A quimioterapia é um tratamento que ataca as células tumorais por meio do uso de medicamentos. Ela pode ser feita de diversas formas, como a partir da aplicação intravenosa, subcutânea (abaixo da pele), intramuscular (no músculo) ou por via oral (pela boca).
A princesa Kate Middleton revelou nesta sexta-feira (22) ter câncer e disse que está se submetendo a sessões preventivas de quimioterapia. O comunicado NÃO detalha qual o tipo de câncer que ela sofre.
O modo de aplicação da quimioterapia dependerá do tipo de câncer, da extensão do dano causado pelos tumores e das particularidades de cada paciente e de cada “droga”.
Enquanto a radioterapia (uso de radiação ionizante para atacar as células tumorais) atua em áreas mais focadas, a quimioterapia passa por todo o corpo ao atingir a corrente sanguínea (entenda mais abaixo).
O que é quimioterapia “preventiva”?
Rachel Riechelmann, head da Oncologia Clínica e liderança do Centro de Referência em Tumores Colorretais do A.C.Camargo, explica que, na verdade, a prática é tecnicamente chamada de “quimioterapia adjuvante”, que consiste em um tratamento administrado após ou, em alguns casos, até antes da cirurgia em tumores localizados, ou seja, aqueles que não apresentam metástase (quando as células cancerígenas podem se soltar do tumor principal e se espalhar pelo corpo).
“O objetivo da quimioterapia adjuvante é eliminar as células malignas que podem ter sido liberadas pelo tumor para outros órgãos, mesmo que não sejam detectadas por exames de imagem ou de sangue”, explica a médica.
“Essas células, chamadas de micrometástases, são combatidas pela quimioterapia adjuvante para aumentar as chances de cura, especialmente em casos onde há um maior risco de recorrência após a cirurgia, como quando os linfonodos ao redor do tumor já estão comprometidos”.
Quando ela é indicada?
Ainda segundo Riechelmann, a quimioterapia adjuvante costuma ser recomendada em casos em que os tumores têm um risco aumentado de recorrência após a cirurgia, especialmente quando os linfonodos próximos ao tumor estão comprometidos.
Após a cirurgia, o patologista avalia o tumor removido e os linfonodos afetados. Se os linfonodos estiverem comprometidos pelo tumor, o risco de recorrência é maior, justificando o uso da quimioterapia adjuvante para aumentar as chances de cura.
Essa abordagem é comum em diversos tipos de câncer, como câncer colorretal, de ovário, de mama, de pulmão, de bexiga, de estômago e de pâncreas.
Quimioterapia tem cor?
A “cor” da quimioterapia está associada ao tipo de medicação utilizada:
A vermelha é formada por uma classe de medicamentos chamada antraciclinas, que apresentam tons avermelhados. É uma das mais utilizada para o tratamento do câncer de mama e está associada a queda de cabelo, náuseas e vômitos.
A branca é formada por diversas classes de medicamentos que não apresentam nenhuma cor, como ciclofosfamida, taxanos, gencitabina e vinorelbina.
A única diferença entre a quimioterapia vermelha e a branca é a forma de administração. Enquanto a vermelha é administrada exclusivamente de forma endovenosa, a branca pode ser endovenosa, intramuscular, subcutânea ou intratecal.
O que determina se um é “mais forte” que o outro não é a cor, mas a dosagem, a combinação dos medicamentos e o protocolo para cada tipo de tumor.
Existem quimioterápicos que apresentam outras cores, como é o caso do metotrexato, de coloração amarela, e da mitoxantrona, de coloração azul.
Qual o tempo de tratamento da quimio?
A quimioterapia é realizada em um período entre quatro a seis meses, com sessões a cada 21 dias.
Quais são os efeitos colaterais da quimio?
Os mais comuns são, segundo o São Carlos Oncologia:
- queda de cabelo;
- fraqueza;
- mal estar;
- falta de apetite;
- emagrecimento;
- náuseas ou vômitos;
- diarreia ou prisão de ventre.
De acordo com os protocolos da quimioterapia, o paciente recebe, juntamente com o medicamento contra o câncer, outros que são usados para controlar náuseas, vômitos e outros efeios colateriais.
Riechelmann explica ainda que os efeitos colaterais estão diretamente relacionados ao tipo de quimioterapia prescrita, uma vez que os tratamentos variam conforme o tipo de tumor. Portanto, é complexo identificar um efeito colateral geral, embora a fadiga seja comum.
“A perda de cabelo não é garantida em todos os casos. A variedade de medicamentos usados em quimioterapia torna difícil generalizar os efeitos colaterais, pois cada droga pode provocar reações distintas. Além disso, existem diversos regimes terapêuticos dentro de cada tipo de tumor, o que amplia as opções terapêuticas disponíveis”.
— Rachel Riechelmann, head da Oncologia Clínica e liderança do Centro de Referência em Tumores Colorretais do A.C.Camargo.
Fonte: G1