O Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) em São Paulo já identificou a presença de Candida auris, um superfungo resistente a medicamentos, em 15 pacientes. De acordo com a instituição de saúde, a infecção ativa foi detectada em apenas um deles, de 73 anos. Esse paciente faleceu, mas, segundo o HSPE, o óbito “foi por causado complicações cirúrgicas e não em razão da infecção do fungo”.
Nos demais casos, o microorganismo foi detectado por meio de uma ação de vigilância do hospital, mas os pacientes não desenvolveram a infecção.
“De acordo com o preconizado pelos órgãos de vigilância, a unidade segue realizando coletas mensais por seis meses para análise do cenário. Semanalmente, o HSPE se reúne com a Anvisa para relatar as ações e os resultados das coletas, reforçando as normas de controle de infecção em todo o hospital”, diz o comunicado.
O Candida auris tem motivado alertas das autoridades de saúde pelo mundo por ser resistente aos medicamentos antifúngicos comuns e, com isso, apresentar uma alta letalidade. Estimativas apontam que de 30% a 60% dos contaminados morrem em decorrência da doença.
O que é Candida auris?
O C. auris é um superfungo resistente que foi descoberto no mundo 11 anos antes de chegar ao Brasil, em 2009, no Japão, no ouvido de uma paciente. A origem exata do microrganismo, porém, ainda é pouco conhecida.
Com alta de 894% nos casos, vírus da febre oropouche que circula no Brasil pode ser uma nova variante
Pesquisadores atribuem o surgimento e a disseminação às mudanças climáticas e ao aquecimento global. Na maioria dos casos, ele acomete pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como idosos e imunossuprimidos, em ambientes hospitalares.
Como é a transmissão do Candida auris?
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, o mecanismo de transmissão do C. auris dentro dos serviços de saúde ainda não é totalmente conhecido. No entanto, evidências iniciais sugerem que ela se dissemina no serviço de saúde por contato com superfícies ou equipamentos contaminados de quartos de pacientes colonizados/infectados, sendo, portanto, fundamental reforçar as medidas de prevenção e controle com ênfase na higiene das mãos e limpeza e desinfecção do ambiente e equipamentos.
Nos Estados Unidos, o fungo foi identificado pela primeira vez em um hospital de Nova York, em 2016. Desde então, tem crescido de forma dramática, o que levou CDC a emitir um alerta no ano passado sobre como a C. auris se espalhou em uma “taxa alarmante” durante a pandemia.
Ao longo de 2022, foram 2.377 casos clínicos, um crescimento de mais de mil diagnósticos em relação aos 1.474 registrados no ano anterior, além de um aumento de 397% em relação aos 478 casos identificados em 2019. Além disso, o fungo chegou a mais da metade dos 50 estados americanos.
Candida auris mata?
O CDC também aponta que quase metade dos pacientes que contraem Candida auris morrem em 90 dias. Mas, na época do alerta, Meghan Lyman, médica de doenças micóticas do CDC, destacou que uma razão para a alta letalidade é que as pessoas infectadas também estão lidando com vários outros problemas de saúde, já que costumam estar internadas por outros motivos.
Fonte: O Globo