O diretor de Eventos da Associação Paulista de Medicina, Fernando Tallo, publicou em seu canal oficial do YouTube uma análise sobre o Exame de Proficiência em Medicina e os principais desdobramentos que a prova trará para a qualidade do ensino médico brasileiro.
O Exame, instituído por meio do Projeto de Lei nº 2294/2024, foi aprovado pela Comissão de Educação do Senado Federal, no dia 17 de dezembro de 2024, e agora segue em análise pela Comissão de Assuntos Sociais – passando, em seguida, pela Câmara dos Deputados, caso haja a aprovação do PL.
Segundo Tallo, uma das formas mais eficazes de se garantir a boa formação do médico está no estabelecimento de critérios para a abertura de faculdades de Medicina. O médico relembra que, em maio de 2024, o Conselho Federal de Medicina (CFM) executou uma análise que permitiu concluir que, de todas as cidades candidatas a ter uma escola médica no Brasil, 78% delas não tinham condições, por falta de hospitais universitários, leitos do SUS e equipes de Medicina de Família e Comunidade.
“O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entidade que avalia as faculdades de Medicina, deu nota 5 ou 4 para 91% de todos os cursos que ele avaliou [públicos e privados], ou seja, ele acha que as faculdades de Medicina avaliadas ou são de excelência ou são muito boas. Para quem conhece um pouco da graduação médica e da condição do recém-formado, eu não preciso falar mais nada”, comenta, indicando que as notas dadas são incongruentes com a realidade do ensino fornecido.
Neste sentido, a saída mais eficaz é avaliar o aluno para, assim, julgar se ele está qualificado para exercer a profissão e também verificar o nível das instituições de ensino. “A faculdade que não quer ser avaliada, evidentemente, é contra a prova, porque à medida que os seus alunos começam a ser mal avaliados, ela perde a reputação no mercado e isso é ruim para o negócio, não tem nada a ver com a população e com a assistência à Saúde.”
Para o médico, há dois grupos que serão completamente beneficiados pelo Exame. O primeiro é a população, já que o paciente corre sérios riscos com a má formação dos médicos, e o segundo são as faculdades de boa qualidade, tendo em vista que conforme os alunos forem bem avaliados, essas escolas irão demonstrar o seu comprometimento com a Educação.
“Então, eu gostaria de manifestar a minha concordância com o Projeto de Lei, o meu apoio. Ainda há um longo caminho, mas eu, sinceramente, tenho uma pequena esperança de que isso possa melhorar um pouco a formação do médico no Brasil”, complementa.
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