CMIO: Aula do GS APM 2023 apresenta ponto de vista de diferentes lideranças

Dando continuidade às apresentações do terceiro e último dia do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que ocorreu na quarta-feira, 22 de novembro, houve um painel dedicado aos Chief Medical Information Officers

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Dando continuidade às apresentações do terceiro e último dia do Global Summit Telemedicine & Digital Health APM, que ocorreu na quarta-feira, 22 de novembro, houve um painel dedicado aos Chief Medical Information Officers. Fábio Lário, gerente médico de Informática Clínica no Hospital Sírio-Libanês, foi o moderador da mesa e responsável pela apresentação da palestra sobre “Prontuário Eletrônico: instrumento de trabalho ou de esgotamento? O que o médico deve saber para ganhar tempo e eficiência em sua utilização”.

De acordo com ele, a usabilidade do registro eletrônico de Saúde gera diversos ganhos, todavia, é preciso começar a trabalhar a questão do uso e medir a satisfação dos profissionais. “Quanto mais o profissional está satisfeito com o uso, melhor é a atuação do hospital. Quando medimos o sistema, em geral, temos o fornecedor, a equipe interna e o usuário responsável por 46% da satisfação. Médicos são fundamentais para que sistemas, pessoas e processos possam ser utilizados adequadamente e com segurança. Comitês clínicos e informática clínica permeiam todos os processos, garantindo segurança e governança, possibilitando a melhoria de treinamento de sistemas pelas equipes e a implementação nos hospitais”, explicou.

Lário reforçou que, em uma visão de futuro, a ideia é que o prontuário seja do paciente e não do hospital, dando autonomia e possibilitando proteção de dados. “Só quando o paciente for dono daquela informação é que vamos ser capazes de regulamentar um sistema efetivo. Para isso, precisamos adotar os padrões de interoperabilidade para que eles conversem de forma fluída. Precisamos utilizar a tecnologia de forma hábil para aprimorar e revisar os processos.”

Papel do Médico

Em seguida, Leandro Costa Miranda, especialista em informática em Saúde e médico intensivista, apresentou “O Papel do Médico como Agente de Transformação Digital”. Para ele, é fundamental relembrar que a transformação digital surgiu com as Revoluções Industriais, que trouxeram processos com mais energia, mecanização, produção em massa e computação – possibilitando, assim, a automação. É um processo que não parou e não vai parar, uma vez que entrega valor e faz com que a Medicina seja completamente focada no paciente.

“Transformar para a entrega de valor não é só digitalizar, precisamos mudar processos e revisar o que está acontecendo. É uma mudança de fluidez para centrar no usuário algo cada vez mais ágil para quem está usando lá na ponta. É uma Saúde cada vez mais personalizada, que trabalha em equipe para resolver os problemas do dia a dia. O especialista tem que se sentir seguro para falar do suporte à decisão necessário, temos que nos envolver para trazer isso.”

Para tal transformação ser frutífera, Miranda define que é preciso que todos os profissionais da Saúde estejam participando e alinhando estratégias. “Todo mundo tem o seu papel, não importa o nível que você está. Isso é o nosso futuro, é o que vai nos levar para a frente e vai fazer com que ofertemos uma Saúde de melhor valor para quem é o centro disso tudo, que é o paciente.”

Medicina e Tecnologia de Informação

“CMIO representa o líder de informática clínica dentro de uma instituição. É mais do que simplesmente uma posição, mas ele está representando aquele médico que está totalmente dedicado para os processos de transformação digital”, disse Claudio Juliano, CEO da Folks, ao iniciar sua apresentação sobre “Retorno de Investimento em Saúde Digital: como o médico (CMIO) pode apoiar o diretor de TI”.

Conforme o especialista, somente 6% dos processos brasileiros têm algo que é possível chamar de CMIO, demonstrando que no País ainda há muito a se evoluir. “O CMIO vai dialogar com quem entende do assunto, entender a estratégia da instituição, falar de negócios e transitar. No meio, passa pela parte assistencial e operacional da instituição e tem um desafio enorme de se fazer um meio de campo entre essas áreas todas, porque ele vai precisar ser esse par e interagir com o CIO. Enquanto um está olhando a tecnologia, o outro está olhando a parte clínica. Uma dupla dessas consegue entregar muito mais valor.”

Para Juliano, a boa notícia é que este é um campo em que há muito trabalho para ser feito, exemplo disso é que somente no Canadá, pesquisas demonstraram a necessidade de haver 32 mil funcionários da área da Saúde, se consolidando como uma oportunidade de se formar mais pares ou equipes.

“A qualidade da equipe que lidera essa mudança é uma forma de entregarmos um projeto de transformação digital que tenha um impacto positivo. Conhecer o negócio, ter capacidade técnica e uma boa equipe para isso é fundamental para o êxito. Entregar valor para o paciente ter uma jornada de maior satisfação e com menos erros por parte do profissional de Saúde é feito por um profissional qualificado como o CMIO, que vai fazer uma grande diferença nesse processo, impulsionando e gerando muito mais valor para a Saúde”, salientou.

Inteligência Artificial

Por fim, a head de Inovação na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e diretora da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, Paula Fuscaldo Calderon, trouxe as diferentes abordagens voltadas para “Inteligência Artificial em Saúde: Explorando Fronteiras e Potencialidades para a Medicina”.

Segundo a palestrante, a IA já está trazendo uma transformação positiva para a Saúde. Tais benefícios são ocasionados por causa do grande volume de dados armazenados e processados, contribuindo para o suporte de decisão clínica dos médicos, impulsionando a pesquisa e promovendo diagnósticos mais rápidos, precisos e assertivos, além de trazerem previsão de doenças e permitir que se atue cada vez melhor na Medicina Preventiva.

Paula relembrou que o termo “machine learning” é o mais comentado no ramo da inteligência artificial e que, apesar de ser algo muito antigo, está em alta atualmente. “Estamos falando disso agora por causa do advento do big data, que permitiu avançar em outras áreas. A partir do momento em que tenho um grande volume de dados, consigo usar ferramentas analíticas, criar padrões e fazer análises.”

A especialista destacou que a Inteligência Artificial pode ser utilizada como suporte de decisão clínica, no manejo do paciente e na interpretação de dados clínicos e resultados uma vez que está diretamente interligada com outras áreas de conhecimento inseridas na Saúde e na Tecnologia.

“A IA veio como uma ferramenta para otimizar o trabalho do médico, porque o cuidado com o paciente, conversar com ele, entender a sua angústia, o ajudar e ter empatia é algo muito particular do ser humano, que tecnologia nenhuma pode substituir. Superados todos os desafios, a IA gera muitas oportunidades para os profissionais da Saúde”, finalizou.

Confira os principais destaques do terceiro dia do GS APM 2023 neste link e as fotos aqui.

Texto: Julia Rohrer

Fotos: Marcos Mesquita Fotografia