Estados brasileiros começaram a racionar a aplicação da vacina BCG, de tuberculose, para evitar desabastecimento nos próximos meses. A crise foi causada depois da interdição, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da única fábrica autorizada a produzir o imunizante no país. As instalações pertencem à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), localizada no Rio de Janeiro.
O Ministério da Saúde enviou uma circular aos estados informando que diminuiria — de 1 milhão para 500 mil —o número de doses enviadas mensalmente devido à dificuldade de compra e à baixa disponibilidade nos estoques nacionais. O problema deve durar pelo menos sete meses.
Enquanto a questão não é solucionada, a pasta orientou os estados a “otimizarem e fazerem uso racional desta vacina” até que “a situação do estoque nacional da vacina BCG seja regularizada”.
A vacina BCG é uma das primeiras a serem aplicadas nas crianças após o nascimento. Ela protege contra a tuberculose e pode ser dada até os 4 anos. A aplicação precoce do imunizante, imediatamente após o nascimento, é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Idealmente, o imunobiológico deveria ser ofertado ao bebê ainda na maternidade.
Na última semana, a secretaria estadual de Saúde(SES) do Espírito Santo afirmou que, no mês de maio, recebeu doses a 40% menos que o número previsto. Com base nas orientações do Ministério da Saúde para o racionamento, o estado definiu várias medidas aos municípios, como a oferta da vacina nas maternidades em dias alternados e a aplicação em unidades de saúde com agendamento.
No Amapá, a Superintendência de Vigilância em Saúde do estado deu início, nesta semana, a uma campanha que passará por diversas cidades para ampliar a cobertura vacinal de crianças. Em comunicado, no entanto, o governo destaca que serão oferecidos todos os imunizantes do calendário infantil, “exceto pela BCG. por conta do racionamento desse imunizante a nível nacional”.
Em Manaus, capital do Amazonas, a prefeitura publicou uma nota. na segunda-feira, informando que passará a centralizar a aplicação da BCG em apenas quatro unidades de saúde, em dias e horários específicos.
Em Cuiabá, capital do Mato Grosso, também foi necessário alterar as regras da aplicação devido ao racionamento a partir desta semana. Em nota, a secretaria municipal de Saúde afirmou que a vacinação ocorre em 11 unidades básicas, em dias alternados.
No Rio de Janeiro, nesta semana, o RJ1, da TV Globo, registrou escassez de doses da BCG em alguns postos de saúde. A secretaria municipal disse ao programa que recebeu apenas 20 mil doses na semana passada, número insuficiente a população-alvo.
No fim de maio, entidades médicas e científicas brasileiras alertaram, em uma carta enviada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), para a faltada vacina no país e sinalizaram a baixa cobertura vacinai do imunizante: apenas 41,3% em 2022, segundo dados do DataSUS.
Fonte: O Globo