No dia 4 de abril, o XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono da Associação Paulista de Medicina deu início à série de lives de aquecimento ao evento, no intuito de introduzir ao público alguns dos temas que serão debatidos durante o Congresso – que ocorrerá nos dias 17 e 18 de maio, no Villa Blue Tree, em São Paulo.
De acordo com Alexandre Pinto de Azevedo, presidente do Congresso, a programação desta edição tem o objetivo de sair da rotina médica tradicional da Medicina do Sono, abrindo espaço para outras profissões da Saúde que também atuam com esta questão, como Psicologia, Odontologia e Fisioterapia, entre outras.
A psicóloga Ksdy Souza conduziu a discussão sobre “Insônia além da medicalização”. Conforme a especialista, há uma grande crença errônea de que a medicação é a primeira via para o tratamento do paciente com distúrbios do sono. Ela relembrou que insônia é uma condição em que os indivíduos precisam ter vulnerabilidade e pré-disposição – que pode estar atrelado a pessoas ansiosas ou a eventos estressores externos.
Ksdy destacou que a utilização de medicações não prescritas ou inadequadas pode modificar a estrutura do sono. Ela apontou ainda a importância de ter uma regularidade na rotina para estabelecer um padrão no sono.
“O cérebro gosta dessa consistência porque gera previsibilidade e segurança. A rotina é fundamental e é a base para que consigamos começar a pensar em uma estrutura terapêutica para esse paciente. Se eu não tenho hora para almoçar ou para ir para a cama, isso tudo vai desregulando os meus processos”, explicou – reforçando ainda a importância de individualizar os tratamentos, uma vez que os hábitos de sono são particulares a cada paciente.
Mudanças
Para Ksdy, ajustar parâmetros para ter sono à noite é fundamental. Estilo de vida, atividade física, movimentação e iluminação são fatores muito importantes neste sentido. “O dia foi feito para se movimentar, se alimentar bem, se expor à luz, enquanto a noite vem para reduzir a luminosidade e as nossas atividades.”
A psicóloga apresentou o conceito de restrição de tempo de cama, que constitui em ficar deitado apenas no período em que se dorme. E salientou que este tipo de tratamento não pode ser aplicado para todos os pacientes, já que, por exemplo, em casos de dor crônica, poderá acentuar os episódios de crise.
“A cama precisa ser um espaço que seja associado a quão rápido é o início de sono, então, se eu fico além do tempo que estou dormindo, provavelmente vou estar acordado fazendo alguma coisa. Isso aumenta o meu estado ansioso e faz com aquele espaço associado ao sono passe a estar relacionado ao estado de vigília e frustração. Então, primeiro preciso conhecer o paciente e entender a sua necessidade de descanso para que a restrição seja feita com cautela, com fases de adaptação para isso e para que o descanso seja feito em outro ambiente sem ser o quarto ou a cama.”
Além disso, a palestrante explicou que a utilização de aparelhos eletrônicos antes de dormir também é prejudicial, já que a luz emitida por tais dispositivos impede a liberação da melatonina e acentua o estado de alerta. Segundo Ksdy, há uma série de pacientes que alegam que utilizar o celular antes de se deitar os ajudam a relaxar, mas isso, na realidade, constitui um falso relaxamento e, por este motivo, é necessário buscar outras estratégias que contribuam para o descanso efetivo.
“O processo terapêutico vai colocar o indivíduo em um processo de autoconhecimento, porque ele vai ter que entender o que gosta de fazer nesse tempo sem telas. Alguns descobrem que gostam de meditar, outros que gostam de ler e outros simplesmente descobrem que gostam de estar consigo mesmos”, adicionou.
Para conhecer a programação completa e fazer sua inscrição no XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono, acesse o site do evento.