Andar pelo menos 20 minutos todo dia ajuda na criatividade

Atividade é mais estimulante quando se percorre lugares desconhecidos

O que diz a mídia

No século XXI, andar por aí começou a ser visto como algo positivo. Questionado sobre os benefícios de vagar sem rumo, o neurocientista Bruno Ribeiro, professor do Departamento de Anatomia Humana e Psicobiologia da Universidade de Múrcia, na Espanha, lista as boas razões que temos para andar por 20 a 30 minutos todos os dias.

— A caminhada tem dois aspectos, quando você a faz por lugares familiares e quando você passa por lugares novos. Se você caminhar por lugares que já conhece, os primeiros efeitos positivos são os da ativação cardiovas- cular: quem mexe as pernas, mexe o coração—diz.

Ribeiro explica que se for feito conscientemente “estando aqui e agora”, a caminhada torna-se um ato meditativo:

—Para isso, você tem que se abstrair dos pensamentos do passado e do futuro e se concentrar no presente. É muito difícil, mas se conseguir a caminhada terá todos os benefícios de uma meditação.

Ainda mais coisas acontecem no cérebro quando caminhamos por lugares desconhecidos, segundo Ribeiro, como a liberação de dopamina, um neurotransmissor que marca a novidade no cérebro e serve para identificar o perigo ou para prestar atenção. Uma boa produção diária de dopamina aumentará outro neurotransmissor, a serotonina, responsável pelo humor. A caminhada ajuda a manter ambos os neurotransmissores em níveis elevados.

Vários ensaios clínicos e experimentos mostraram que a divagaçào mental de quem caminha estimula a criatividade. A explicação é que, como não é necessário nenhum esforço consciente para caminhar, a atenção é liberada, ela se abre para novas imagens e associações. É precisamente o estado perfeito para inovar.

Isso foi verificado por pesquisadores da Universidade e Stanford, nos Estados Unidos, em uma série de estudos em que mediram como caminhar mudava os níveis de criatividade. Nos experimentos, 176 alunos tiveram que completar tarefas de pensamento criativo enquanto estavam sentados, andando em uma esteira ou pelo campus. Em um dos testes, eles tiveram que encontrar usos atípicos para objetos do cotidiano, como um pneu. Os cientistas observaram que, quando os alunos caminhavam, descobriram até seis vezes mais usos para esses objetos do que quando faziam o teste sentados.

Fontes: O Globo/Karelia Vázquez.