Implante cerebral devolve movimentos a paciente com doença de Parkinson

Um dos maiores desafios da doença de Parkinson é lidar com os sintomas, que vão desde os conhecidos tremores nas mãos até alterações na fala e falta de equilíbrio. 

Saúde e sociedade

Um dos maiores desafios da doença de Parkinson é lidar com os sintomas, que vão desde os conhecidos tremores nas mãos até alterações na fala e falta de equilíbrio. 

Porém , um a equipe do Hospital Southmead, em Bristol, no Reino Unido, conseguiu implementar com sucesso um a nova tecnologia capaz de reverter esses sinais, anunciaram os cientistas.

O primeiro paciente a receber um implante do menor aparelho de estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla cm inglês) do mundo contou estar há um ano com os sintomas controlados: “é um a ótima maneira de devolver a vida a alguém ”. Tony Howells participou dos estudos clínicos iniciais envolvendo o aparelho, em novembro de 2020 , e continuou a ser monitorado durante o ano seguinte para que os pesquisadores pudessem avaliar os efeitos do implante no cotidiano.

“O impacto foi incrível, a distonia contrações musculares involuntárias). que é um dos efeitos colaterais da medicação, passou. Agora consigo andar duas milhas (3,22 km) ou mais. enquanto, antes do DBS, eu chegava a cerca de 2 0 0 jardas (180 metros) e precisava descansar. Voltei a jogar golfe, não tão bem quanto antes, mas isso provavelmente se deve à velhice; mas pelo menos voltei a jogar. Di2er que estou feliz por ter o DBS é um eufemismo”, contou o participante em comunicado do hospital.

O presidente da Associação Brasileira de Neurologia (ABN). Carlos Roberto Zeider, explica que o implante em miniatura é um a nova tecnologia anim adora que pode facilitar a adesão das pessoas ao método de tratamento. Porém, destaca que o procedimento não é indicado para todos os pacientes que recebem o diagnóstico.

— Ele funciona bem para pacientes em que a medicação age de forma transitória ou com muitos efeitos colaterais. Ano após ano, agente tem visto avanços tecnológicos nesses aparelhos. Masele não é uma indicação para todos, é especialmente eficaz para redução de tremores, mas não melhora aspectos não motores que podem ser consequência da doença, como depressão, aspectos cognitivos, de memória, por exemplo — diz Zeider.

COMO FUNCIONA

O implante é utilizado principalmente para melhorar os trem ores e outros sintomas relacionados aos movimentos que não são bem controlados pela medicação. Os aparelhos são regularizados em diversos locais do mundo, mas tém poucos adeptos pelo alto custo e pelos modelos atuais demandarem um longo procedimento cirúrgico para fixação, além de envolverem a colocação de um a bateria sob a pele na região do peitoral, que pode ser um incômodo.

O novo dispositivo testado pelos cientistas britânicos, desenvolvido pela empresa Bioinduetion, é o primeiro implante de estimulação cerebral em miniatura, com cerca de um terço do tamanho dos aparelhos convencionais. Isso possibilita que a bateria seja colocada diretamente no crânio, tornando toda a tecnologia invisível no dia a dia. além de causar menos desconforto por não envolver fios que descem pelo pescoço até o peito.

O DBS atua liberando impulsos elétricos diretamente para áreas específicas e profundas no cérebro, que são mapeadas pelos cientistas para que o impacto substitua padrões anormais de disparo das células que são alterados pelo quadro. Isso porque o Parkinson é um a doença degenerativa causada pela diminuição na produção de dopamina, um neurotransmissor que atua na comunicação entre as células do cérebro.
— A falta da dopamina faz com que alguns núcleos cerebrais fiquem com a ação desregulada. Esse implante substitui os estímulos químicos, em falta pela diminuição da substância, por estímulos elétricos — explica Zeider.

FUTURO PROMISSOR

Os pesquisadores afirmam que o sucesso do novo implante possibilitará um tratamento muito mais fácil para as pessoas com a doença de Parkinson. Hoje, o estudo conta com 25 participantes que receberão o dispositivo e serão acompanhados no próximo ano.

“Estamos muito satisfeitos com a forma com o esse primeiro caso transcorreu na sala de cirurgia e com o os sintomas do paciente melhoraram no último ano. Estamos esperançosos de que. se essas descobertas persistirem , teremos um avanço técnico significativo para melhorar o tratamento de Parkinson em todo o mundo”, afirma o neurologista líder da pesquisa, Alan W hone, em comunicado.

Tony, o primeiro paciente, foi diagnosticado com a doença há nove anos, quando percebeu um pequeno tremor na mão direita. “A parte mais difícil de aceitar é o declínio nas atividades diárias, com o amarrar cadarços, levando trés ou quatro minutos em vez de segun­dos. Quando ouvi sobre o DBS, foi um a maneira de fazer algo para me ajudar a ser capaz de fazer essas coisas de novo, um a maneira de reagir”, afirma o participante.

Ele decidiu participar dos testes clínicos do novo modelo justamente por ele ser em miniatura. E destaque a cirurgia durou cerca de três horas a menos se com ­ parado à de um modelo convencional. “Fiquei feliz em ser aceito no estudo. A cirurgia foi rápida e, para minha surpresa, quando acordei não tinha dor. Fui operado na quarta-feira fui para casa na quinta à tarde, me sentia cansado, mas ainda não sentia dores”, diz Tony, no comunicado.

Os cientistas não informaram quanto tempo dura a bateria do implanteantes de precisar ser substituída. Dispositivos semelhantes com ou trasfuncionalidades, como alguns testados para depressão, funcionam por cerca de dez anos, porém costumam ser maiores.

Além dos implantes, os tratamentos usados hoje contia o Parkinson envolvem remédios que atuam na reposição de dopamina. Porém , eles não conseguem reverter a degeneração das células, por isso muitos cientistas buscam outros caminhos.

Recentemente, pesquisadores dos institutos de Ciências Biomédicased c Química da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Toronto , no Canadá, criaram um substância sintética capaz de diminuir em cerca de 6 0 % a morte celular cerebral causada pela doença em camundongos.

Fonte: O Globo