Presidente da APM participa de audiência pública do Senado

Qualidade na educação médica foi pauta do debate

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Na última quarta-feira, 8 de maio, o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, foi um dos convidados da audiência pública no Senado Federal que discorreu sobre a qualidade do ensino médico no Brasil. A participação de Gonçalves foi por meio de videoconferência e a reunião foi presidida pelo senador Marcos Pontes (PL).

Além de Gonçalves, também estiveram presentes César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira; Eliete Bouskela, presidente da Academia Nacional de Medicina; e Giovanne Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; entre outras autoridades em Saúde.

Pontes relembrou que é fundamental que a Medicina tenha uma distribuição homogênea no País e que seja capaz de fornecer atendimento de qualidade à população, destacando, ainda, que a audiência foi motivada pela necessidade de se discutir o grau de excelência que está sendo entregue nos cursos médicos vigentes no Brasil – que vem causando grande insatisfação para os profissionais da área.

“Todos aqui sabem da importância que é em termos confiança na capacidade dos profissionais que tratam de nós nos momentos mais difíceis de nossas vidas e de nossos familiares. Por este motivo, considero esta uma das audiências mais importantes que já fizemos”, relatou.

Apresentações

O debate foi dividido em quatro pautas, sendo elas a expansão dos cursos de Medicina no País, qualidade do ensino, a atuação interprofissional de competência médica, o impacto do Decreto 11.999/24 e a incorporação de tecnologias na Medicina.

Em sua apresentação, Antonio Gonçalves recordou que houve uma série de retrocessos consideráveis no exercício médico. “Eu sou professor universitário há mais de 40 anos na Santa Casa de São Paulo. Nós estamos junto aos alunos e residentes e sabemos que a qualidade vem decaindo, está havendo um retrocesso no ensino médico, já que o número de alunos aumentou de maneira desordenada e isso traz problemas na formação.”

Em relação ao decreto, o presidente da APM destacou que não faltam vagas de residência, mas sim, que há uma série delas que são ociosas – havendo a necessidade de entender o porquê de as vagas não estarem sendo preenchidas. Neste sentido, salientou que a residência é fundamental para a formação do médico, uma vez que torna o profissional diferenciado, completo e qualificado.

“O critério para aumentar o número de escolas médicas, lamentavelmente, é econômico e não técnico”, disse, ressaltando as alternativas para aperfeiçoar o ensino da Medicina. “O teste do progresso seria uma maneira para ver o aproveitamento do estudante no decorrer do curso, além de um teste de proficiência ao final da graduação, que pode ser o mesmo do Revalida. É melhor penalizar o aluno do que colocar um profissional incapacitado no mercado para atender a população.”

Para Gonçalves, a Carreira de Estado também é uma alternativa para distribuir os médicos pelo País, fornecendo investimento, condições e infraestrutura para exercerem a função. “Temos que valorizar o título de especialista e as sociedades de especialidades, já que este é o único grande critério em que ainda temos qualidade na formação. O índice de reprovação chega a até 60% em determinadas especialidades, o que demonstra a seriedade da avaliação. Temos que oferecer melhor qualidade de atendimento, mas para isso, antes os nossos médicos precisam ser melhor treinados”, completou.

Fotos: Reprodução audiência