A Associação Brasileira de Medicina Diagnostica (Abramed) divulgou um levantamento que aponta aumento de 790% nos casos de Covid-19 na rede particular brasileira entre as semanas de 24 a 30 de abril e 29 de maio a 4 de junho.
De acordo com o estudo, os novos diagnósticos saltaram de 5,6 mil no primeiro período para 50,5 mil na primeira semana de junho.
Com o avanço dos casos, o número de testes também aumentou, passou de 102,4 mil na semana entre 22 a 18 de maio para 143,2 mil entre 29 de maio e 4 de junho.
A taxa de positividade desses testes oscilou pouco entre o final de maio e o começo de junho, com um ligeiro aumento de 34,4% para 35,3%. Essa diferença, contudo, é mais acentuada quando se compara ao começo de maio, época em que o índice de testes positivos era de menos de 15%.
A Abramed têm acesso a dados de laboratórios diagnósticos que processam cerca de 65% do volume de exames no país. As taxas correspondem ao cenário brasileiro como um todo.
Com o aumento de casos, vale dizer, é esperado que as internações também tenham uma alta gradual. No Hospital Albert Einstein em São Paulo, por exemplo, o número de internados em um mês passou de 13 para 72, um aumento de 454%.
No Hospital Sírio-Libanês, também em São Paulo, por outro lado, o aumento foi sentido por meio de movimentações no funcionamento do atendimento dos pacientes. Diante da alta de pessoas necessitando de internação, alas especificas para Covid-19 foram criadas, algo que não se via por ali desde abril deste ano.
NOVAS CEPAS
Outra análise, do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), mostrou que a proporção de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron passou de 10.4% para 44% em quatro semanas no país, um reflexo da rápida disseminação do vírus.
O Instituto analisou 123.829 testes de RT PCR feitos nos laboratórios Dasa e DB Molecular de 1º de março a 4 de junho, quando o índice de positividade estava em 38,9%. Os dados são de todo o país, mas mostram predominância das subvariantes no Rio e em São Paulo.
“O aumento em pouco tempo mostra que essas variantes são mais transmissíveis, porque são capazes de superar a variante que então predominava, no caso a Omicron BA.2. O fato inédito é que as variantes BA.4 e BA.5 são derivadas da BA.2, e essa é a primeira vez que está acontecendo isso na pandemia: uma VOC (variante de preocupação) derivada de uma VOC antecessora causando uma nova onda. Até então isso não havia acontecido. As ondas anteriores foram causadas por VOCs que não se originaram das anteriores”, escreveu José Eduardo Levi, virologista da rede Dasa.
De acordo com o instituto, foi visto nas últimas semanas que a prevalência de casos prováveis das subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron vem aumentando de forma rápida, fato que explica o recente e forte aumento na positividade de testes. A análise aponta que existem casos prováveis da BA.4 e BA.5 em pelo menos 118 municípios de 12 estados, além do Distrito Federal.
“Nesta semana, provavelmente, estamos diante do pico de transmissão de BA.4 e BA.5, enquanto a BA.2 segue em declínio. Ao longo de junho e julho, devemos observar quedas de positividade e de casos, e os impactos da BA.4 e BA.5 à saúde pública tendem a ser inferiores à onda da BA.1. O aumento no número de casos de Covid-19, no entanto, acende um alerta aos mais vulneráveis. como idosos, imunossuprimidos e não vacinados. As próximas semanas são cruciais para ampliar a cobertura vacinai contra a Covid-19 e a gripe”, alertou o instituto.
Segundo o ITpS, o avanço das subvariantes no país começou em meados de maio. Elas foram responsáveis pela última onda da doença na África do Sul, que durou cerca de oito semanas.
Fonte: O Globo