Dos 260 milhões de hectolitros de vinho produzidos em todo o mundo em 2020, 18,8% foram na Itália; seguida pela França, com 17,9%; Espanha, com 15,7%; Alemanha, com 3,2%; e Portugal, com 2,5%. Considerada a maior produtora de vinho do mundo, a Itália foi tema da segunda edição do Programa Harmonização: Vinho & Comida, realizada no último dia 21 de outubro. A iniciativa, promovida pela Associação Paulista de Medicina, reuniu associados e convidados, que participaram de um coquetel na Pinacoteca da entidade antes do jantar.
A coordenadora Cultural da APM, Flávia Negrão, deu as boas-vindas e aproveitou o momento para explicar sobre a origem de algumas obras do acervo da instituição: “É um prazer estar aqui mais uma vez com todos vocês e poder apresentar o programa Harmonização: Vinho & Comida. Agradeço à Casa Flora pela parceria”.
O superintendente de Estratégia e Marketing da Associação, Jorge Assumpção, agradeceu aos presentes em nome da Diretoria. “Temos construído essa relação, essa parceria com a Casa Flora, no sentido de trazer entretenimento e um momento de Cultura para os nossos associados e médicos de forma geral. Nosso próximo encontro será no dia 10 de novembro, com o tema Espanha.”
Para explicar sobre os saborosos vinhos italianos, o sommelier da importadora Casa Flora, Renato Lutgens, fez um apanhado das principais regiões da Itália. Formado pelo Senac São Paulo, Lutgens atua no mercado há 13 anos, com passagens em diferentes vinícolas da Argentina, Chile, Espanha e Portugal.
“É um prazer retornar para essa casa que me acolheu tão bem e poder falar das delícias italianas. Independente da sua origem, do seu sangue, a gente sempre carrega um pouco do italiano, porque essa é uma culinária muito presente na nossa mesa. Assim como os vinhos, existem diversos sabores e o mais importante de tudo isso é trazer experiências”, explicou.
Vinicultura da Itália
A Itália possui praticamente todos os tipos de vinho, dos mais simples aos mais sofisticados, que podem ser degustados em qualquer lugar do país – seja em um restaurante cinco estrelas ou um mais familiar. Por lá, de maneira geral, a população sabe bastante de vinho e de culinária. De acordo com o sommelier, quando as pessoas vão à Itália esbarram no vinho da casa, que é o vinho de mesa, porque além de muito gostosos, são de qualidade e têm um preço justo. “O vinho na Itália é um alimento”, afirma.
Entre as regiões mais conhecidas no Brasil e que também são as com o maior número de vinhos com denominação de origem, incluem-se o Piemonte (terra dos Barolos e Barbarescos), a Toscana (de onde saem os famosos Chianti e Brunellos de Montalcino), o Vêneto (pátria do Amarone, do Valpolicella e do Prosecco), a Puglia (berço do Primitivo di Manduria e do Negroamaro) e a Sicília (terra de Sol e também do Marsala e do Salaparuta).
Após a degustação do Prosecco Sperone, os convidados experimentarem o vinho Luccarelli Puglia Bianco. Lutgens contou sobre o produtor Fantini (Group Farnese), surgido em 1995 e líder entre as empresas exportadoras do sul da Itália, com produção de quase 20 milhões de garrafas. O grupo é responsável pelas marcas Luccarelli, Cantine Cellaro, Terre Natuzzi, Vigneti Del Vulture, Caldora e Vesevo.
A “estrela” do grupo é uma empresa que nasceu em Puglia e, em pouco tempo, tornou-se um ponto de referência para todos os produtores de Primitivo di Manduria. Luccarelli não é apenas uma marca, mas identifica um estilo e uma tipologia de vinho com uma garrafa imponente.
O Old Vines Primitivo di Manduria é um vinho obtido com uvas Primitivo di Manduria de vinhas de quase 100 anos e marcou a terceira degustação da noite – servido com o jantar especial comandado pelo chef Josemar Sant’Anna, formado pela Escola de Gastronomia Le Cordon Bleu Paris e responsável pelos serviços de buffet da APM.
Vinhos e Castas
Em Puglia, o vinho é produzido praticamente em todos os lugares, representando não apenas um recurso econômico, mas também um vínculo com a tradição e a cultura do lugar. A produção é favorecida pelo clima e pela quantidade de sol que a terra recebe durante o ano. A muda é o sistema de cultivo mais difundido lá, pois permite que a videira aproveite ao máximo os recursos do solo, melhorando a qualidade das uvas e, portanto, do vinho.
Puglia tem um território meio montanhoso e meio plano. Partindo do Norte, a primeira zona que encontramos é o Gargano, um promontório formado por calcário e rochas eruptivas. Seguindo o Tavoliere, sempre na província de Foggia, há o Murge, área muito grande que abrange as províncias de Barletta-Andria-Trani, Bari e Brindisi e, finalmente, o Salento, com a província de Lecce e parte de Brindisi e Taranto.
A vinícola Salice Salentino leva o nome da localidade de mesmo nome, na província de Lecce. A produção enológica diz respeito principalmente a vinhos tintos e rosés, produzidos com as uvas Negroamaro e Malvasia Nera.
De acordo com Lutgens, Salento é uma das vinícolas italianas mais importantes para a produção de vinhos rosés. Já o Salice Salentino Bianco é produzido, principalmente, com uvas Chardonnay e Salice Salentino Pinot Bianco. Outro vinho interessante é o Salice Salentino Aleatico, produzido nos estilos passito e licoroso, no qual podem estar presentes partes das uvas Negroamaro, Malvasia Nera e Primitivo.
Após as explicações do sommelier – e para fechar o evento com chave de ouro –, os convidados degustaram o espumante Moscato Sperone.
Para mais informações sobre os eventos e inscrição na próxima edição, acesse o hotsite.
Texto: Alessandra Sales
Fotos: Marina Bustos