Em mais uma rodada de aquecimento, GS realiza evento com a ISfTeH

Em mais um warm up do 3º Global Summit Telemedicine & Digital Health – que ocorre de 9 a 12 de novembro de 2021 -, na manhã da última quinta-feira (17), o tema debatido foi “Digital Health around the world: experiences and views of experts”

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Em mais um warm up do 3º Global Summit Telemedicine & Digital Health – que ocorre de 9 a 12 de novembro de 2021 -, na manhã da última quinta-feira (17), o tema debatido foi “Digital Health around the world: experiences and views of experts”, em parceria com a International Society for Telemedicine & eHealth (ISfTeH).

Moderam o evento Frank Lievens, secretário Executivo da ISfTeH e diretor executivo da Akromed France, e Jefferson Fernandes, presidente do Conselho Curador do GS e diretor do programa de educação da ISfTeH, que fizeram a apresentação dos palestrantes convidados e ressaltaram a importância do assunto debatido.

“A pandemia nos forçou a irmos para o mundo digital, mas isso é uma benção. Esse novo formato nos permite alcançar muito mais pessoas, pois nos eventos físicos nem todos conseguem estar presentes. Também já atingimos mais de 100 países em todos os níveis, entre associações nacionais, institucionais, governamentais e não governamentais”, introduziu Lievens.

Saúde digital

O primeiro palestrante do evento foi Karl A. Stroetmann, pesquisador sênior na Communication & Technology Research, na Alemanha, e membro do Conselho da ISfTeH. Ele trouxe dados e ensinamentos sobre políticas nacionais de saúde digital e abordagens de implementação, baseando sua palestra nas lições aprendidas em suas consultorias e aconselhamentos ao redor do mundo, há mais de 25 anos.

Para o especialista, o ecossistema da saúde digital é a aplicação holística de tecnologia de informação e comunicação, que ajuda a apoiar e melhorar a prestação de serviços de Saúde. “Esse é um ponto muito importante, a saúde digital existe para apoiar os serviços e sistemas de Saúde. Muitas pessoas esquecem disso, e de maneira ideal não devemos notar a saúde digital, igual não se nota o celular ou a internet, pois já fazem parte da nossa vida cotidiana.”  

“A saúde digital é uma possibilidade fantástica de coordenar os serviços de Saúde, que estão cada vez mais complicados e especializados. Precisamos de uma integração de todos os serviços, incluindo os domínios distritais e nacionais. Essa área precisa se preocupar com a segurança, governança, responsabilidade e com os recursos eletrônicos, colocando todos esses aspectos em uma estrutura de plataforma aberta”, ressalta.

Segundo Stroetmann, o plano de ação precisa ser detalhado e específico, saber exatamente o porquê de estar implementando a tecnologia nos sistemas de Saúde, se é para diminuir a fila de espera, ajudar as unidades ou melhorar o controle de qualidade, isso irá determinar quais os tipos e trocas de dados serão necessários.

“Aprendi que a abordagem de recursos abertos permite uma boa implementação e evita que a tecnologia caia na cilada de apenas estar ali e não fazer o seu papel. O principal não é focar na estrutura, mas nas responsabilidades legais, quem insere os dados, qual a responsabilidade dos médicos, estrutura, procedimentos, e aspectos jurídicos”, salienta.

Projetos

Para debater o negócio da Telehealth, Krishnan Ganapathy, professor Honorário na The Tamilnadu Dr. MGR Medical University e presidente da Sociedade de Telemedicina da Índia, trouxe uma visão geral dos grandes projetos e avanço da Telemedicina realizados no país.  

Na índia, hoje são realizadas mais de 10 mil teleconsultas por dia. Cerca de 70% da população vive em áreas rurais, mas apenas 3% dos médicos especialistas do país atuam nessas áreas. Apesar da prática de Telemedicina ter sido implementada apenas em 2001, o país já faz avanços e progressos na área.

O especialista destaca um dos maiores projetos de Teleoftalmologia, o e-Eye Kendram, no qual existem 150 centros oftalmológicos no Sul da Índia, que fornecem exames oftalmológicos, diagnóstico e consultas ao público a distância, com equipamento digital automatizado, câmera de fundo, refrator automático, lensômetro, conjunto de teste e outros dispositivos de rastreio ocular. “Em um país em desenvolvimento como a Índia, em 20 minutos um paciente em uma vila consegue receber uma avaliação computadorizada, vendo e analisando o fundo de retina, com o profissional da área fazendo a análise”, destaca o especialista.

“Aprendi que precisamos de muito trabalho para juntarmos todos os profissionais no mesmo barco. Para cada projeto que fazermos, realizamos uma avaliação de necessidades detalhada, e o ponto principal é construir a ponte entre os especialistas urbanos, que são altamente qualificados, e os beneficiários remotos. Para isso acontecer, é preciso selecionar o método de mensuração, coletar e analisar os dados e, por fim, implementar as decisões”, completa.

“Precisamos ter um cenário na Saúde que mude rapidamente, vimos isso com a pandemia. Todas as pessoas precisam ter o direito de acesso à saúde de alta qualidade, quando uma nova tecnologia chega, é necessário aprender a comandá-la. Tivemos uma transformação global, e a Covid-19 foi uma cepa que de fato mudou totalmente o conceito da prática de Telemedicina, e acredito que com o tempo, irá atingir a massa necessária”, afirma.

Pesquisas

Claudia Bartz, advogada nas áreas de Saúde, Telessaúde e Enfermagem e membro do Conselho de Diretores da ISfTeH, debateu a pesquisa em saúde digital em 2021: contribuições dos enfermeiros e trouxe algumas ideias em relação ao próximo Global Summit, para que os participantes possam obter novas conhecimentos e informações com as dinâmicas apresentações realizadas no evento.

“O ano de 2020 foi um momento sem precedentes, aprendemos muito sobre o cuidado com o paciente e lidamos com muita tecnologia. Podemos ainda aprender novos conceitos, como a inteligência artificial, que está chegando, e sabemos que será utilizada para o avanço da Saúde. Mas, ainda não sabemos sobre sua capacidade e qualidade, é algo que ansiamos aprender quando participamos de uma conferência”, comenta a palestrante.

Ela ainda explica a importância da pesquisa como parte dos processos da saúde digital. “Na sociedade internacional, temos um grupo de enfermeiras no qual falamos sobre trabalhar no auxílio das pessoas, não somente na leitura de publicações, mas também em como preparar os resumos em seu trabalho. Acredito que isso seja um grande avanço para as mulheres eHealth”, destaca.

Ela ainda afirma esperar que muitos enfermeiros possam participar do GSTDH 2021, para que consigam adquirir novas informações e conhecimentos, e que seja possível aplicar isso em suas práticas. “O objetivo é que os profissionais relatem os seus achados de pesquisas e usem de maneira colaborativa, que possam escutar, escrever e publicar suas próprias percepções”, completa.

Evolução

Finalizando as apresentações e trazendo explicações e novos conhecimentos sobre informática médica, Georgi Chaltikyan, professor e chefe do Mestrado em Saúde Digital no Instituto de Tecnologia Deggendorf, na Alemanha, debateu sobre a evolução da saúde digital ao longo dos anos e a implementação de novas informações sobre o tema nas instituições de ensino.

“Tivemos desenvolvimento no campo dos dispositivos móveis e aplicativos, e depois focamos no objetivo de portabilidade e disponibilidade, e essa foi a primeira vez que começamos a falar mais fortemente no paciente como parceiro na terapia preventiva. Na última década, os especialistas começaram a falar sobre saúde digital, e essa evolução está refletida em vários documentos de política da OMS”, reflete.

Segundo ele, a saúde digital está envolvendo e englobando eHealth, telessaúde e telemedicina, domínios de prática e conhecimento, em que a informática médica vai além de uma disciplina científica que integra gestão de dados e informação com a saúde. “O escopo de saúde digital com relação às habilidades e competências deve incluir uma combinação dos fundamentos dos cuidados e saúde, incluindo pesquisas, ciência da computação, banco de dados, redes, softwares e gestão de informação”, destaca.

Para o palestrante, a saúde digital se relaciona com tecnologia, processos de saúde e mudanças, por isso, a área está além da tecnologia da informação da saúde, indo em direção às transformações de sistemas da área e resultando em novas funções de trabalho. “Existe a necessidade de promover os profissionais de uma maneira interdisciplinar na área, com uma fusão entre a área médica e a de TI”, finaliza.

Foto: Reprodução do evento