Na última quinta-feira, 9 de setembro, Jorge Carlos Machado Curi, diretor de Responsabilidade Social da Associação Paulista de Medicina (APM), representou a instituição em debate virtual sobre “Projetos que incentivem estudantes de Medicina a olharem para o social”, com organização da Associação Viva e Deixe Viver (Viva), parceira institucional da APM.
O médico começou a sua intervenção destacando o Prêmio Dr. Cidadão, criado e mantido pela entidade, em que são contemplados projetos de destaque nas áreas que envolvam saúde, assistência social, educação, cultura e meio ambiente, implantados por médicos ou acadêmicos de Medicina.
“Uma iniciativa que nos honra e nos alegra desde 2004, o Dr. Cidadão tem trazido à baila a importância do envolvimento social dos médicos. A Medicina não é uma coisa fria. Dizem: ‘Medicina deve ser humanizada’ – como se a Medicina pudesse ser feita de outra forma”, refletiu Curi.
O diretor da Associação afirmou também que esses valores ressaltados pelo prêmio se tornaram ainda mais importantes durante a pandemia, que nos deixou mais sensíveis por conta do distanciamento e das perdas com que temos convivido. “O Dr. Cidadão realça isso. Sempre que vejo esses trabalhos maravilhosos feitos pelos médicos e alunos, percebo a importância dos valores na nossa sociedade. O Brasil passa por um momento de questionamento dos valores, muito conflitivo. Há, entre profissionais de Saúde, ansiedade, burnout, depressão. Precisamos reagir a isso todos os dias. Além de cuidar das doenças, temos que cuidar das pessoas”, defendeu.
Abordando mais especificamente a situação das crianças neste momento de pandemia, o diretor de Responsabilidade Social da APM reforçou a necessidade de que saúde e educação sejam trabalhadas em conjunto, o que nem sempre é feito no Brasil e representa, inclusive, um desafio mundial.
Na sequência, Valdir Cimino, fundador da Viva, relembrou que durante a trajetória da instituição, sempre foi possível observar parcerias pontuais – e agora, mais constante – com a APM, constantemente preocupada com o lado social da Medicina e da atuação dos médicos. “Lá em 2001, falávamos da preocupação da humanização da Saúde e houve envolvimento de diversas associações. A APM foi ponta de lança desse processo, com uma preocupação constante. Hoje, falamos que precisamos ser humanos dentro da Saúde. Como isso deixou de existir? Quanto mais abrirmos espaço para falar de boas práticas e bons exemplos, mais o mundo melhora”, comentou.
Educação hospitalar
O evento também dedicou um tempo para discutir a atuação de Lucas Maschietto Boff, acadêmico da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, um dos vencedores, inclusive, do Prêmio Dr. Cidadão, em 2019. “Desde que entrei na faculdade, procurei me engajar em atividades que fossem voltadas ao social e humano da Medicina. A Santa Casa tem muitas oportunidades e vários projetos que ocorrem há anos. Quando entrei, já entrei no Santa Maluquice, uma espécie de ‘Doutores da Alegria’, com voluntários brincando com crianças”, relatou.
Em uma visita ao hospital com o grupo, Boff conheceu Lucas Gabriel Barbosa, um paciente que foi internado na Santa Casa aos dois anos, passando 18 anos hospitalizado. “Primeiro, era um paciente. Depois, virou amigo e irmão. Sempre o visitava. Ele dizia que queria estudar e se tornar o próximo Stephen Hawking. Foi assim que surgiu o projeto premiado pelo Dr. Cidadão.”
A iniciativa de Boff, batizada de “Retaguarda do Aprender”, realizou atividades educacionais com pacientes com doenças crônicas internados na Pediatria da Santa Casa, envolvendo uma equipe de voluntários formadas por estudantes de Medicina e de Fonoaudiologia.
Participou do evento, ainda, Luciana Bernardo, diretora-executiva da Viva, que também teve contato com Lucas Gabriel durante a sua atuação. Quando fazia pós-graduação em Cuidados Integrativos e Bem-Estar, indicaram que conhecessem o seu caso. “Procurei o Lucas e notei que já o conhecia. Quando me tornei contadora de histórias, em 2005, meu primeiro hospital de treinamento foi a Santa Casa. Fiquei comovida em conhecê-lo. Depois de bastante tempo, voltei ao hospital, conversamos sobre o estudo e pedi autorização para ele e para a família para fazer um relato de seu caso.”
Segundo Luciana, foi possível observar a relevância dessa atividade para o processo de seu tratamento, bem como do atendimento pedagógico hospitalar para a qualidade da saúde dos pacientes acamados. “Fiz um estudo perpassando desde o começo da sua problemática e descobri que o que incentivou a querer estudar foi a contação de histórias com que teve contato ainda muito pequeno, aos dois anos.”
A Viva
Fundada em 1997 por Valdir Cimino, a Associação Viva e Deixe Viver é uma organização da sociedade civil (OSC) pioneira em diversas frentes e políticas públicas. Por meio da arte de contar histórias, forma cidadãos conscientes da importância do acolhimento e de elevar o bem-estar coletivo, a partir de valores humanos como empatia, ética e afeto. A entidade também é referência em educação e cultura, por meio da promoção de atividades de ensino continuado.
Nesse sentido, conta com o canal Viva Eduque, espaço criado para a difusão cultural, educacional e gestão do bem-estar para toda a sociedade. Hoje, além dos 1.357 fazedores e contadores de histórias voluntários, que visitam regularmente 85 hospitais em todo o Brasil, a Associação conta com o apoio das empresas Pfizer, Volvo, Cremer, UOL, Safran, Santa Massa, Instituto Pensi e Instituto Helena Florisbal.
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