O levantamento foi divulgado no mesmo dia que o Brasil registrou 917 novas mortes por covid-19, com média móvel de 689 óbitos, a pior marca desde 26 de agosto. E ontem o País teve novo recorde de casos: 286.050 contaminações.
O cenário alarmante é refletido pela Nota Técnica, que mostra que 13 das 25 capitais com taxas divulgadas têm 80% ou mais de vagas para a doença ocupadas. No período de 24 a 31 de janeiro, 13 Estados apresentaram aumento superior a cinco pontos nos porcentuais de ocupação. O crescimento nos indicadores continua a exigir bastante atenção e monitoramento contínuo, diz o texto.
“Insistimos que é fundamental empreender esforços para avançar na vacinação, incluindose a exigência do passaporte vacinal”, diz o documento do Observatório Covid-19 Fiocruz.
“É também fundamental controlar a disseminação da covid-19, com maior rigor na obrigatoriedade de uso de máscaras em locais públicos, e campanhas para orientar a população sobre o autoisolamento ao apresentar sintomas, evitando a transmissão.” Para os pesquisadores da Fiocruz, as taxas de ocupação em Estados e capitais parece indicar a interiorização da pandemia pela variante Ômicron.
As taxas dos Estados ainda crescem significativamente. Algumas capitais, porém, já apresentam mais estabilidade ou mesmo queda.
“Muitos especialistas e trabalhadores de saúde fizeram esse alerta há semanas. No entanto, pouco ou nada foi feito para mitigar os efeitos da forte transmissão comunitária viral que observamos. É tarde para reverter o grande número de internados. Outro número que tende a aumentar um pouco mais é o de mortes”, explica Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz/Amazônia.
O especialista lembra que a internação em leito de UTI é um sinal tardio da circulação viral e que esse aumento no fim de janeiro era esperado, ainda mais depois da forte transmissão comunitária da Ômicron, sobretudo nas últimas semanas, bem como do grande percentual de não vacinados ou com esquema incompleto.
“Infelizmente, muitas lições deixaram de ser incorporadas e alguns erros foram repetidos na virada de 2021 para 2022, impulsionados pela falsa suposição de que vacina sozinha faz milagre ou que a Ômicron não poderia sobrecarregar a rede hospitalar e matar às centenas como temos visto nos últimos dias no País”, diz.
OUTRO CENÁRIO
A Nota Técnica da Fiocruz destaca, porém, que o cenário atual não é igual ao de março a junho de 2021, fase mais crítica da pandemia.
O texto ressalta também que, apesar do acréscimo de leitos observados nas últimas semanas, a disponibilidade é bem menor. O documento lembra ainda que as coberturas vacinais são baixas em diversas áreas do País.
“Os Estados do Piauí (87%), Rio Grande do Norte (86%), Pernambuco (88%), Espírito Santo (83%), Mato Grosso do Sul (103%), Goiás (91%) e o Distrito Federal (97%) mantiveramse na zona de alerta crítico, onde também entraram o Amazonas (80%) e Mato Grosso (91%)”, diz a nota.
“Houve aumentos nas taxas (de ocupação de leitos) do Amazonas (75% para 80%), Piauí (82% para 87%), Paraíba (28% para 41%), Pernambuco (81% para 88%), Alagoas (53% para 69%), Bahia (67% para 74%), Minas Gerais (28% para 37%), São Paulo (66 para 72%), Paraná (61% para 72%), Santa Catarina (53% para 76%), Mato Grosso do Sul (80% para 103%), Mato Grosso (78% para 86%) e Goiás (82% para 91%)”, afirma a Nota Técnica.
As 13 capitais na zona de alerta crítico são: Manaus (80%), Macapá (82%), Teresina (83%), Fortaleza (80%), Natal ( 89%), Maceió (81%), Belo Horizonte (86%), Vitória (80%), Rio de Janeiro (95%), Campo Grande (109%), Cuiabá (92%), Goiânia (91%) e Brasília (97%). O Observatório explica que não teve acesso aos números de leitos disponíveis na Paraíba e em São Paulo.
Fonte: O Estado de S.Paulo