No último dia 27 de março, a Associação Paulista de Medicina realizou webinar coordenado pela Regional de São José dos Campos, uma das maiores representantes da APM no interior, que trouxe para a discussão o tema “Atualização em doenças infecciosas pediátricas e novidades do congresso PIDS (Pediatric Infectious Diseases Research Conference) de 2024”.
O presidente da APM, Antônio José Gonçalves, abriu o encontro dando boas-vindas e agradecendo a presença da diretora Científica adjunta da APM, Marianne Yumi Nakai, da diretora Científica da APM de São José dos Campos, Ana Carolina Redondo de Carvalho, e da palestrante Fabianne Carlesse, chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Instituto de Oncologia Pediátrica GRAAC/Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
“O webinar de hoje, apesar de ser um público mais direcionado, interessa todos os médicos. Infecção é um assunto extremamente importante, sendo algumas mais comuns na infância”, acrescentou Gonçalves.
Fabianne Carlesse iniciou sua apresentação agradecendo o convite. “É uma honra estar aqui com todos vocês para falar sobre doenças infecciosas em Pediatria. A ideia aqui não é dar uma aula, mas trazer as principais atualizações obtidas no Congresso de Infectologia Pediátrica da Sociedade de Infectologia Pediatria dos Estados Unidos. Irei apresentar alguns destaques e estou à disposição em caso de dúvidas”, pontuou.
Entre os itens citados pela médica estão a situação global da dengue e a vacinação; novos antifúngicos; microrganismos multirresistentes; e o uso de antimicrobianos.
Dengue
O cenário da dengue, segundo Fabianne, indica aumento expressivo dos casos, com 400 milhões de infecções por ano, sendo 100 milhões sintomáticas e mais de 50 mil mortes em 2023. “É importante falar que se trata de uma preocupação mundial”, destacou.
De acordo com ela, nos Estados Unidos a dengue é considerada endêmica em seis territórios – estados associados americanos (Samoa Americana, Micronésia, Ilhas Marshall, Palau, Porto Rico e Ilhas Virgens). “A doença, em sua maioria, mostra que mais de 90% dos casos ocorrem em pacientes que visitaram locais considerados endêmicos. Por isso, a necessidade e urgência de controlar o vetor”, completou.
Com aumento dos casos, é importante reforçar o uso de repelentes, roupas compridas e telas nas residências. “Entretanto, a vacinação é o grande foco. Hoje, existem algumas recomendações sobre vacinas e fala-se muito da vacina Qdenga – já aprovada para uso no Brasil e recomendada para indivíduos que vivem em locais com alta prevalência da doença. A vacina é indicada para a faixa etária entre 10 e 14 anos”, acrescentou Fabianne.
Novos antifúngicos
Cândida e Aspergillus são os agentes mais frequentes. Quando se fala em antifúngico, é interessante entender qual é o mecanismo de ação. “Temos muitos novos antifúngicos, mas, na Pediatria, o que está mais perto da gente é Isavuconazol, que já foi liberado lá fora e estamos aguardando a aprovação no Brasil. Os outros ainda estão muito longe”, complementou.
Fabianne também falou sobre as infecções por microrganismos multirresistentes comunitários e citou que os casos nos Estados Unidos estão aumentando, chegando a alcançar cerca de 3 milhões de infecções por ano, com aproximadamente 35 mil óbitos. Além disso, há um alto custo nisso – 4,8 bilhões de dólares anualmente. “A faixa etária que mais pega é entre 1 e 5 anos”, esclareceu.
Outros webinars estão programados e serão moderados por membros das diretorias das Regionais, no sentido de interiorizar a APM. “Quero agradecer a colega Fabianne Carlesse pela clareza das explicações e a importância que deu nos pontos fundamentais extraídos do congresso”, finalizou Antônio José Gonçalves.