Por enquanto, sem evidências…

Quem entre nós, médicos e leigos, no centro deste trágico desastre sanitário, não inclui em suas preces diárias a descoberta de medicamento ou vacina que nos afaste o sombrio prognóstico que encerra a evolução da COVID-19?

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Quem entre nós, médicos e leigos, no centro deste trágico desastre sanitário, não inclui em suas preces diárias a descoberta de medicamento ou vacina que nos afaste o sombrio prognóstico que encerra a evolução da COVID-19?

As tantas vacinas em desenvolvimento, que venham e sejam eficazes! Os tantos medicamentos ora testados, que seja algum deles capaz de deter a evolução dos assim infectados!

Seja cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, remdesivir, lopinavir-ritonavir, atazanavir, pirfenidona, carrimicina, bevacizumabe, bromexina, ribavirina, favipiravir, tocilizumab, baricitinibe, sarilumab, interferon alfa—2b, ivermectina, imunoglobulina, corticosteroides, inibidores de interleucina 6, heparina ou plasma de convalescentes (poupo o leitor de lista ainda mais longa)… Seja!

Entretanto, nossos votos para o sucesso destas intervenções não são suficientes para torná-las soluções, mas expectativas. Neste momento, são apenas expectativas. Não há nem vacina, nem medicação específica que hoje possa deter o curso desta virose.

Assim, será com tristeza que o reconheceremos e, buscando confortar, abster-nos-emos de alimentar em nossos pacientes esperanças precipitadas. Jamais deixaríamos nossas mãos ou palavras contrariarem a Ciência Médica.

Seremos solidários, oferecer-lhes-emos alívio e lhes daremos suporte para que possam vencer a doença, pois o que neste momento lhes temos a dar é compaixão. E honrar nosso compromisso com a Ética. Se não o fizermos, perderemos a confiança dos que nos entregam suas vidas e as de seus familiares.

Não é raro nos depararmos com pacientes iludidos por falsas esperanças, a nos suplicar milagres. O paciente tem autonomia para decidir sobre seu tratamento. Nós temos obrigação de esclarecê-los, mas a nos é também resguardada autonomia para decidirmos sobre a nossa conduta.

Assim, juramos com Hipócrates: “Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer nem remédio mortal nem um conselho que induza à perda”.

José Luiz Gomes do Amaral é presidente da Associação Paulista de Medicina