Diretora da APM fala sobre bem-estar da população negra em entrevista

Conversa explorou questões como a humanização dos partos, o bem-estar das mulheres negras e inspirações na área da Saúde

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Na última sexta-feira, 30 de agosto, o programa Estação Livre, da TV Cultura, abordou temas sobre a saúde e o bem-estar da população negra. A entrevista contou com a participação da neurocirurgiã e diretora de Serviços aos Associados da Associação Paulista de Medicina, Diana Lara Pinto de Santana. A conversa, conduzida pela apresentadora Cris Guterres, também contou com a participação da psicóloga Sarah Aline e explorou questões como a humanização dos partos, o bem-estar das mulheres negras e inspirações na área da Saúde.

Inicialmente, foi exibida reportagem sobre uma ação gratuita de corrida voltada para a população negra, chamada “Corre Kilombo”. Segundo Sarah Aline, além dos benefícios físicos, a iniciativa favorece também a saúde mental. “É necessário saber quais são as vantagens que a prática de exercícios traz para o nosso corpo e entender como isso reflete na nossa saúde emocional”, explicou.

Outro ponto mencionado pela psicóloga foi a sensação de comunidade e identificação racial que o movimento proporciona. Ela enfatizou que o “Corre Kilombo” é um bom espaço para se identificar com o outro e encontrar acolhimento.

Do ponto de vista neurológico, Diana Santana esclareceu que os exercícios físicos promovem a liberação de endorfina, neurotransmissor que traz a sensação de bem-estar, reduz o estresse, melhora a cognição e aprimora o desempenho técnico e intelectual. “Eu costumo prescrever atividades físicas para os pacientes que me procuram por essas e muitas outras vantagens”, comentou.

Santana salientou que manter o corpo ativo é importante também para um envelhecimento saudável. “O fortalecimento muscular ao longo da nossa vida é algo que nos protegerá de complicações futuras.”

Humanização

A diretora da APM destacou a importância de práticas e saberes ancestrais na Medicina contemporânea, como as parteiras. Ela argumentou que, por muito tempo, a Medicina moderna teve uma abordagem centralizada em hospitais, o que acabou silenciando práticas tradicionais. “Ter esse contato e conexão, traz uma humanização, colocando o cuidado no centro da experiência da mulher, o que é extremamente benéfico”, afirmou.

Ela enfatizou que a gestação é um momento único e, muitas vezes, solitário para a mulher, destacando a importância de uma pessoa próxima que ofereça suporte e conhecimento sobre o parto e o pós-parto. Para ela, essa proximidade permite escolhas mais conscientes, voltadas para o bem-estar da mãe e do filho.

Sarah Aline abordou o emocional das mulheres negras, destacando os desafios impostos pelo contexto social. Segundo a psicóloga, muitas mulheres negras se veem obrigadas a adotar uma postura de força constante, o que dificulta o acesso a cuidados emocionais e à vulnerabilidade. “Quando falamos de mulheres negras e mães, precisamos humanizar esse processo básico de olhar para si, por mais difícil que seja”, ressaltou.

Aline apontou que o estigma de força associado às mulheres negras contribui para sua desumanização, fazendo com que o cuidado emocional seja frequentemente negligenciado.

Inspiração

Durante a entrevista, as participantes também mencionaram a importância de figuras inspiradoras na história da Saúde. Diana Santana fez referência a Maria Odília Teixeira, que foi tema de uma matéria exibida no programa. Maria Odília foi a primeira médica negra do Brasil e a primeira professora negra de um curso de Medicina no País.

Ela destacou que a trajetória de Maria Odila Teixeira simboliza a abertura de portas para futuras gerações de profissionais negras na área da Saúde, reforçando a sensação de que é possível alcançar esses espaços, mesmo enfrentando desafios significativos.

Fotos: Reprodução/TV Cultura