Além de dengue e oropouche: quais doenças são transmitidas por mosquitos?

As arboviroses, como são chamadas doenças transmitidas por mosquitos, são comuns no Brasil; veja as principais e como se proteger

O que diz a mídia

O Brasil enfrenta, atualmente, uma epidemia de dengue — já são mais de 1 milhão de casos prováveis registrados e mais de 250 mortes confirmadas pela doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ao mesmo tempo, a febre oropouche, também transmitida por um mosquito (o Culicoides paraensis, conhecido como maruim), levou o Amazonas a emitir um alerta epidemiológico, com mais de mil casos confirmados.

Porém, além de dengue e febre oropouche, o Brasil já enfrentou outras epidemias de doenças transmitidas por mosquitos. São as chamadas “arboviroses”, doenças causadas por vírus que são transmitidos pela picada desses insetos. Geralmente, para infectar uma pessoa, os mosquitos precisam picar alguém que já está contaminado antes.

Veja, a seguir, quais são as doenças transmitidas por mosquito mais comuns no Brasil, seus sintomas e como preveni-las.

Chikunguya e Zika

chikunguya e zika, assim como a dengue, são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Apesar dessa semelhança, possuem algumas características distintas, além de serem causadas por vírus diferentes.

No caso da chikunguya, o vírus foi introduzido no continente americano em 2013, segundo o Ministério da Saúde, e o Brasil registrou os primeiros casos em 2014. Os sintomas incluem febre, dor intensa e inchaço nas articulações, dor nas costas, dor muscular, manchas vermelhas no corpo, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, náuseas e vômitos.

Já a zika é causada pelo zika vírus e pode causar sintomas como febre baixa, conjuntivite, dor de cabeça e manchas vermelhas na pele. Seu principal diferencial é que não causa febre alta, como na dengue, e nem leva ao inchaço nas articulações, como na chikungunya. O tratamento de todas essas arboviroses é baseado na hidratação, repouso e remédios para aliviar os sintomas.

Febre amarela

A febre amarela também é uma virose transmitida por mosquitos, os Haemagogus e Sabethes (no ciclo silvestre) e pelo Aedes aegypti (no ciclo urbano). Porém, de acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil o ciclo predominante é o silvestre e o último caso de febre amarela urbana foi registrado em 1942.

No ciclo silvestre, os primatas não humanos são os principais hospedeiros do vírus e também são infectados pela doença. Os humanos acabam sendo hospedeiros secundários, quando o mosquito pica um primata ou outro humano contaminado e transmite o vírus para outra pessoa, através da picada também. Por isso, é equivocado dizer que a febre amarela é causada por macacos.

Entre os principais sintomas de febre amarela estão a febre alta, icterícia (pele amarelada) e, em casos graves, hemorragia, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem a doença podem sofrer complicações que levam ao óbito. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica a partir dos primeiros sintomas. O tratamento é feito com repouso e remédios para reduzir os sintomas, além da internação em casos graves.

Malária

malária é uma doença causada por protozoários do gênero Plasmodium e é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, conhecido como mosquito-prego. No Brasil, a maioria dos casos se concentra na região amazônica, segundo o Ministério da Saúde, apesar de poder haver casos em outras regiões do país.

Os principais sintomas da malária incluem a febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Em casos mais graves, pode levar à alteração da consciência, hiperventilação, convulsões, hipotensão arterial (queda na pressão ao se levantar) e hemorragia. Os grupos de risco para quadros graves da doença são gestantes, crianças e pessoas infectadas pela primeira vez, já que não possuem anticorpos contra o protozoário.

O tratamento para malária costuma ser em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos de forma gratuita em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde). Os casos graves costumam incluir a hospitalização imediata do paciente.

Elefantíase

A elefantíase, ou filariose linfática, é uma doença causada pelo verme Wuchereria Bancrofti e transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com as larvas do parasita. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença está em fase de eliminação no Brasil, mas pode ser encontrada, ainda, em municípios da região metropolitana de Pernambuco, como Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista.

Após a picada do mosquito, as larvas migram para a região dos linfonodos (gânglios) e lá ficam até se desenvolverem para a fase adulta. Com isso, pode ocorrer a reprodução do parasita, que libera um grande número de microfilárias para a corrente sanguínea, propiciando a infecção de mosquitos que, eventualmente, picarem a pessoa infectada com as larvas.

Os sintomas de elefantíase estão relacionado a essa presença de vermes nos gânglios linfáticos, podendo causar acúmulo anormal de líquido nos membros (braços e pernas), seios e bolsa escrotal; aumento dos testículos, e crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios e bolsa escrotal.

Como prevenir essas doenças?

As formas de prevenção para cada uma dessas arboviroses passa por processos semelhantes ou iguais: eliminar criadouros dos mosquitos (como água parada em pneus, vasos e calhas) e manter caixas d’água limpas e tampadas, sempre que possível.

Além disso, usar telas mosqueteiras, roupas que protejam pernas e braços e uso de repelentes também passa pelas formas de prevenir doenças causadas por mosquitos.

Algumas dessas doenças possuem vacina, como é o caso da dengue, e da febre amarela. O Brasil é o primeiro país a oferecer um imunizante contra o vírus da dengue no sistema público de saúde, a QDenga, que pode ser aplicada em crianças a partir de 4 anos até adultos de 60 em duas doses.

A vacina contra febre amarela também está disponível para toda a população pelo SUS e é aplicada em esquema de dose única durante toda a vida, seguindo as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Ela pode ser aplicada com 10 dias de antecedência antes do deslocamento para áreas de risco.

Fonte: CNN Brasil