Dormir bem pode reduzir risco de derrame e doenças cardiovasculares, diz estudo

Descoberta foi publicada na terça-feira (23) no JAMA Network Open e reforça achados anteriores sobre a relação entre saúde cardiovascular e sono

O que diz a mídia

Um novo estudo aponta que adultos na meia-idade e idosos que dormem bem têm menos chances de desenvolverem doenças cardiovasculares e de terem um derrame, em comparação com quem não mantém uma boa qualidade de sono. As descobertas foram publicadas na terça-feira (23) na revista científica JAMA Network Open.

Para realizar o estudo, os pesquisadores usaram dados coletados entre 2008 e 2019 da coorte Dongfeng-Tongji, um estudo prospectivo em andamento em Shiyan, na China. Para o recorte atual, a equipe analisou 15.306 pessoas com idade média de 66 anos, sendo 58% do sexo feminino e 42% do sexo masculino. De acordo com os autores, cerca de 35,8% dos participantes tinham padrões de sono desfavoráveis, enquanto 25,8% mantinham uma boa qualidade de sono.

Os pesquisadores encontraram 3.669 casos documentados de doenças cardiovasculares, incluindo 2.986 casos de doença coronária e 683 casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral), durante um período médio de acompanhamento de quase 5 anos.

O padrão do sono foi classificado como favorável ou desfavorável de acordo com informações fornecidas pelos participantes da coorte, incluindo hora de dormir, duração e qualidade do sono, e cochilo do meio-dia. Também foram medidas pontuações de risco poligênico [interação de múltiplos genes e fatores ambientais] para doença coronariana e AVC.

Entre os participantes, estavam inclusas pessoas com informações completas sobre sono na pesquisa de base de 2008 a 2010 e na primeira pesquisa de acompanhamento em 2013. Pessoas que não tinham histórico de doença cardiovascular ou câncer foram avaliados prospectivamente de 2013 a 2018. Para a pesquisa atual, os pesquisadores realizaram a análise em novembro de 2023.

De acordo com o estudo, as pessoas que tinham um padrão de sono favorável, ou seja, uma boa qualidade de sono, tinham um risco significativamente menor de desenvolver novas doenças cardiovasculares, doenças coronárias e AVC durante o período de acompanhamento, em comparação com quem apresentava um padrão de sono persistentemente desfavorável. Os pesquisadores disseram que o risco genético para doenças cardiovasculares não influenciou nos resultados do estudo.

Relação entre sono e doenças cardiovasculares

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado uma relação entre qualidade do sono e saúde cardiovascular. Um estudo europeu feito com 9.309 participantes, por exemplo, indicou que padrões de sono saudáveis durante um período de 2 a 5 anos estavam associados a um menor risco de doenças cardiovasculares e doenças coronárias, mas não de AVC.

No entanto, os pesquisadores observaram que esse estudo avaliou pessoas na meia-idade que ajustavam seus padrões de sono em função dos horários de trabalho, e não de maneira natural. Além disso, eles apontam que a maioria dos estudos já existentes sobre o tema coletaram os dados apenas uma única vez, o que pode não refletir adequadamente a relação entre sono e doenças cardiovasculares, uma vez que hábitos de sono podem mudar ao longo do tempo.

“Para preencher a lacuna de evidências, coletamos informações sobre o sono em dois momentos com aproximadamente cinco anos de intervalo e exploramos prospectivamente os resultados de longo prazo das mudanças nos padrões de sono na incidência subsequente de resultados [de doenças cardiovasculares] entre aposentados chineses de meia-idade e mais velhos”, escreveram os autores do estudo.

“Investigamos ainda como as mudanças de cinco anos nos padrões de sono interagem e se combinam com variantes genéticas relacionadas a [doenças cardiovasculares] para o risco de desfecho [de doenças cardiovasculares]”.

Os autores do estudo recente observam que mais pesquisas são necessárias para investigar e confirmar a relação entre qualidade do sono e riscos cardiovasculares em pessoas mais velhas com padrões de sono naturais. Os pesquisadores também ressaltam que outros fatores, como um estilo de vida saudável e genética, também estão associados a uma melhor saúde cardiovascular.

Fonte: CNN Brasil