Especialistas debatem Sono em condições de isolamento no Instagram da APM

Na última sexta-feira, 8 de maio, a Associação Paulista de Medicina transmitiu, em seu Instagram, a live “Sono em condições extremas de isolamento”

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Na última sexta-feira, 8 de maio, a Associação Paulista de Medicina transmitiu, em seu Instagram, a live “Sono em condições extremas de isolamento”, conduzida por Andrea Toscanini, especialista em Medicina do Sono. Participou como convidado Daniel Vigo, médico argentino que estuda a ocupação do homem no espaço e dirige o laboratório de cronofisiologia do Instituto Biomédico do Conselho Nacional de Pesquisa da Argentina.

O intuito da conversa foi refletir sobre as condições de sono em isolamento social e as rotinas para um sono saudável em tempos do novo coronavírus. A ação também é uma iniciativa da Comissão Científica do XVIII Congresso Paulista de Medicina do Sono que, por conta da pandemia de Covid-19, foi adiado para 2 e 3 de abril de 2021.

Vigo começou a conversa relatando a sua participação no projeto Mars 500, um experimento russo realizado pelo Instituto de Problemas Biomédicos da Academia Russa de Ciências de Moscou, cujo objetivo foi estudar a interação do sistema homem e meio ambiente, colocando uma equipe de seis pessoas em condições de isolamento em um ambiente hermético. As condições simularam as principais peculiaridades de uma viagem a Marte. Ao todo, os membros ficaram confinados por 520 dias.

A primeira alteração observada, conforme o especialista argentino, foi o achatamento do ritmo biológico. Como explicou, todas as funções no corpo são programadas para ocorrer em um momento específico, sendo as mais visíveis delas as de sono e vigília. Quando confinados, os indivíduos passaram a ter dias menos ativos e noites com menos repouso, fazendo com que os extremos desses estados fossem se encontrando, o que configura o achatamento.

A ausência de luz do sol também foi importante. Vigo explicou que ela é um dos principais sincronizadores do ritmo biológico circadiano. A ausência de luz, então, torna-se um gatilho para a função de sono.

Cochilos permitidos

Um dos pontos da conversa foi a indicação, por Daniel Vigo, de que um cochilo de 20 minutos, antes das 16h, não é considerado um hábito ruim. Isso porque a “siesta” pode permitir que haja uma atividade maior no período vespertino, em que ainda devemos estar ativos, antes de um período em que nos arrumamos para dormir.

“Não falo de pessoas que têm dificuldade para dormir, que possuem insônia ou alguma condição como sono fragmentado ou distúrbios. Nesses casos, o cochilo precisa ser combinado com um profissional de Saúde. O cochilo de até 20 minutos antes das 16h pode ser benéfico para pessoas com sono saudável”, indica Andrea.

Os especialistas também falaram sobre a higiene do sono – conjunto de hábitos que podemos tomar para aumentar a chance de dormirmos melhor. Eles apontaram, por exemplo, que os celulares e as suas luzes azuis funcionam como um estímulo e atrapalham o sono. Também não é recomendado comer muito abundantemente à noite.

Andrea relembrou a importância da técnica de controle de estímulos, em que associamos um ambiente ou objeto a uma resposta. Ela indica que devemos tentar associar cama ao sono. “Se utilizo o quarto para ver TV, jogar videogame, comer, ver o celular etc., faço 10 coisas na cama e a décima é dormir. Se utilizo o quarto e a cama apenas para dormir, quando me deito, a chance de eu dormir é muito maior. O quarto virou multifuncional e isso é um fator de confusão para o nosso cérebro.”