Nos Estados Unidos, 10% das mulheres entre 15 e 49 anos usam atualmente alguma forma de contracepção reversível de longa duração, uma categoria que inclui dispositivos intrauterinos, ou DIUs. No Brasil, apenas 8% usam o modelo de cobre.
Pesquisas indicam que a grande maioria das mulheres com DIU está satisfeita, mas algumas acham o processo de inserção doloroso.
— Foi a coisa mais dolorosa que já fiz— diz Amy Halldin, de 40 anos, que colocou um DIU na semana passada. — Comecei a suar e vomitei.
Ela não está sozinha. Muitas pacientes e profissionais de saúde vêm usando redes sociais como o TikTok para chamar a atenção sobre a colocação do DIU — e defender formas mais efetivas para o controle da dor.
O DIU é um tipo de contraceptivo de ação prolongada reversível. O pequeno dispositivo em forma de T é colocado no útero e deixado no local para evitar a gravidez entre três e 12 anos, dependendo do tipo. É uma das formas mais eficazes de controle de natalidade, em parte porque diminui as chances de erro humano — ao contrário, por exemplo, da pílula anticoncepcional, que deve ser tomada diariamente.
— Os DIUs são realmente seguros e altamente eficazes — garante Sarita Sonalkar, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade da Pensilvânia.
Existem tipos hormonais e não hormonais. Os hormonais (Mirena, Kyleena, Liletta e Skyla são as marcas disponíveis nos EUA) usam o hormônio progesterona para prevenir a gravidez e funcionam espessando o muco no colo do útero para impedir que o esperma chegue ao óvulo. Eles também podem suprimir a ovulação. Já o DIU de cobre, que não depende de hormônios, é envolto em um pequeno pedaço de cobre que é tóxico tanto para o esperma quanto para os óvulos.
O DIU também pode ser uma forma eficaz de contracepção de emergência caso o dispositivo seja colocado em até cinco dias após o sexo.
Para inseri-lo, um médico coloca um espéculo na vagina e, em seguida, usa um tubo de inserção especial para passar o dispositivo através da abertura do colo do útero até o útero. O processo normalmente leva alguns minutos. Alguma dor é mesmo esperada.
—A maioria das mulheres tolera muito bem a inserção, embora possam surgir cólicas moderadas. Portanto, tomar ibuprofeno ou paracetamol uma hora antes da inserção pode ajudar — explica Margaret Boozer, professora do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade do Alabama.
As mulheres que consideram colocar um DIU devem ter uma conversa franca com um profissional de saúde, incluindo possíveis benefícios e efeitos colaterais, assim como seu histórico pessoal e objetivos de planejamento familiar.
Mas também é importante saber sobre o procedimento em si. Por isso conversamos com ginecologistas obstetras sobre como elas podem se preparar.
Quais as minhas opções de controle da dor?
— A inserção do DIU pode ser dolorosa para algumas pessoas, mas existem intervenções — diz Sonalkar. — Acho muito importante saber que os médicos podem oferecer anestésicos locais no momento da inserção. E isso mostrou diminuir significativamente a dor.
Pergunte ao seu médico quais opções de gerenciamento de dor ele oferece. Não há como prever com certeza qual será sua experiência pessoal, mas existem fatores que os profissionais de saúde podem usar para fazer um palpite. A professora de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Oregon Maria Rodriguez, por exemplo, diz que geralmente pergunta a suas pacientes como são seus ciclos menstruais e como lidam com fortes cólicas.
Ela também avalia se já passou por parto normal antes. Alguns especialistas acreditam que as inserções do DIU são mais fáceis e menos dolorosas entre as mulheres que o fizeram, porque o colo do útero está dilatado.
Há médicos que prescrevem um medicamento por via oral antes da colocação, para ajudar a dilatar o colo do útero, mas as pesquisas que analisam segurança e eficácia da técnica não foram conclusivas.
E se eu estiver ansiosa?
— Para as mulheres que tiveram um histórico de trauma, gosto de conversar sobre o que precisam para se sentirem confortáveis e seguras enquanto estou fazendo qualquer tipo de exame, e isso inclui a colocação de DIU — afirma Rodriguez. Ela acrescenta que é importante que as mulheres saibam que sempre podem pedir ao médico que pare.
Jonas Swartz, professor de obstetrícia e ginecologia da Duke Universit, na Carolina do Norte, disse que às vezes oferece às pacientes que “estão realmente ansiosas” medicamentos orais que possam ajudar no controle da ansiedade, mas apenas se há algum acompanhante.
—Também atendemos pacientes que realmente se sentem desconfortáveis com a ideia, ou com a dor, ou que têm histórico de trauma e não querem um procedimento clínico. Podemos oferecer a elas um procedimento com sedação moderada na sala de cirurgia — diz.
Você realiza inserções de DIU regularmente?
Rodriguez defende que as mulheres devem se sentir empoderadas para perguntar ao médico se é algo que faze regularmente:
—Pela minha experiência, se você vir um profissional que já colocou muitos DIUs, o processo tende a ser mais rápido e suave.
Consigo facilmente fazer a remoção?
Pode ser útil avaliar a disponibilidade para a remoção do DIU,seja por não se adaptar ou por querer engravidar. Pesquisas mostram que a maioria das mulheres que usa está satisfeita um ano depois, mas pode ser “frustrante não ter acesso à remoção”, diz Sonalkar.
Fonte: O Globo Online