O Dia Mundial do Sono surgiu em 2008, por meio de uma iniciativa da Associação Mundial do Sono, no intuito de mostrar à população a importância deste indispensável estado fisiológico para a saúde física e mental. A data, que sempre ocorre em uma sexta-feira de março, muda anualmente de acordo com o equinócio do hemisfério norte e, em 2024, será comemorada no dia 15 de março.
Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, explica a relevância deste dia. “As pessoas estão dormindo cada vez menos horas porque acham que o dormir é simplesmente desligar da tomada. Na verdade, é necessário ter hábitos adequados e cultivá-los, ter higiene do sono – que não tem nada a ver com higiene, mas tudo a ver com aquilo que significa qualidade. Estamos tentando mostrar isso, que tanto o número de horas como a qualidade do sono são muito impactantes.”
Zancanella destaca que pessoas que dormem mal, seja por falta de qualidade ou pelo número menor de horas, têm um risco muito maior de sofrerem acidentes automobilísticos, infartos e de ficarem diabéticos. Também há chances de terem alterações cognitivas que afetam diretamente o humor e a dificuldade de raciocínio, além da associação a quadros depressivos e repercussões significativas na esfera cardiovascular.
O especialista explica que um sono considerado normal tem o caráter reparador e está relacionado à idade dos indivíduos. “O local em que você vai dormir, a qualidade do ambiente, luminosidade e tudo aquilo que possa se cultivar de bons hábitos ajudam a ter um sono reparador. Se você dormir depois que come, por exemplo, a qualidade do sono tende a ser muito ruim.”
Neste sentido, o médico auxilia a identificar quando há problemas relacionados ao sono. “Atualmente, todo mundo é mais ansioso e está em uma situação de estresse maior. Vamos lembrar da pandemia de Covid-19, que muita gente mudou muito aquilo que era a sua vida e, no geral, mudanças de hábito também vão impactar no sono, fazendo com que aquilo que estávamos acostumados a receber do organismo pelo dia a dia não aconteça mais, então esse é um outro fator bastante impactante dentro dessa história.”
No caso de pessoas que roncam, elas também têm a qualidade do sono comprometida, já que há momentos de parada respiratória. O médico descreve que a apneia do sono é uma doença extremamente prevalente, de modo que um estudo feito em São Paulo mostrou que 32,92% da população em idade produtiva têm um risco maior de desenvolver a condição. Todavia, há um impasse, pois apesar de o número ser significativo, muitas pessoas não sabem que roncam ou que têm apneia, dependendo de um outro indivíduo para descrever se tal situação acontece.
Para ele, a conscientização é a principal forma de melhorar o sono e conseguir fazer a população dormir, efetivamente melhor. Zancanella relembra que as pessoas têm um horário fixo para acordar, mas o mesmo não acontece com a hora de dormir, fazendo com que se flexibilize cada vez mais a hora de ir à cama.
“Então, aquela coisa de desligar o celular, a TV, sair das redes sociais, é algo que parece ser muito simples, mas que está associado à epidemia de restrição do sono nas pessoas. O número de horas dormidas tem ficado cada vez menor e não há consciência da importância do sono, das repercussões que isso traz para o dia a dia, como ganho de peso, mau humor, alteração de raciocínio e outras doenças que podem ficar muito mais complicadas. É isso que estamos tentando realmente mostrar à população, que o sono tem que ser cultivado como um hábito para a saúde adequada”, conclui.
Nos dias 17 e 18 de maio, a Associação Paulista de Medicina promove o XXI Congresso Paulista de Medicina do Sono, no Villa Blue Tree, em São Paulo. Saiba mais e inscreva-se neste link.