Comitê de Dor da APM promove a 2ª Jornada ‘A Dor de Ouvir a Dor’

O evento buscou entender os desafios dos profissionais de Saúde no alívio do sofrimento emocional e físico dos pacientes

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No último sábado, 22 de junho, a Comissão de Dor da Associação Paulista de Medicina promoveu a 2ª Jornada “A Dor de Ouvir a Dor”. O evento buscou entender as dificuldades e desafios que médicos e outros profissionais da Saúde enfrentam ao ouvir as histórias daqueles que procuram ajuda profissional para aliviar o sofrimento emocional e físico.

Telma Zakka, presidente do Comitê e responsável pela abertura do evento, agradeceu aos participantes e fez uma breve introdução sobre a jornada. “Este evento foi criado em 2021 e, inicialmente, estava inserido na ‘Jornada da Dor na Mulher’. Depois, os eventos se tornaram individuais e isolados. Espero que gostem e agradeço a todos que estão envolvidos neste encontro.”

O primeiro palestrante do dia, o neurologista e diretor Científico do Comitê de Dor da APM, Rogério Adas, explicou como o sistema nervoso interpreta a dor, elucidando a diferença entre dor crônica e dor aguda, e expondo alguns dos principais desafios enfrentados pelos médicos e demais profissionais da Saúde no tratamento de pacientes com comorbidades crônicas.

Telma Zakka

O que a dor representa?

Adas salientou que a dor é uma experiência complexa, multidimensional e multifacetada, pois cada indivíduo a sente de maneiras diferentes. Além disso, destacou que a dor faz parte de um mecanismo que protege o corpo. “É um poderoso sinal de alarme que visa nos alertar sobre alguma ocorrência irregular no corpo”, disse.

O especialista explicou que o mecanismo de alerta é ativado em caso de lesões químicas, térmicas e mecânicas, enviando um sinal para uma extensa rede de receptores no corpo que estimulam terminações nervosas. Quando detectam um sinal, que pode ser considerado nocivo ou agressivo, os tecidos emitem sintomas elétricos e químicos.

“Essa é uma experiência complexa que envolve reações desde as mais primitivas até as mais sofisticadas. Este processo complexo envolve a liberação de uma série de substâncias associadas aos processos de inflamação e reparo. É importante destacar que o mecanismo de alarme nociceptivo não é dor, pois o que o transforma em dor é o sistema nervoso central”, esclareceu.

Ragério Adas

Variações da dor

Rogério Adas definiu a dor crônica como aquela que persiste por mais de três meses. Quando a dor se torna crônica, as redes moduladoras podem se desorganizar, afetando o humor, o sono, a cognição e outras funções vegetativas, resultando em uma desorganização global do paciente. “Com isso, situações do cotidiano podem ser afetadas quando essas redes moduladoras se desorganizam, não apenas as moduladoras descendentes, mas todo o sistema.”

A dor aguda, por sua vez, funciona como uma reação do organismo a algo instantâneo, após o corpo sofrer alguma lesão, e normalmente tem um tempo determinado.

Adas também discutiu situações em que a dor pode passar despercebida. Em contextos extremos, como guerras, por exemplo, pessoas podem não sentir dor mesmo em condições graves, como ferimentos ou amputações. Isso se deve aos sistemas moduladores de dor, que podem ser influenciados por uma série de fatores, incluindo emoções e ambiente.

O neurologista destacou algumas dificuldades que os profissionais que cuidam de dores contínuas enfrentam. “O ambiente clínico frequentemente não fornece o tempo ou os recursos necessários para lidar adequadamente com a complexidade da dor crônica”, afirmou.

Além deste tópico, outras duas pautas foram abordados pelos coordenadores do evento: “Narrativas e a prática do cuidado”, com Hélio Plapler; e “Casos clínicos: o que você faria?”, com Telma Zakka. O evento ainda contou com a presença de autoras de livros para debater sobre o tema “Dor” a partir de suas obras.

Fotos: Divulgação | Reprodução do evento.