16 Estados relatam avanço de doenças respiratórias. E em bebês

Nas últimas quatro semanas, 16 Estados registraram aumento nos casos de doenças respiratórias graves em crianças, elevando a demanda por internações especialmente na faixa etária até 2 anos, segundo estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em alguns Estados, já faltam leitos em UTIs pediátricas

O que diz a mídia

Segundo o Ministério da Saúde, o aumento de casos de doenças respiratórias graves é sazonal e está relacionado às mudanças de temperatura do fim do outono. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) diz buscar com a pasta apoio aos Estados com superlotação de leitos.
O mais recente boletim InfoGripe, da Fiocruz, que monitora doenças respiratórias em todo o País, apontou sinais de crescimento de casos relacionados ao vírus sincicial respiratório em crianças na faixa até 2 anos em AC, AM, AL, AP, BA, CE, MA, MG, MT, PA, PE, PI, RN, RO, RR e SE. O próximo boletim, que será divulgado ainda nesta semana, deve incluir São Paulo na lista, diz o InfoGripe. O outono tem características que propiciam ambientes à transmissão de síndromes gripais e respiratórias, como variação de temperatura, tempo seco e poluição.
O Conass informou que vem alertando sobre o aumento de casos de doenças respiratórias infantis no País, o que pressiona a rede hospitalar. “O conselho passou a acompanhar a ocupação de leitos de UTI pediátricos e a realizar tratativas com o Ministério da Saúde em busca de ações que possam apoiar os Estados com superlotação”, disse, em nota. O órgão informou que o governo federal ofertou uma linha de financiamento para leitos de UTI pediátrica para Estados e municípios que decretarem emergência em saúde pública.
Procurado, o Ministério da Saúde disse que vem realizando uma série ações de apoio aos Estados. Conforme a pasta, após o Amapá ter declarado emergência em saúde pública, por exemplo, uma missão sanitária foi instalada no Estado. A pedido da Casa Civil, há também uma missão da Força Nacional de Segurança (FNS) no Acre, atendendo principalmente a questão dos refugiados, para a realização de diagnóstico situacional dos casos de doenças, sobretudo entre crianças.
POR ESTADOS. Na Bahia, a Secretaria da Saúde informou que a prevalência do vírus sincicial e influenza B entre os patógenos circulantes e a cobertura de vacinação muito abaixo dos porcentuais recomendados contribuem para a sobrecarga hospitalar – a lotação é quase total. No interior do Acre, três crianças morreram em maio em decorrência do agravamento de síndromes respiratórias e o Hospital da Criança, em Rio Branco, está com 90% de ocupação na UTI pediátrica. Em ambos os Estados, deverão ser abertos leitos.
O Amapá decretou situação de emergência de saúde pública após 10 crianças, com idade inferior a 6 anos, morrerem de síndrome gripal. Com rotação máxima dos leitos, a rede pública hospitalar infantil totaliza 162 internações, sendo 29 entubadas nas UTIs. A gestão também procura abrir leitos.
“Nenhuma das crianças que foram a óbito havia feito a vacinação contra a influenza”, afirmou a secretária de Saúde do Amapá, Silvana Vedovelli.
Até a primeira semana de maio, a cobertura vacinal infantil contra a gripe em todo o Estado era de apenas 16%. “Fiquei assustada, porque nunca tinha visto meu filho ficar tantos dias com febre e tosse seca.
Eu o trouxe direto para o hospital e ficamos aqui até ele receber alta”, diz Angélica Lima, de 30 anos, dona de casa e mãe de uma criança de 1 ano e 1 mês que não estava com a carteira de vacinação atualizada.
Em Santa Catarina, anteontem, dos 136 leitos de UTI pediátrica da rede pública, 119 estavam com pacientes, ocupação de 87,5%. Três das sete regiões do Estado estavam com 100% dos leitos lotados, ou seja, sem vaga disponível. Já em UTI neonatal, de 248 leitos, 228 estavam ocupados (98%).
O governo informou que foi iniciada a busca por leitos em sistemas privados. Já em Mato Grosso a Secretaria de Saúde cofinanciou 30 leitos de UTI pediátricos em hospitais particulares de Primavera do Leste, Nova Mutum e Rondonópolis.
E no Rio Grande do Sul o governo destinará R$ 10,1 milhões para 79 hospitais. As estratégias envolvem ampliar horários de atendimento, vacinação, equipamentos para UTIs pediátricas e telemedicina.
FILAS. Em Pernambuco, a fila de bebês e crianças à espera de leitos de UTI vem provocando uma onda de preocupação entre médicos. Na semana passada, a Secretaria de Saúde informou que duas crianças aguardavam vaga em UTI Clínica e outras 87 esperavam por um leito em UTI para problemas respiratórios.

Fonte: O Estado de S.Paulo