Nesta semana, chega ao mercado uma nova categoria de medicamento para tratar o diabetes tipo 2. A droga semaglutida, em pílulas, que imita o hormônio natural GLP-1, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020, mas só ficou disponível nos últimos dias. Isso porque a pandemia atrasou os trâmites de logística e precificação no produto país.
Com o lançamento sob o nome de Rybelsus, a semaglutida passa a ter uma segunda versão, de mais fácil uso, mas propriedades semelhantes ao medicamento aplicado por injeções. Seus desenvolvedores acreditam que, ao retirar a necessidade do uso de agulhas, a adesão ao tratamento aumentará.
— O grande ganho é ter uma opção para pacientes com quadros descontrolados de diabetes em versão oral. A maioria das pessoas diagnosticada com a doença utiliza medicamentos que não são injetáveis, mas seguem necessitando de um fármaco com mais potência, mais eficácia no uso — diz Mariana Arruda, gerente médica da fabricante Novo Nordisk.
No Brasil, estima-se que o diabetes atinja 8,2% da população. O de tipo 2 normalmente é atrelado ao sobrepeso, além de hábitos de vida pouco saudáveis relacionados à má alimentação.
A semaglutida é um peptídeo que tem um funcionamento complexo no organismo, explica a endocrinologista Joana Dantas, vice-presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Diabetes. Segundo a especialista, o medicamento otimiza a produção de insulina no sangue, mas também reduz o as movimentações no estômago (ligadas à digestão) e induz a sensação de saciedade.
— A semaglutida subcutânea (aquela utilizada por meio de injeções) já foi um avanço, porque reduz bastante a hemoglobina glicada — diz ela, em relação ao exame que analisa o índice glicêmico dos pacientes. — O mais interessante dessa classe de medicamentos é que ela diminui os riscos de eventos de ordem cardiovascular (em pacientes diabéticos) que também passaram por infarto ou AVC.
A grande questão,em relação ao medicamento, até aqui, era justamente seu uso por meio de injeções semanais. Forma de aplicação da qual, de acordo com a especialista, cerca de 30% dos pacientes recusavam, por desconforto. De acordo com a médica, o fármaco apenas indica um efeito adverso: em alguns casos, náuseas e quadros de vômito.
Desde que chegou ao país, a versão injetável do medicamento passou a ser utilizada em laboratórios médicos como aliada na redução de peso. Outro peptídeo alçado para o mesmo uso foi a liraglutida, da mesma classe de GLP-1. O uso da semaglutida como emagrecedor, contudo, não figura como uma prática descrita na bula do medicamento. Trata-se do chamado uso “off-label”, que deve ser prescrito por um médico.
Fonte: O Globo