Junho Vermelho: especialista alerta sobre a importância da doação de sangue

A doação de sangue é fundamental para a atividade terciária e quaternária do sistema de saúde, pois procedimentos cirúrgicos, tratamentos de câncer e transplantes dependem diretamente de doações regulares

Últimas notícias

O Junho Vermelho é uma campanha que visa incentivar a população a doar sangue, além disso, a ocasião coincide como o Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho. Destacando a relevância desta data, o hematologista e professor titular da Universidade de Campinas (Unicamp), Carmino Antônio de Souza, detalha a importância da doação para o sistema de saúde e compartilha desafios enfrentados na manutenção dos estoques.

De acordo com Carmino, a doação de sangue é fundamental para a atividade terciária e quaternária do sistema de saúde, pois procedimentos cirúrgicos, tratamentos de câncer e atendimentos a politraumatizados e transplantados dependem diretamente de doações regulares. “O sistema de saúde depende do fracionamento do sangue e da disponibilidade de produtos como plaquetas, que têm uma curta duração, de cinco a sete dias, e outras que podem durar até um mês”, explica.

Existem dois tipos de situações que afetam significativamente os estoques de sangue. “As guerras e catástrofes, como a recente tragédia no Rio Grande do Sul, aumentam drasticamente a demanda e reduzem a coleta de sangue”, pontua o especialista. Além disso, sazonalidades, como festas de final de ano, Carnaval e invernos rigorosos, também causam escassez devido à redução nas doações.

Um dos problemas que a falta de sangue pode levar é relacionado à suspensão de procedimentos de rotina, cirurgias programadas e transplantes, por exemplo. “Cirurgias ortopédicas e transplantes são adiados, o que impacta diretamente a saúde dos pacientes”, afirma Souza.

Com relação ao tipo sanguíneo, o hematologista afirma que o O+ é o mais comum, enquanto AB- é raro. O médico esclareceu também que os serviços de hemoterapia são organizados para convocar doadores específicos conforme a necessidade, garantindo a disponibilidade adequada.

Ele explica que o processo de doação é extremamente seguro, relembrando que os doadores passam por uma triagem clínica e são orientados sobre sua saúde. “Os riscos e efeitos adversos são praticamente nulos. O doador é bem cuidado e aconselhado sobre cuidados pós-doação”, garante o médico.

Conforme salienta o profissional, idealmente, 5% da população adulta saudável deveria doar sangue, mas atualmente o número está entre 2% e 2,5%. “Embora existam variações regionais, a maioria dos centros de transfusão trabalha com doadores habituais, que são mais seguros”, destaca. Para ele, a doação de sangue é um ato de cidadania e solidariedade. Além disso, complementa que “a fidelização dos doadores é crucial.”

Quem pode doar?

  • Pessoas com idade entre 16 e 69 anos, (menores de 18 anos devem apresentar consentimento formal do responsável legal);
  • Pessoas com idade entre 60 e 69 anos só poderão doar sangue se já o tiverem feito antes dos 60 anos;
  • Pesar no mínimo 50 kg;
  • Ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas;
  • Estar alimentado, evitando alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação de sangue. Caso seja após o almoço, aguardar duas horas.

Texto: Ryan Felix (sob supervisão de Julia Rohrer)