Avanço de casos e mortes por meningite acende alerta no Estado de São Paulo

A décima morte por meningite confirmada na terça-feira, na capital, e o aumento de casos em cidades do interior paulista acenderam o sinal de alerta.

O que diz a mídia

A décima morte por meningite confirmada na terça-feira, na capital, e o aumento de casos em cidades do interior paulista acenderam o sinal de alerta.

Especialistas avaliam que a queda na cobertura vacinal durante a pandemia de covid-19 deixou o Estado mais vulnerável à transmissão da meningite.

Eles acreditam que o cenário pode se agravar e recomendam rigor no bloqueio dos casos para evitar o risco de uma epidemia.

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença, que pode ser causada por vírus e bactérias, é grave e tem transmissão respiratória.
Entre os sintomas mais comuns estão dores de cabeça e na nuca, febre, vômito, confusão mental e manchas na pele.

Durante a pandemia, as medidas de prevenção contra a covid19 derrubaram os casos, mas agora, com a maior circulação das pessoas, a doença está de volta.

Na capital, o óbito desta semana foi de um rapaz de 22 anos que residia na zona norte, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Uma jovem de 20 anos moradora da zona sul também adoeceu – os dois casos foram de doença meningocócica. Conforme a pasta, só após o resultado da análise laboratorial, que deve sair em até cinco dias, será possível saber o tipo de bactéria e se os dois casos são do mesmo sorogrupo.

Ainda segundo a SMS, os casos são isolados e não caracterizam novos surtos, não tendo relação com o surto localizado, no momento, nos distritos da Vila Formosa e de Aricanduva, onde foram registrados cinco casos de meningocócica do tipo C, no período de 16 de julho a 15 de setembro, com um óbito. A pasta considera surto quando há ocorrência de três ou mais casos do mesmo tipo em um período de 90 dias na mesma localidade.

Com os novos casos, a capital soma 58 registros confirmados de meningite meningocócica desde o início deste ano. De janeiro a setembro de 2019, período anterior à pandemia, foram 158 casos, ou seja, houve uma redução de 68% no âmbito geral. O número de óbitos também é inferior, segundo a pasta: foram 10 neste ano, ante 28 entre janeiro e setembro de 2019.

A secretaria prevê a vacinação de adultos apenas em situações excepcionais, como a do surto que acontece nas regiões de Vila Formosa e Aricanduva.

A exceção são os profissionais de saúde que podem ser vacinados mediante comprovante de vínculo empregatício em serviço de saúde do Município de São Paulo ou comprovante da profissão, como certificado e diploma.

OUTRAS CIDADES

No interior de São Paulo, já são dezenas de cidades com casos. Em Marília, no centro-oeste, aconteceram quatro mortes pela doença este ano. O último óbito aconteceu em julho.

Ontem, um bebê estava internado no Hospital Unimed, em Sorocaba, com diagnóstico de meningite bacteriana. A família usou as redes sociais para pedir orações. Conforme a prefeitura, a cidade já teve 39 casos e 5 mortes este ano. Houve três ações isoladas de bloqueio de contato.

Em Jundiaí, as visitas aos presos do Pavilhão VII do Centro de Detenção Provisória (CDP) estão suspensas neste próximo fim de semana por um caso de meningite bacteriana que acometeu um detento.
Conforme a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), o paciente está em tratamento médico e todas as medidas de monitoramento e desinfecção foram tomadas.

Na região norte, ao menos seis cidades já registraram casos de meningite este ano. Araraquara (6 casos), Leme (6), Pirassununga (5), Porto Ferreira (3) e Nova Europa (1) tiveram casos bacterianos. Em Araras, os seis casos confirmados são do tipo viral.

OUTROS ESTADOS

Outros Estados também convivem com aumento nos casos de meningite. Na Bahia, já foram registrados 105 casos e 43 mortes pela doença. O número de óbitos é 50% maior que as 21 mortes do ano passado.

No Espírito Santo, foram confirmados 158 casos e 41 mortes por meningite de várias tipologias. No ano passado haviam sido apenas 83 casos e 19 óbitos. A pasta estadual de Saúde atribui o crescimento à queda na taxa de vacinação.

No Rio de Janeiro, foram registrados 28 casos até o fim de agosto e sete pessoas morreram com meningite meningocócica.

Há risco de se agravar o cenário, pois apenas 60% dos bebês estão vacinados.
Em Minas, o número de casos e mortes este ano já supera o de todo o ano passado. Em 2021, foram 459 casos e 51 óbitos no ano inteiro, enquanto este ano, de janeiro a setembro, são 468 casos e 71 mortes.

Em Pernambuco, já são oito casos confirmados de doença meningocócica este ano, mas sem mortes. Até agora, apenas 52% das crianças com até 1 ano foram imunizadas.
O Ministério da Saúde informou que, em 2022, até 30 de setembro, foram registrados 5.821 casos e 702 óbitos por meningites de diversas etiologias.

“A vacinação é considerada a forma mais eficaz na prevenção da meningite bacteriana, sendo as vacinas específicas para determinados agentes etiológicos”, disse. Segundo a pasta, é mantida a vacinação dos grupos prioritários, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Em São Paulo, por exemplo, continua em vigor na capital e no interior de São Paulo o calendário vacinal de rotina, com aplicação do imunizante contra a meningite meningocócica C em bebês de 3, 5 e 12 meses. Já o de meningite ACWY é aplicado na faixa etária de 11 a 14 anos, de forma excepcional, até junho de 2023, conforme definição do PNI.

Fonte: O Estado de S.Paulo