No decorrer da última semana, foram realizadas mais quatro lives de aquecimento para o XX Congresso Paulista de Medicina do Sono. Contando com relevantes temas que serão aprofundados durante o evento, os novos encontros virtuais tiveram a participação de importantes especialistas.
A primeira live, realizada na segunda-feira, 17 de abril, relatou “Transtorno do Espectro Autista e Sono”, moderada por Tatiana Vidigal, presidente do Congresso, com a otorrinolaringologista e médica do sono Sandra Dória como apresentadora.
Conforme a especialista salientou, se na população neurotípica – sem nenhuma deficiência – o número de casos de pessoas com distúrbios do sono fica entre 5% e 6% da população, no caso de pacientes com TEA, o número é de 50% a 80%, o que promove uma série de desalinhamentos, como falta de atenção, problemas de memória e baixo desempenho diurno.
“A insônia propriamente dita é o principal sintoma de distúrbio do sono dessa população. A melatonina que produzem pode não gerar a capacidade de reconhecer que é noite, por exemplo, o que demonstra que esses pacientes não têm o relógio biológico equilibrado. Profissionais que atendem pessoas com TEA esporadicamente precisam entender que há uma prevalência muito grande desses casos, que deixarão de ser raros, e precisamos ter mais empatia com pais e crianças para conseguir chegar a melhores tratamento e qualidade de vida”, disse.
Tecnologias
Na terça-feira (18), foi ao ar a segunda live promovida pela comissão organizadora do evento. Moderada por Andrea Toscanini, presidente do Comitê do Sono da Associação Paulista de Medicina, a apresentação foi realizada pela psicóloga Laura Castro, que falou sobre “Tecnologias e Sono: limites e individualidade”.
De acordo com o Andrea, é fundamental saber os limites de cada ferramenta e utilizá-las de maneira eficiente, pois profissionais da área da Saúde precisam se basear, primeiramente, em trabalhos científicos e, apesar de a tecnologia poder ajudar a dar respostas no futuro, este ainda não é o momento, pois está em fase de aprimoramento.
Para Laura Castro, a utilização de dispositivos de medição de sono causa reações diferentes, havendo casos em que ajudam pacientes, enquanto podem atrapalhar em outras situações.
“Algumas pessoas vão ficando obsessivas com essa história de monitoramento do sono. Não sei se é a tecnologia que faz isso ou porque já está posto socialmente e está lá à disposição, fazendo com que vire esse mecanismo de ter um sono perfeito. Vejo efeitos diferentes em pessoas diferentes. A personalidade e o momento da vida modulam isso, então pode ser útil e bacana para ser um acompanhamento da evolução, mas também pode acabar se tornando um transtorno”, resume.
Qualidade de vida
A terceira live da última semana, realizada na quarta-feira, 19 de abril, teve moderação do otorrinolaringologista George Pinheiro e palestra do colega de especialidade, Fernando Vieira, sobre “Sono: aliado para melhor estilo de vida”.
De acordo com Vieira, a Medicina do estilo de vida surgiu há alguns anos, nos Estados Unidos, trazendo o resgate da sistematização de orientações de tratamento comportamental que visam gerar saúde e colocar o paciente no centro de toda essa atividade. O especialista também aproveitou para salientar como o sono pode ser um promotor da longevidade, impactando o estilo de vida.
“Existem seis pilares da Medicina do estilo de vida que se dividem entre nutrição, atividade física, sono, conectividade, manejo do estresse e evitar toxinas, como tabaco e álcool. O sono é superimportante porque tem uma função regenerativa e de ritmo, fundamental para o organismo. Não dormir, dormir pouco ou ter más condições de sono são coisas que a longo prazo nos causam muito impacto”, destacou.
Sonolência e fadiga
Por fim, a quarta e última live foi realizada na quinta-feira (20), falando sobre “Sonolência x Fadiga”. A pneumologista e médica do sono Erika Treptow realizou a moderação da aula, enquanto o neurologista Fernando Morgadinho ficou responsável pela apresentação.
O médico, que atualmente está em Boston, nos Estados Unidos, enfatizou a necessidade de estudar doenças associadas à fadiga e entender além da sonolência, o que o levou para fora do Brasil. De acordo com ele, após a pandemia de Covid-19, está havendo um grande investimento nesta área do conhecimento, que antes era pouco explorada.
“A pesquisa surge da necessidade. As diferenças entre sonolência e fadiga podem ser observadas pelo fato de que a sonolência é a necessidade de sono, você dorme e melhora isso. A fadiga não, ela é a necessidade de repouso. Na prática clínica, a gente pede para o paciente andar até o final de um corredor e voltar, se ele andar rápido, voltar e melhorar disso é a sonolência, porque foi ativado e estará mais acordado. Se ele piorou, é a fadiga, porque a atividade piora essa parte”, finalizou.