Nesta quinta-feira, 7 de novembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina, iniciou a 24ª edição do Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços de Saúde e a sétima edição do Congresso Brasileiro de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde. O evento vai até sexta-feira (8) e é focado no tema “Ação climática, Inteligência Artificial e Gestão de Pessoas. Qual o desafio para a área de saúde?”
Durante a abertura, o presidente da APM, Antonio José Gonçalves, salientou a honra que a instituição sente em apoiar as diversas atividades promovidas pelo CQH. “Este Congresso nos coloca frente aos desafios do futuro, que não serão poucos, e contribui para que elaboremos ideias e conceitos inovadores para enfrentarmos o cenário que nos espera no sistema de Saúde – diretamente afetado pelas mudanças climáticas e pela evolução tecnológica –, reforçando a necessidade de garantir efetividade, com profissionais preparados para atuar perante contratempos e com a capacidade de garantir brilhantismo em suas gestões.”
Jayme Malek Júnior, coordenador do Congresso, ministrou a primeira palestra do dia, “Programa CQH traduzido em tempo”, montando um histórico sobre toda a atuação do projeto. Conforme relembrou, a década de 1980 foi marcada por uma série de fatos, dentre eles, as primeiras discussões acerca de um modelo de avaliação de hospitais que fosse baseado no voluntariado e na acessibilidade. “A opinião do cliente era considerada de grande importância e a qualidade estava relacionada diretamente à satisfação do paciente.”
O CQH, propriamente dito, surgiu de reuniões iniciais realizadas entre 1989 e 1990, sendo lançado, de fato, em 1991. Com o caminhar do programa, reuniões de discussão, formação de núcleos temáticos e congressos começaram a ser realizados, possibilitando a troca de experiências entre os participantes.
“O programa sempre teve como foco a melhoria contínua de processos. Ele já foi atualizado 13 vezes, incorporando diversas melhorias e aperfeiçoamentos, seguindo o documento mãe e traduzindo para a Saúde aspectos regulamentários de legislação e sanitários. Hoje, ele é utilizado e reconhecido internacionalmente – a nossa última experiência de incorporação desse modelo foi em Moçambique”, evidenciou, recordando que os primeiros hospitais que utilizaram os requisitos propostos logo perceberam melhorias no desempenho.
Desdobramentos
Como um dos principais aspectos do Compromisso com a Qualidade Hospitalar é o voluntariado, os integrantes são capacitados para realizar avaliações não apenas de suas próprias organizações, mas também das demais, o que contribui para gerar aprendizado, conhecimento de boas práticas e troca de informações. “Importante dizer que dentro dessa iniciativa de voluntariado, existe a adesão de um código de ética que garante o sigilo de todas as informações que os voluntários têm contato.”
Com o tempo, passou a ser organizada uma comunidade de Saúde interessada na melhoria da gestão hospitalar e o propósito do programa estava sendo atingido com cada vez mais êxito. “Com a experiência adquirida, instituiu-se o Prêmio Nacional de Gestão em Saúde, dando oportunidade para os hospitais que já estavam aderindo aos requisitos e que já estavam se reconhecendo se destacarem no mercado de Saúde. Naquela época, a adoção de um modelo de gestão era uma excelente oportunidade para que a organização também se destacasse dentro de sua área de atuação.”
Por meio de assembleias – realizadas quatro vezes ao ano –, o CQH oferece aos participantes a referência de uma mediana para que cada um possa utilizar o comparativo para aperfeiçoar os seus processos e produtos. A oportunidade de troca para relatar eventuais dificuldades permite que as organizações possam passar mais rápido pelos momentos de entraves e sempre foi um benefício dessas reuniões.
“Após a adesão voluntária, as organizações que iniciam a aplicação do Roteiro do CQH estabelecem padrões para os processos principais e de apoio, com foco na segurança do paciente, estabelecem estratégias com conhecimento do mercado de atuação, consideram as partes interessadas na organização e acompanham indicadores de desempenho”, explicou Malek.
Resultados
Atualmente, o Programa CQH é baseado em oito fundamentos que se dividem entre liderança transformadora; pensamento sistêmico; compromisso com as partes interessadas; desenvolvimento sustentável; orientação por processos; adaptabilidade, sendo este um conceito recentemente instituído e muito utilizado durante a pandemia de coronavírus; aprendizado organizacional; inovação e resultados, olhados como geração de valor aos pacientes e aos demais atuantes.
O coordenador evidenciou que desde o começo, há mais de 30 anos, o CQH sempre teve a Associação Paulista de Medicina como sua mantenedora, se constituindo como uma iniciativa de responsabilidade social da entidade. Para ele, é desafiador resumir em poucas palavras toda a atuação realizada durante este período.
“A gente destaca a importância de um modelo de gestão do CQH na formação dos profissionais de Saúde. Eles se desenvolvem e se atualizam profissionalmente. Qualquer profissional que esteja hoje como voluntário da instituição sai fortalecido, desenvolvido e atualizado”, expressou.
Fotos: Reprodução evento