Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, pelo menos 6,9 milhões de mulheres sofrem complicações de aborto a cada ano, em todo o mundo, podendo variar de leve (sangramento leve) a grave (sepse ou danos aos órgãos internos). Neste último caso, pode estar associado a procedimentos inseguros.
Em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que aproximadamente 13% das mortes maternas em todo o mundo foram devido a abortos inseguros, equivalente a 47 mil óbitos. No Brasil, o aborto está entre as cinco principais causas de mortalidade materna.
No período de 2010 a 2021, de um total de 774 óbitos por aborto notificados ao SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), 60% ocorreram em mulheres com menos de 30 anos. Durante a pandemia de Covid-19, de 2020 a 2021, foram 49%.
Neste mesmo período, 62% dos óbitos por aborto foram de mulheres negras (52% de pardas e 10% de pretas). No entanto, a vigilância do óbito materno no País tem dois grandes desafios: o subdiagnóstico – quando o óbito é registrado com outra causa de morte; e a subnotificação – quando o óbito não é notificado ao SIM.
Dados
Desde 2008, o Ministério de Saúde intensificou esforços para ampliar, estruturar e fortalecer ações de vigilância dos óbitos, buscando aprimorar a captação e a qualificação das informações sobre mortalidade materna. O Brasil dispõe, desde 2010, de dados sobre mortalidade materna, incluindo aquela relacionada ao aborto.
Assim, este trabalho objetiva analisar a evolução da mortalidade materna relacionada ao aborto no Brasil, no período de 2010 a 2021, com dados preliminares para o último ano. O País apresentou aumento acentuado da RMM (Razão de Mortalidade Materna) nos últimos anos, variando de 57,9 óbitos maternos em 2019 para 74,7 em 2020 e 107,7 em 2021.
