Pesquisadores da Universidade do Porto e médicos do Instituto Português de Oncologia (IPO) desenvolveram um método que pode permitir um diagnóstico precoce de câncer renal.
Um estudo feito no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) apontou que foram identificados biomarcadores que podem antecipar a presença de carcinoma (tipo de câncer que se desenvolve em células epiteliais que recobrem a pele e a maioria dos órgãos) de células renais, a forma mais comum do cancro do rim.
Com a descoberta, publicada na revista científica “Cancers”, aumenta a probabilidade de os doentes receberem tratamento no tempo certo. O cancro renal é um dos tipos mais comuns e letais, principalmente entre homens. Entre os pacientes com o diagnóstico, de 20 a 30% apresentam metástases (células que se desprendem formando novos tumores) no momento do diagnóstico, segundo o instituto.
Para o estudo, os especialistas recorreram à tecnologia “digital droplet PCR” (ddPCR, ou “reação em cadeia da polimerase digital”, em tradução livre) para quantificar o material genético, uma vez que esta técnica é “mais sensível, robusta, rápida e econômica do que as técnicas convencionais”. Com a tecnologia, os pesquisadores conseguiram identificar no plasma “microRNAs”, que são pequenas moléculas de RNA que, apesar de não levarem à produção de proteínas, fazem parte de diversos processos fisiológicos.
— Este estudo analisou, pela primeira vez, a presença de microRNAs em amostras de plasma de doentes de cancro renal por ddPCR, uma combinação muito bem-sucedida e que mostrou resultados altamente promissores — afirmou o instituto da Universidade do Porto, em comunicado.
A pesquisa durou dois anos e analisou 124 amostras de pessoas com carcinoma de células renais, permitindo a identificação de “tumores em estágio, localizado com uma sensibilidade de quase 90%”, reduzindo os falsos negativos e permitindo avançar com tratamento curativo (cirurgia).
— Foi possível também identificar os doentes com subtipo de carcinoma renal mais comum e um dos mais agressivos, o carcinoma de células claras, nos quais uma detecção precoce é de grande importância — destaca o estudo.
Um dos autores do trabalho, José Pedro Sequeira, mestre em oncologia pelo ICBAS, afirma que os resultados obtidos com a investigação “têm um grande potencial para serem aplicados”.
— Agora, será necessário completar o estudo com mais amostras, com a sua realização em vários centros hospitalares e com populações diferentes, para, posteriormente, se poder avançar com a utilização desta técnica para detecção precoce da doença — acrescenta.
Fonte: O Globo