Seguindo o calendário de reuniões com representantes das sociedades de especialidades médicas, na última segunda-feira (13), a Associação Paulista de Medicina recebeu membros do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) – Capítulo São Paulo. O encontro teve como objetivo ouvir as principais demandas da Cirurgia, além de reforçar a importância do vínculo entre a APM e as sociedades de especialidades.
A reunião contou com a participação de Elias Jirjoss Iliás, mestre do CBC-SP, Wilson Rodrigues de Freitas Junior, tesoureiro, e Ricardo Tadashi Nishio, membro da Comissão Científica da entidade. Eles foram recepcionados pelo presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, que participou através de chamada de vídeo; Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da Associação; e Antônio José Gonçalves, 2º vice-presidente da APM e secretário-geral da Associação Médica Brasileira.
Iniciando a conversa, Amaral recordou brevemente a história de parceria da instituição com as sociedades de especialidade. “Esperamos que o fortalecimento destes laços tenha um resultado efetivo por colocar as sociedades de especialidade como as responsáveis por dar as palavras iniciais e finais nas sugestões que englobam as suas determinadas áreas. Cada uma delas tem uma maneira diferente de ver a Saúde, por isso, queremos que os colegas cirurgiões nos ofereçam as suas perspectivas de futuro.”
Em seguida, Gonçalves indicou que o poder médico de tomada de decisões, negociações e científico está concentrado nas sociedades de especialidade e, por isso, é fundamental se aproximar de cada uma delas. Ele pontuou que, atualmente, a AMB possui 37 mil sócios, o que representa apenas 5% dos médicos do País. Além disso, destacou também o declínio na participação de jovens médicos no movimento.
“A APM é basicamente a responsável por dar substância à AMB, porque possui uma atuação muito forte em nível nacional. Neste sentido, o CBC-SP também tem uma influência muito forte, e a ideia é ter pautas conjuntas para que a gente possa fazer um movimento médico cada vez mais forte através das sociedades”, explicou.
Além disso, o vice-presidente da APM também destacou a necessidade de haver um bom alinhamento político, estando as entidades constantemente em contato com parlamentares – a fim de trazer uma frente que ande no mesmo ritmo que a classe médica, entendendo e respeitando suas principais demandas e necessidades.
O superintendente de Estratégia e Marketing da Associação, Jorge Assumpção, apresentou a estrutura, serviços e benefícios da entidade para os representantes da sociedade de especialidade – bem como falou sobre as demais unidades de negócio: Residencial, IESAPM (Instituto de Ensino Superior) e Hotel Fazenda.
Posicionamento dos cirurgiões
De acordo com Elias Iliás, o CBC-SP e a APM, juntos, têm uma parceria que já dura anos, sempre havendo um apoio mútuo entre ambas as partes. Desta maneira, destacou algumas das principais preocupações da especialidade no âmbito da Medicina atualmente, reforçando a necessidade de investimento na formação de profissionais qualificados.
“Precisamos olhar para as faculdades de Medicina. Eu acredito que nós perdemos a batalha no sentido de tentar conter o número altíssimo de novas escolas. Sendo assim, a gente destaca a necessidade de haver um exame, como o da OAB, por exemplo, para limitar e saber quem está qualificado para entrar no mercado da Saúde ou não”, destacou.
Conforme o cirurgião indica, a aplicação de um possível exame de proficiência teria um impacto direto na graduação, visto que a demanda por faculdades médicas com um baixo índice de aprovação na referida prova iria diminuir, levando em consideração que os futuros profissionais não aceitariam estudar em locais de baixa competência.
Além disso, outro fator que preocupa os membros do CBC-SP é em relação ao SUS. Atualmente, os profissionais da Cirurgia vêm lutando para inserir a videocirurgia na rede pública – demanda altamente requisitada por setores como oncologia e bariátrica, por exemplo, já que o procedimento passa a ser minimamente invasivo, diminuindo as chances de riscos e adversidades.
“Também temos mais um embate em relação à residência médica. Temos mais de 30 mil médicos despejados no mercado por ano, e não tem residência para todo mundo. Então, acho necessário que se aumente o número de bolsas na residência médica. E temos que prestar atenção no que está sendo aprovado, porque a residência também precisa de reformas, como no banco de horas, que atualmente é muito curto, fazendo com que o cirurgião residente saia malformado e inexperiente”, elucidou.
Projeto Acerto
Durante a reunião, ainda foi firmada parceria entre a APM e o CBC-SP no intuito de desenvolver iniciativas do Projeto Acerto, de forma a amplificar a promoção de Saúde entre os setores da Medicina. O presidente da APM destacou alguns dos principais objetivos desta proposta.
“O Projeto Acerto quer promover na Associação uma interação entre um aplicativo e um curso de Telemedicina de preparo prévio no pré e pós-operatório do paciente cirúrgico. No entanto, isso só teria sentido se a gente tivesse a oportunidade de realizar esse feito junto ao Colégio Brasileiro de Cirurgiões, porque teríamos que reunir um grande número de especialistas para contribuir em tirar o plano do papel”, descreveu.
Por fim, Amaral finalizou evidenciando a importância da assessoria jurídica aos médicos. “Infelizmente, há muitos anos temos a situação de médicos sendo processados e tivemos a percepção de que precisávamos defendê-los. O alto número de demandas judiciais acaba inflacionando a área jurídica, o que representa o encarecimento da Medicina e a deterioração do relacionamento entre médico e sociedade”, concluiu.
Fotos: Marina Bustos