mil habitantes, seguido pelo Centro Oeste (187,6 casos/100 mil hab.) e Sul (108,6 casos/100 mil hab.). Minas Gerais (702,9 casos/100 mil hab.), Mato Grosso (427,5 casos/100 mil hab.), Espírito Santo (317,5 casos/100 mil hab.) e Mato Grosso do Sul (141,3 casos/100 mil/hab.) são as unidades federativas com os maiores coeficientes de incidência.

Durante o estudo, 134 óbitos por Chikungunya foram confirmados no Brasil, representando aumento de 42,5% em relação ao mesmo período de análise do ano passado, em que 94 mortes foram registradas. A concentração de óbitos aconteceu no Sudeste, mais precisamente em Minas Gerais, que dos 94 falecimentos registrados na região, 83 foram no estado. Outros 183 óbitos estão em investigação e a média da idade entre os pacientes que tiveram a morte confirmada foi de 73 anos, variando entre zero e 101 anos, prevalecendo o sexo masculino (55,3%).

A taxa de letalidade se concentra em maiores de 70 anos. Já nas comorbidades relacionadas aos óbitos, é possível observar que 67,5% dos pacientes possuíam pelo menos uma delas, sendo que, assim como no caso da dengue, hipertensão arterial e diabetes foram as mais prevalentes, com 45,5% e 26,8%, respectivamente.

Zika

A análise do Zika Vírus vai até a 23ª semana epidemiológica, período que demonstra que 8.519 casos prováveis foram notificados, com taxa de incidência de 4,2 casos a cada 100 mil habitantes e aumento de 9% em relação ao último ano – na mesma época, foram registrados 7.840 casos prováveis.

O Nordeste foi a região com os maiores coeficientes de Zika, com 2,1 casos/100 mil habitantes. Em seguida, está o Sudeste (1,1 casos/100 mil hab.) e Norte (0,5 casos/100 mil habitantes). Os maiores registros da doença foram na Bahia (1,0 casos/100 mil hab.), Espírito Santo (0,8 casos/100 mil hab.) e Rio Grande do Norte (0,6 casos/100 mil hab.)

Nenhum óbito por Zika Vírus foi confirmado no Brasil até o momento. Em gestantes, 764 casos prováveis foram registrados, sendo que, destes, 700 (91,6%) estão sendo investigados e 64 (8,4%) foram confirmados. Os estados com maiores notificações foram São Paulo, com 187 casos prováveis e um confirmado; Espírito Santo, 104 casos prováveis e cinco confirmados; e Minas Gerais, 95 casos prováveis e dois confirmados.

O Boletim ainda traz informações referentes à febre oropuche, que vem sendo detectada desde 2023. Os casos têm como local provável de infecção municípios que estão localizados no Norte, sendo a região amazônica considerada endêmica. A transmissão autóctone também foi notificada em estados extra-amazônicos, como Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Piauí, Mato Grosso, Pernambuco e Maranhão. Além disso, casos detectados no Ceará, Paraná e Mato Grosso do Sul estão sendo investigados como possíveis locais de infecção e houve a confirmação de três casos infectados na Bolívia.