Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou um Boletim Epidemiológico sobre o cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito de 2011 a 2021. As lesões de trânsito são um importante problema de saúde pública global, estando entre as dez principais causas de morte em países de baixa e média renda. O custo estimado com acidentes de trânsito para a sociedade é de cerca de R$ 50 bilhões por ano, a maior parte relativa à perda de produção das vítimas, seguido pelos custos hospitalares.
Estas lesões foram responsáveis, no Brasil em 2020, por mais de 190 mil internações nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e conveniados, sendo que 61,6% eram de motociclistas. Em relação à mortalidade, foi a primeira causa na faixa de 5 a 14 anos, e a segunda nas faixas de 15 a 39 anos, no total de 32.716 óbitos, dos quais 36,7% eram motociclistas.
Ao longo de 11 anos, os índices relacionados à mortalidade devido aos acidentes de moto no Brasil mantêm-se na média de 5,8 mortes por 100 mil habitantes. Este cenário já foi menos preocupante nas décadas anteriores, porém, o quadro se agravou a partir dos anos 2000, quando a alta produção de motocicletas cresceu expressivamente, passando de 1 milhão de veículos produzidos para aproximadamente 2,5 milhões.
De acordo com o documento, os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm as maiores taxas de incidência, tendo o Piauí o com maior número de acontecimentos, tanto de mortalidade quanto de internações, 17,6 e 17,4 casos por 100 mil/hab., respectivamente. Logo em seguida, aparecem Mato Grosso (14,7 mortes por 100 mil/hab.) e Tocantins (13,8 mortes e 13,6 internações por 100 mil/hab.).
Em contrapartida, as regiões com o menor número de fatalidades são Rio de Janeiro, 1,9 mortes por 100 mil/hab. e Distrito Federal, 2 mortes por 100 mil/hab. Já em internações, Rio Grande do Sul e Amazonas possuem as menores incidências, 1,7 e 2,4 por 100 mil/hab., nesta ordem.
Principais fatores ligados à mortalidade
Pesquisas indicam que na Região Nordeste, apenas 68,6% dos motociclistas afirmam usar equipamentos de segurança, índice muito abaixo se comparado com o Sul do País, que apresenta o maior porcentual (95,7%).
Uma parte significativa das mortes por acidentes de moto acontece por razão do não uso de capacete, mesmo com a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, Art. 1º, dizendo que “É obrigatório, para circular nas vias públicas, o uso de capacete motociclístico pelo condutor e passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado, devidamente afixado à cabeça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate, por debaixo do maxilar inferior”.
Outro ponto relevante é que, segundo a legislação brasileira, é permitido que somente adultos acima de 18 anos de idade, que possuem Carteira Nacional de Habilitação, possam conduzir veículos terrestres elétricos. Contudo, essas leis não são seguidas à risca, e o Boletim do Ministério da Saúde aponta que a idade e a inexperiência dos condutores estão ligadas diretamente aos episódios de acidentes.
Condições insalubres de pavimento corroboram para os acidentes, exclusivamente nas ruas e marginais, dificultando o transporte. Segundo estudos da Confederação Nacional de Transportes (CNT), as deteriorações das estradas no Brasil são frequentes, sobretudo por causa do clima e alto fluxo de automóveis. Com isso, os veículos de duas rodas são os mais prejudicados.
Impacto na infraestrutura familiar
De acordo com os dados publicados, mais de metade dos acidentes envolvendo transportes terrestres que acontecem no Brasil são com motocicletas. E além de serem prejudiciais para as pessoas envolvidas diretamente, ainda prejudicam de forma indireta a Economia do País e as famílias dos acidentados.
Atualmente, uma grande quantidade de indivíduos utiliza o meio de transporte em duas rodas para gerar renda e até sustentar a família, este consolida-se como um dos primeiros fatores prejudiciais, já que o incidente impossibilita a pessoa por algum tempo, ou definitivamente de usar o meio para garantir rendimentos, afetando toda uma comunidade; outra questão são os custos muito altos com medicamentos e tratamentos que vem por consequência.